AUTOR: HÉLIO CERVELIN
Era um dia propício para uma estreia:
claro, sol brilhante, brisa fresca sacudindo as ramagens verdes. Cláudio está
tenso, ansioso. Afinal aquele dia era para ele muito especial. Há muito tempo
ansiava por este momento.
Quantas meninas ele já vira passar sem poderem dispor daquilo que hoje estava
ali, rija, ereta, suspensa no ar à espera de quem viesse? Perdera a conta.
Olhou para Marta, linda, vestindo um jeans azul listado e uma blusa de renda em
tom azul claro, sobre seu corpo esguio. Fitou-a com carinho. Hoje seria um dia
importante para os dois, mas principalmente para ele, mais afoito, mais
inquieto.
Beijou-lhe os lábios quentes e macios, afagando-lhe os cabelos longos e
cacheados.
- Será que serei o primeiro a passar por aqui? Perguntou.
- Não sei, pode ser – disse ela sem transparecer muita emoção.
- Você acha bobagem eu querer ser o primeiro? Retornou ele.
- Não, absolutamente – retrucou ela, resoluta. Afinal você já foi o primeiro
tantas vezes em tantas outras coisas... Eu considero importante a pessoa querer
estar na frente, chegar antes. Quando um atleta disputa uma competição o que é
que ele deseja? O primeiro lugar, naturalmente.
- É, mas... Isto aqui tem para mim, além de tudo, um sentido romântico, afirmou
Cláudio.
Olhou para o riacho de águas turvas que mal refletiam os raios do sol e suspirou.
- Bobinho! Disse ela. Você parece uma criança diante do primeiro brinquedo.
- Pudera! Depois de tanta espera... Afinal, esta batalha começou em 1982,
quando nos conhecemos. Vamos de uma vez, que eu não aguento mais!
- Nossa! Querido, quanta excitação!
Ele levantou-se de um salto, quase a
arrastando pela mão. E correram felizes em direção à passarela da Avenida Madre
Benvenuta, sobre a Avenida Beira-mar. Afinal, sua construção fora prometida
ainda em 1982, na campanha eleitoral, e Cláudio queria ser o primeiro a passar
por ela no momento de sua inauguração.
Hahahahah engraçadinho
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