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Autor: Hélio Cervelin |
Descaso, preguiça ou negligência?
Vejamos.
“Não to nem aí!”, “deixa pra lá!”;
“tudo bem!” são exclamações de uso constante na vida do brasileiro. Todos nós
sabemos (e fazemos parte disso) que para o “bom brasileiro” tanto faz “oito ou
oitenta”.
É comum surpreendermos colegas de escritório
usando uma tesoura para extrair grampos de papéis (quando não sacrificam as
próprias unhas), apesar de disporem do instrumento adequado a dois palmos do
seu nariz.
Frequentemente, vejo colegas dando
verdadeiros sopapos com o carimbo sobre a almofada, tudo isso só de
preguiça de ir ao almoxarifado e apanhar uma almofada nova.
Já presenciei situações em que um
colega que teve esgotada a bobina de sua calculadora, se aproximou de
outro e pediu-lhe uma emprestada. Diante da resposta negativa, observou
surpreso e ironicamente: - Mas não tens uma sobressalente?!
Usar a caneta para múltiplos fins
também faz parte da “criatividade nacional”: bater sobre a mesa, mordê-la,
coçar o ouvido, trocar datas de carimbos e máquinas (girando a chamada
margarida), enfim, até para escrever ela é usada. Mas, a essa altura, ela já
não funciona mais direito. Aí o brasileiro se irrita, chama-a de porcaria,
joga-a no lixo e apanha outra, que servirá para os mesmos usos.
Tudo no brasileiro é precário, até
sua ideologia. Dizem as más línguas que certa vez um deles foi abordado com a
seguinte oferta: ganharia um automóvel zero quilômetro se trocasse sua
coloração ideológica, renegando todas as suas convicções pelas quais lutou e
combateu até hoje e assumindo exatamente o oposto. Afirma-se que ele aceitou
imediatamente.
Poderíamos enumerar infinitos itens
que demonstram essa peculiaridade verde-amarela. Quando vai ao banheiro é outro
drama: para começar, se tiver que pagar ele dá um “jeitinho” de isentar-se; uma
vez lá dentro, ele joga papel no chão, molha tudo o que pode, escreve “poemas”,
xinga a mãe de todo mundo, enfim, é aquele “escarcéu”.
No momento em que eu escrevia este
texto tive a impressão de que alguém me chamava. Levantei o olhar para tentar
identificar a origem do chamado, quando ouvi a seguinte frase: “Me abrace”.
"Me abrace"?! Foi isso que
vocês leram mesmo? Mas, era isso mesmo. E a colega continuou:
- Me abrace e pule comigo em cima
deste perfurador, porque sozinha eu não consigo perfurar este calhamaço de
papel.
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