quinta-feira, 15 de março de 2018

HERÓIS E COVARDES (Tributo a Marielle) Hélio Cervelin



Autor: Hélio Cervelin

Sou um covarde quando ignoro as injustiças
E baixo a cabeça perante a alta tirania
Quando aquiesço e permito a usurpação
Quando me adapto à mais completa hipocrisia

Sou um covarde ao sufocar meus ideais
E, sem compromissos, altero a minha direção
Quando evito me expor perante os outros
Impondo grave silêncio ao meu coração

Sou covarde quando me associo aos maus
E sento à mesa junto ao dissimulado
Quando me guio na cartilha do opressor
E, displicente, deixo o meu guia de lado

Sou covarde quando me deixo levar
Pelos impuros que dominam a sociedade
Sou um covarde ao tomar armas nas mãos
E massacro o meu irmão sem piedade

Sou um covarde quando vou à Casa Grande
E ante a afronta não perco a minha calma
Sou um covarde quando anulo o meu ser
E ao inimigo entrego a  minha alma

O que fazer diante de tanta iniquidade
Vendo os destroços de quem  sangrou até o fim?
Assistir aos assassinos celebrando suas vitórias
E apenas chorar a morte de quem sempre lutou por mim?

Valha-me Deus, eu preciso de coragem
Dê-me a força dos heróis de nossa história
Que eu possa lutar mesmo que o meu sangue derrame
E eu possa ver a honra sustentar minha memória


2 comentários:

  1. Amigo me sinto assim acovardada com tal crueldade que continua e nada podemos fazer. Me sinto injustiçada pela morte do meu filho e por muitos outros que se foram infustamente, com sua juventude a flor da pele com tantas coisas ainda inacabada.
    E assim a cada dia pue passa eu vejo mais jovens sendo destruídos sendo mascarada pela falta de caráter falta de amor .
    Meu coração esta sangrando...
    E nada pode fazer e continuo sem saber o que fazer com tanta injustiça...

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    1. Entendo o seu sofrimento, pois é também o meu sofrimento. Toda criança e todos os jovens são é nossos filhos, todo adulto sofrido é nosso irmão, toda violência nos afeta, todo amor nos acalma e completa.

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