"Se
comporte, menina!" "Fale direito!" "Não use palavrões!",
"sente direito", "seja recatada", "não ria nem fale
tão alto", "não ouse se expor, contrapor, indispor..." Muita coisa desde bem pequena!
Optar por não seguir alguns padrões significava ficar de lado. Indiferença ou rejeição.
Mas isso nunca foi o que mais doeu. Ficar de castigo, de joelhos, rezando não sei quantas ave-marias por ter falado merda, ou seja lá o quê, era o de menos...
Me doía não entenderem que o palavrão que tanto incomodava aos ouvidos que me criticavam, era apenas uma expressão oral, um fonema, um conceito escrito ou léxico.
Me incomodavam e me incomodam outras palavras que são muito mais duras: preconceito, racismo, homofobia, orgulho, desrespeito, ofensa, terror, desdém, hipocrisia, falsidade, deslealdade, traição, opressão, medo e violência.
Isso nem era uma questão restrita apenas ao ambiente familiar.
Minhas posições eram mais amplas, mais universais e diziam respeito ao meu entorno social e cultural.
Até hoje me dói mais a violência que atinge aos outros – principalmente aqueles que não ousam sequer mandar alguém se ferrar ou se foder como parte de uma reação instintiva. E se calam ou encolhem.
Fico maluca quando vejo discursos lindos de pessoas que passam ao largo dos pobres pretos - ou nem tanto, jogados nas calçadas pela história opressão social e econômica que lhe negou casa, educação, saúde e chances que não a de serem escravos.
Me incomodam os muros invisíveis de discriminação social, econômica cultural e étnica.
Me aterroriza a visão política e do sistema sobre a hegemonia do poder em detrimento da universalidade dos direitos e dos deveres.
Pobres devem obediência, produção e acatamento. Já os grandes usufruem dessa condição hegemônica sem ética e empatia. Porra!!! Isso é demais para minha cabeça!
Não consigo ver sem uma grande raiva essa hipócrita magnitude entre classes e castas dentro de um país lindo, miscigenado, musical e habilidoso. Por outro lado, fico muita puta da vida quando vejo que a justiça, que deveria exigir o cumprimento da lei, beneficia apenas aqueles que sempre detiveram o pátrio poder dos direitos e das vidas sobre quem se debruçam suas ordens. E aí tem gente que se preocupa com alguns palavrões ditos aqui ou acolá...
Mas nãos se incomodam com seu entorno, com a dor, a fome, o desemprego, a falta de segurança, a doença, a violência, a falta de casa e de prato cheio. Isso, sim, que é feio e indecente!
Isso, sim, que é uma sacanagem total! A omissão, quando se vira cara para o lado para não enxergar as feridas que produzimos quando acatamos o sistema sem questionar, sem discordar, sem criticar.
Optar por não seguir alguns padrões significava ficar de lado. Indiferença ou rejeição.
Mas isso nunca foi o que mais doeu. Ficar de castigo, de joelhos, rezando não sei quantas ave-marias por ter falado merda, ou seja lá o quê, era o de menos...
Me doía não entenderem que o palavrão que tanto incomodava aos ouvidos que me criticavam, era apenas uma expressão oral, um fonema, um conceito escrito ou léxico.
Me incomodavam e me incomodam outras palavras que são muito mais duras: preconceito, racismo, homofobia, orgulho, desrespeito, ofensa, terror, desdém, hipocrisia, falsidade, deslealdade, traição, opressão, medo e violência.
Isso nem era uma questão restrita apenas ao ambiente familiar.
Minhas posições eram mais amplas, mais universais e diziam respeito ao meu entorno social e cultural.
Até hoje me dói mais a violência que atinge aos outros – principalmente aqueles que não ousam sequer mandar alguém se ferrar ou se foder como parte de uma reação instintiva. E se calam ou encolhem.
Fico maluca quando vejo discursos lindos de pessoas que passam ao largo dos pobres pretos - ou nem tanto, jogados nas calçadas pela história opressão social e econômica que lhe negou casa, educação, saúde e chances que não a de serem escravos.
Me incomodam os muros invisíveis de discriminação social, econômica cultural e étnica.
Me aterroriza a visão política e do sistema sobre a hegemonia do poder em detrimento da universalidade dos direitos e dos deveres.
Pobres devem obediência, produção e acatamento. Já os grandes usufruem dessa condição hegemônica sem ética e empatia. Porra!!! Isso é demais para minha cabeça!
Não consigo ver sem uma grande raiva essa hipócrita magnitude entre classes e castas dentro de um país lindo, miscigenado, musical e habilidoso. Por outro lado, fico muita puta da vida quando vejo que a justiça, que deveria exigir o cumprimento da lei, beneficia apenas aqueles que sempre detiveram o pátrio poder dos direitos e das vidas sobre quem se debruçam suas ordens. E aí tem gente que se preocupa com alguns palavrões ditos aqui ou acolá...
Mas nãos se incomodam com seu entorno, com a dor, a fome, o desemprego, a falta de segurança, a doença, a violência, a falta de casa e de prato cheio. Isso, sim, que é feio e indecente!
Isso, sim, que é uma sacanagem total! A omissão, quando se vira cara para o lado para não enxergar as feridas que produzimos quando acatamos o sistema sem questionar, sem discordar, sem criticar.
Isso, sim, fede e ofende!
Como a merda toda que escorre na sarjeta dessa vida feita de tantos melindres.
Talvez por isso aquela menina que tentaram engessar num modelinho ideal nunca conseguiu se dobrar. Chorei a cada castigo, mas preservei meu dicionário de palavrões como forma de protesto.
Não consigo ver poesia, mesmo quando o belo do universo poderia abrandar minha angústia.
"A vida é bela" dizem alguns, e apontam mil coisas que deveriam ser ostentadas em detrimento de toda essa lama que jogamos debaixo do tapete.
Mas, e aqueles que pululam nesse mar de dor? Quem os enxerga? E com eles se solidarizam? Quem os defende? Quem luta para que sejam vistos não como palavrões e conceitos negativos nesse dicionário da paisagem humana?
Mostrar a cara, ir à luta, defender liberdade, justiça, equidade de direitos, vida digna para todos é a única alternativa.
Fazer poesia sem ver a dor e entrar nela é o mesmo que escrever com caneta sem tinta... não mostra nada.
Talvez por isso aquela menina que tentaram engessar num modelinho ideal nunca conseguiu se dobrar. Chorei a cada castigo, mas preservei meu dicionário de palavrões como forma de protesto.
Não consigo ver poesia, mesmo quando o belo do universo poderia abrandar minha angústia.
"A vida é bela" dizem alguns, e apontam mil coisas que deveriam ser ostentadas em detrimento de toda essa lama que jogamos debaixo do tapete.
Mas, e aqueles que pululam nesse mar de dor? Quem os enxerga? E com eles se solidarizam? Quem os defende? Quem luta para que sejam vistos não como palavrões e conceitos negativos nesse dicionário da paisagem humana?
Mostrar a cara, ir à luta, defender liberdade, justiça, equidade de direitos, vida digna para todos é a única alternativa.
Fazer poesia sem ver a dor e entrar nela é o mesmo que escrever com caneta sem tinta... não mostra nada.
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