domingo, 16 de dezembro de 2018

LETRAS MORTAS (Hélio Cervelin)


 
Autor: Hélio Cervelin
Trêmulo de ansiedade
Tomei nas mãos a sua carta
E percebi que as palavras
Misturavam-se em turbilhão

Atônito e muito confuso
Nada entendi, nem captei
E então, desesperado
Prostrei-me ao chão e chorei

Num repente, aquelas letras
Foram, do papel, descoladas
E umas sobre as outras caíram
Aos meus pés, amontoadas

Formavam uma massa estranha
E sua mensagem preciosa
E em uma minúscula montanha
Resultou desperdiçada

Fiquei então sem saber
Aquilo que mais desejava
Se você ainda me ama
E se comigo quer casar
Se o seu amor continua
Ou se deixou de me amar

Tentei recolher as letras
Caídas, coladas ao chão
Mas tudo virou massa estranha
Repulsiva e sem valor
Trazendo de volta ao meu ser
O vazio, o desamor

Mande-me outra carta, meu amor
Eu te imploro, por favor
Fale comigo como antes
E me declare sua  paixão
Diga que ainda sou dono
Do seu meigo coração

Um comentário:

  1. Intenso. Mostrou a fragilidade diante da indagação: sou amado?
    Mandou bem, Hélio!

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