
Autora: Áurea Wolff
No dia 28 de julho de 1940 a dona Mariquinha recebeu de sua
nora algumas velinhas. Seu neto, que morava numa cidade distante, pedia, numa
carta, que sua mãe comprasse umas velinhas e acendesse no oratório da vovó
Mariquinha, para pagamento de uma promessa que ele fizera “aos santos da
dindinha".
Neste dia 28 de julho, dona Ida
foi na casa da sogra e comentou: “já recebi duas cartas deste filho
recomendando que eu pague esta promessa. Estou realizando o seu pedido. Não
entendo como é que um rapaz tão jovem, (18 anos) morando numa cidade grande,
com tantas distrações, esteja tão preocupado em pagar a promessa aos santinhos
da dindinha.".
À noite, a dona Mariquinha
colocou as velinhas em castiçais de louça, abriu o oratório que ficava no final
do corredor e, na frente dos santinhos, depositou os castiçais. Teve o cuidado
de verificar que as velas estavam longe das flores de papel que adornavam
aquele santuário, acendeu as velinhas e foi deitar.
Lá pelas tantas, já estava
dormindo, quando acordou com um barulho estranho, como se tivessem aberto uma
porta ou arrastado uma cadeira. Abriu a porta do quarto que dava para o
corredor, onde estava dormindo, e viu um clarão, vindo do oratório, que
iluminou todo o local. Muito assustada entrou no quarto e chamou pelo marido:
“acorda, Zeca! Pegou fogo no oratório!"
Saiu correndo para o corredor na
direção do fogo. Mas o fogo tinha apagado e tudo estava escuro. Ela acendeu uma
lamparina, foi até ao oratório e verificou que as velinhas tinham queimado até
o fim, as flores de papel estavam intactas, tudo estava como ela havia deixado,
e não havia sinais de fogo. Achou
estranho, comentou com o marido e foram
dormir novamente.
O lugarejo onde moravam era no
interior, onde as informações levavam alguns dias para chegar ao seu destino..
Uma semana depois deste acontecimento, uma pessoa da família, que morava na
cidade recebeu dos canais competentes o aviso da morte deste jovem, que ocorreu
no dia 29 de julho, e solicitava a este parente que levasse a triste notícia à
família.
Foi um terrível choque. Ele era
um jovem cheio de vida, muito amado por todos e que tinha escolhido ir para a
cidade grande com o fim de trabalhar e conduzir sua vida.
No meio de muita dor, a vovó
Mariquinha lembrou que naquele dia, exatamente dia 29 de julho, ela tinha
acendido as velinhas pagando as suas promessas, e entre lágrimas ela falou do clarão no oratório:
“ele veio agradecer porque pagaram a sua promessa, e veio se despedir.".
Este fato ficou na história da
família como um acontecimento sobrenatural.
E sempre foi lembrado como o
adeus às pessoas que ele amava.
Muito impressionante. Muitos fatos assim acontecem nas famílias. Como não são explicados, retornam nas noites dos contos mal assombrados, quando estamos lembrando de coisas que nos provocam medo. Mas, se pensarmos que somos energia eterna e que o corpo fica, mas a vida segue, podemos acolher com amor estes fenômenos, sem medo, como no seu conto lindo. Gratidão minha mãe. Lhe amo muito!!!
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