terça-feira, 22 de outubro de 2019

A RAIVA CORRÓI, MELHOR INDIGNAR-SE (Eliana Haesbaert)



Autora: Eliana Haesbaert

Catalogada pelo próprio homem como um dos Sete Pecados Capitais, a ira, ódio, raiva ou rancor é um dos piores e  dos mais nefastos sentimentos só sentidos pelo próprio homem.
Mesmo não se considerando como “pecado”, mas apenas um mau sentimento possível a qualquer ser humano, normalmente é mais prejudicial a quem o sente do que o alvo, seja apenas uma pessoa, um grupo ou uma situação criada.
A raiva aumenta a pressão arterial, os batimentos cardíacos, destila hormônios do mal na corrente sanguínea, provoca tensão muscular, insônia, dor de cabeça e outros males somáticos. É uma forte emoção destrutiva.
Já uma indignação é revoltar-se por qualquer coisa que afronta os princípios de alguém e pode ter inúmeras – digamos - graduações.
Você pode ficar indignado por um espetáculo ter iniciado com trinta minutos de atraso, pela alta do preço de um produto do seu consumo, mas não permanece lhe fazendo sofrer de sintomas psicossomáticos.
O ódio rancoroso se não descarregado socando alguma coisa, gritando ofensas e palavrões, atirando e quebrando objetos, pode levar a ações  drásticas, como matar o alvo.   
Além de não pactuar, praticar e sentir raiva, porque amo a mim mesma,  não permito que esse mal me assole, pois por que eu iria maltratar a mim mesma?
Mas caso aconteça a infelicidade de ficar irada na verdadeira acepção da palavra, a receita é:
Pegar um copo alto e translúcido, colocar pedras de gelo até a borda, uma rodela de limão, uma dose medida de dry gin (não considerar essa aberração que inventaram recentemente, um gin doce e rosado) e completar com uma cascata borbulhante de água tônica.
Mexer, misturando bem  e deixar escorregar esse líquido sacrossanto goela abaixo.
Os helênicos disseram que o vinho era a bebida dos deuses porque não conheceram o gin-tônica.       
Garanto que ele opera milagres no seu humor, mesmo ainda estando sóbrio.
Não há raiva que resista!

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