
Autor: Hélio Cervelin
Numa cultura ocidental
judaico-cristã, como é a nossa, crescemos familiarizados com a bíblia e, com
isso, absorvemos inúmeras frases que de certa forma vêm a facilitar nossa
comunicação. Por isso é comum nos utilizarmos do versículo "Dai a César o
que é de César e a Deus o que é de Deus"
quando queremos estimular alguém a ser justo e a separar as coisas.
Dentre os chamados
pecados "capitais" elencados na bíblia católica está, por exemplo, a
IRA, cuja definição nos parece inadequada, pois está mais para "ódio"
que para uma "reação positiva causada pelo desconforto de presenciar
maldades ou injustiças".
Quando o Mestre
Jesus expulsou os "vendilhões de
templo" a força de chicotadas, chutes e pontapés, não nos parece que tenha
tido uma reação de ódio, mas, sim, de revolta perante o sacrilégio cometido
pelos comerciantes que se utilizaram do
templo do Senhor para seus negócios lucrativos.
Consideramos a ira como
uma capacidade de indignação que deve estar
presente em nossas vidas, como forma de evitarmos abusos por parte de
pessoas más e gananciosas que não pensam duas vezes ao invadirem a privacidade
ou os direitos alheios, querendo tomar tudo para si, egoisticamente.
Atitudes que
consideramos imperdoáveis são as de certas igrejas que se dizem
"cristãs", mas não fazem outra coisa que não seja espalhar os
seus falsos profetas por este mundo em
busca de enriquecimento rápido e à custa de
ensinamentos duvidosos, espoliando famílias inteiras de pessoas humildes e iletradas, as quais são submetidas
a pesados dízimos. Não bastasse isso, ainda são ensinadas a se sentirem
"superiores" às demais, insufladas pela arrogância e incentivadas ao
uso de armas e de atitudes hostis contra quem pratica outras crenças. Aquelas
atitudes de amor, mansidão, compaixão e tolerância ensinadas por Jesus Cristo
no Sermão da Montanha são totalmente desprezadas por essas igrejas.
Esse segmento religioso
chegou ao cúmulo de ensinar a seus fiéis que a Terra é achatada (e não
arredondada como explica a Ciência) e de que as vacinas (que tantas vidas já
salvaram) são algo desnecessário. Esta atitude já trouxe como consequência o
retorno do sarampo ao país, causando
mortes, internações e desespero, motivados por uma doença que já havia sido erradicada.
A ganância desse grupo
é tanta, que, além de criar novas
crenças na área da fé, também estão se apoderando dos meios de comunicação (TV,
rádio, jornais, internet), além de possuírem significativas bancadas na Câmara
Federal e estaduais país afora, com o intuito de angariar mais e mais poder.
Aliás, um poder bem
"mundano", longe daquele poder pregado pelas religiões sérias.
É preciso, sim, irar-se,
indignar-se, rebelar-se contra tantas atitudes egoístas de quem se aproveita
dos templos para realizar seus espetaculares lucros comerciais.
Pelos subterfúgios
utilizados, fica bem claro que não está havendo a separação entre "o que é de César e o que é de
Deus".
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