domingo, 22 de dezembro de 2019

AMAR OU COMPREENDER? (Hélio Cervelin, 20dez2019)



Autor: Hélio Cervelin

O que significa amar? E o amor, o que é o amor, afinal? Quem ama, simplesmente ama, ou exige reciprocidade? É apenas amante ou  pode julgar-se o possuidor ou, pelo menos, o controlador da pessoa amada?

Para amar alguém é preciso, primeiramente, admirá-lo: sua simpatia, beleza, ternura, educação, cultura, coragem... Ou todas essas qualidades juntas. Quando o ser amado só tem qualidades, deduz-se que fica bem mais fácil amá-lo! Todavia,  pessoas perfeitas, sem nenhum defeito, existem? Provavelmente, não! Se existirem, são raras.

A imperfeição de todos nos parece ser um consenso, uma  vez que a retórica corrente é a de que não existe ninguém perfeito sobre a face da Terra. Isso até acabou gerando a famosa frase "Ninguém é Perfeito!", justificativa para a maioria de nossos atos "imperfeitos".   O que fazer, então, com os defeitos da pessoa amada? As opções são variadas: submeter-se a eles; adaptar-se; tolerá-los e tentar amenizá-los até conseguir suprimi-los ou suavizá-los; ou ainda, na pior das hipóteses,  procurar outro alguém para amar, desistindo do esforço conciliatório.

Um filósofo me ensinou que a palavra "amor" não tem origem, deixando-nos sem base etimológica, portando inseguros para definir o que é amar. Ele prefere trocar a palavra "amor" pela palavra "compreensão".

Assim, em vez de "amar", "compreender", porque, se eu compreendo alguém, eu perdoo os seus defeitos, o apóio nas suas falhas e inseguranças, e o respeito como uma pessoa sujeita a errar, aceitando-o, até porque me considero imperfeito também. Enfim, amo-o por compreender isso tudo. E, especialmente, o amarei ainda mais se esse alguém me amar/compreender também.

O mesmo filósofo me ensinou que a paixão é um sentimento negativo ou, melhor dizendo, que a paixão é uma "emoção" em vez de um sentimento. E toda emoção é perigosa, pois pode nos fazer perder o controle e nos impelir a cometer desvarios, tomar atitudes impensadas e até violentas, fazer loucuras que possam prejudicar, às vezes até matar, a outra pessoa.
Frequentemente, ouvimos falar que alguém matou a companheira, cometendo um feminicídio, por motivo de ciúmes, porque estava muito apaixonado ou enciumado.

Se estar apaixonado for o mesmo que "amar intensamente", pergunta-se: Quem ama pode matar a pessoa amada? Acredito que, quem ama verdadeiramente, ou seja, quem compreende verdadeiramente a outra  pessoa,  certamente entenderá todos os seus atos e jamais lhe fará mal.

No amor-compreensão existe a renúncia em favor da outra pessoa, a ponto de o renunciante sentir-se bem por ter deixado de usufruir algo para ver feliz a pessoa amada. Então isso pode significar que quem compreende, além de perdoar, tolerar, respeitar e aceitar pode incluir nesse rol mais um verbo ou virtude: renúncia.

Joana de Angelis, espírito de luz do kardecismo, nos ensina que  o amor no Plano Espiritual é "incondicional", ou seja, quem ama compreende, aceita, confia, perdoa, tolera...  Quem ama, simplesmente AMA, SEM EXIGIR NADA EM TROCA. Na psicografia de Divaldo Pereira Franco, ela começa definindo o amor, assim:

O amor é a substância criadora e mantenedora do Universo, constituído por essência divina. É um tesouro que, quanto mais se divide, mais se multiplica, e se enriquece à medida que se reparte. Mais se agiganta, na razão que mais se doa. Fixa-se com mais poder, quanto mais se irradia. Nunca perece, porque não se entibia nem se enfraquece desde que sua força reside no ato mesmo de doar-se, de tornar-se vida, (http://www.novaera.org.br/index.php/artigo10931/)

Com base nessa definição, ainda poderíamos citar mais uma qualidade de quem realmente ama: a  doação. Neste caso justifica-se a renúncia, pois seu significado é semelhante ao da doação.

Amar não significa dar liberdade plena ao ser amado, pois, se já concordamos que ninguém  é perfeito, deixar a corda solta para alguém fazer algo do qual temos certeza de que lhe trará consequências e arrependimento, podemos concluir que, eventualmente,  amar é também discordar quando a situação o requer. Mas, é claro, visando sempre à felicidade do ser amado.

Um comentário:

  1. Muito bom Hélio ,Wander,
    Nestas datas a gente tem tanta inspiração que se puzermos caneta e papel na mão ,todo momento nosso coração transbordará de amor , parabéns meninos

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