Autor: Hélio Cervelin
A vida, o que é, afinal? Por que não gostamos da ideia de morrer e queremos viver, permanecer vivos e viver mais?
Um presente de Deus, um aqui/agora, um estar presente no sentido de participar do que está sendo percebido neste momento, neste local, neste planeta localizado em algum ponto deste imenso Universo, assim costumamos classificar o que seja a VIDA.
É um caminho a seguir, normalmente copiando as atitudes dos outros – basicamente nossos pais – e suprindo as necessidades mais imediatas, à medida que elas vão ocorrendo, a começar pelo atendimento às necessidades básicas inerentes à vida biológica, tais como: beber água, comer, agasalhar-se no frio, abrigar-se das intempéries, proteger-se dos predadores e procurar estabelecer objetivos de vida concretos e razoáveis.
Uma vez percebendo que estamos vivos, instintivamente preservamos nossa vida, ou seja, evitamos a morte, pois se a existência que nos foi concedida já é um mistério em si, imaginemos o “outro lado”, o desconhecido, onde até as filosofias se desencontram ou se chocam quando tentam explicar o que encontraremos lá.
E então, para que queremos viver mais se já está comprovado que manter-se vivo exige um malabarismo sem fim? Uma resposta razoável seria: usufruir mais das coisas agradáveis do mundo e promover mais realizações; viver novas experiências, conhecer os filhos e os netos e acompanhá-los nas mais diversas fases de suas vidas, experimentando as sensações de cada evento pelo qual passarem; conhecer um bisneto, um tetraneto, por que não? E talvez recuperarmos o que perdemos em outras encarnações, nas quais não tenhamos cantado aquela canção que ensina que “é preciso saber viver”.
Outros aspectos que almejamos ao viver costumam incluir a chamada saúde perfeita, procurando manter nosso corpo sem traumatismos, sequelas ou enfermidades que possam inibir nossa mobilidade e bem-estar e trazer-nos tristeza e infelicidade. A beleza física é outro aspecto que aumenta a autoestima do indivíduo, carreando a admiração ao seu entorno, razão pela qual os procedimentos estéticos são tão valorizados, atualmente, ocorrendo muitos exageros.
Por que é necessário encarnar, tornar-se matéria?
Se imaginarmos que somos originários do espaço sideral, da antimatéria, onde não teríamos a necessidade de possuir um corpo físico para nos manifestarmos, entenderemos a necessidade de nascer na forma de um ser biológico, podendo interagir na matéria para talvez “sentir na carne” a dificuldade de alcançar o ideal almejado. Aqui, na Terra, podemos construir coisas e manipular os materiais com o intuito de exercitar nosso poder criativo, a fim de alcançar o equilíbrio da alma (nosso EU interior), sedimentando-nos como um indivíduo cósmico e universal. Ao longo do tempo, adquirimos resiliência e persistência para resistir à tentação de fugir do caminho traçado, burilando nossas virtudes, aplacando nossos vícios, sedimentando nossas forças e firmando nossa personalidade, sempre focados em destinos gloriosos por esse Universo Indefinido.
Por que é importante ser fraterno, solidário, prestar auxílio às demais pessoas?
Uma das maiores virtudes do ser humano é a empatia, a capacidade de colocar-se no lugar do outro, sentir suas dores e angústias. As filosofias ou religiões nos ensinam que todos somos irmãos, filhos originais de um mesmo criador denominado Deus. E de fato nos sentimos assim, talvez porque todos somos mortais e sujeitos ao sucesso, à pujança material, mas também a terríveis revezes. A riqueza material não é garantida, e também não é sinônimo de alegrias constantes, de felicidade, enfim. Tudo isso para que possamos perceber que somos uma só família, e que soa injusto estarmos no gozo, na fruição dos bens materiais enquanto nossos irmãos estão em sofrimento na miséria, na penúria.
Diante dessas ponderações poderíamos nos perguntar: Por que cultivar a humildade? A resposta seria que, por mais sábios e conhecedores que sejamos, o ambiente planetário é limitado, e muitíssimas coisas nos são inalcançáveis deste plano. Muitas questões não têm resposta e muitos mistérios permanecem sem explicação, levando-nos a concluir que não temos motivo algum para carregar empáfia ou arrogância, uma vez que somos “pobres mortais ignorantes”.
Por que o mundo é tão desigual, tão pernicioso, tão hostil, trazendo-nos tanto sofrimento?
Provavelmente este planeta é um dos mais atrasados e injustos do Universo, e abriga aqui uma seleta espécie de degredados antissociais, aqui estabelecidos para exercitarem o aprimoramento moral e ético. Alguns de nós, detentores de princípios éticos e conhecimentos mais avançados, vieram com a missão de auxiliar, instruir, orientar, servir de exemplo; a grande massa, no entanto, veio para expiar seus erros, aprender sobre o bem e sentir na pele as consequências de seus atos equivocados de um passado relativamente distante.
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