domingo, 10 de julho de 2022

O TOM E O SOM NA COMUNICAÇÃO (Hélio Cervelin, 2019)

 


Autor: Hélio Cervelin

Alcançar um patamar próximo do ideal em nossa comunicação não é uma tarefa nada fácil, uma vez que se trata da manifestação de nossa personalidade na forma de sons, gestos e atitudes, envolvendo linguagem verbal e não verbal, tendo como base a espontaneidade.

Assim sendo, qual seria o diálogo ideal?

Imagina-se como sendo o diálogo ideal aquele em que os envolvidos são ponderados e se expressam claramente, em tom de voz agradável, emitindo frases pausadas e moderadas, com começo, meio e fim, e adotando alternância no tempo de argumentação entre um e outro interlocutor. A manifestação de cada parte deve ser breve, e o ouvinte precisa ter a paciência e a fineza de aguardar o seu momento de falar, de modo a evitar a interrupção da fala do outro.

No campo da entonação a fala pode assumir nuances que variam conforme nosso momento psicológico. Entretanto, existe uma característica que é marcante em cada pessoa, conforme se pode analisar nas ponderações, a seguir.

Dentre os diversos tipos característicos de falantes há os que adotam uma fala mansa, serena e agradável aos ouvidos dos seus interlocutores, todavia falam demais e monopolizam totalmente a conversa. O esperado diálogo, na verdade, acaba se transformando rapidamente em um monólogo, o que leva o ouvinte a fazer o papel de um verdadeiro "microfone", com espaço apenas para ouvir e nenhuma chance para falar.

Em outro tipo característico de falante, pode acontecer que em certos momentos, embora se fale pouco, carrega-se a nossa conversa com termos ferinos ou contundentes em demasia, mediante a utilização de verbos ou adjetivos inadequados, o que torna nossa conversa eivada de críticas e conceitos deselegantes para quem nos ouve.

Há momentos em que assumimos um tom de voz impositivo e autoritário, como que a demonstrar que somos os legítimos donos da verdade, e ao nosso interlocutor só lhe restará aceitar a própria "pequenez". E, para agravar, deixamos bem claro que nosso ponto de vista jamais deverá ser contestado, uma vez que "a razão está conosco". Ofender-se e reagir à altura para encerrar o colóquio dependerá da fleuma de cada ouvinte. Entretanto, essa reação – se acontecer - poderá gerar confronto e violência.

Às vezes somos excessivamente prolixos em nossos argumentos e, sem nos apercebermos, ficamos “rodando” em torno do mesmo tema, reforçando desnecessária e repetidamente nossas definições, apesar de sua assimilação já estar mais do que configurada por quem nos ouve. Uma situação típica de “disco arranhado”, que fica trazendo de volta o mesmo trecho a todo o momento, destruindo a beleza da mensagem e gerando enfado e aborrecimento.

Em outras ocasiões, nossa fala é por demais rebuscada, recheada de termos técnicos ou conceituais, que deixam nosso interlocutor "vagando no espaço". Mas ele acabará concordando conosco por desconhecer boa parte desses termos. Mais uma vez, o ouvinte faz um papel passivo, sem argumentos para dialogar.

Um tom de voz enfadonho e arrastado, proporcionado por uma voz muito baixa ou uma dicção deficiente, poderá ser a tônica de nossa comunicação em outras oportunidades, exigindo de quem nos ouve um esforço redobrado para tentar entender a nossa mensagem. A tendência, neste caso, será a dispersão e o alheamento do nosso ouvinte, o qual se manterá atento apenas por uma questão de respeito. Normalmente, ele evitará emitir opiniões, pelo simples fato de ter ouvido ou assimilado não mais que a metade da nossa conversa.

A ironia também poderá ser a tônica de nossa manifestação, podendo ofender a quem nos ouve, mas disso também não nos apercebemos, pois cremos ser esse o nosso "estilo". Se questionados, é bem possível que cheguemos a ponderar: "sempre falei dessa forma, e não será agora que irei mudar".

Ouvidos mais sensíveis tendem a sofrer muito quando são submetidos ao nosso tom exagerado, em que damos a impressão de falar às multidões, devido ao tom "gritado" de dezenas de decibéis acima, mesmo quando nosso ouvinte é apenas e simplesmente uma pessoa postada a menos de um metro de distância.

Em outras conversas, podemos carregar e repassar nosso carrossel de mágoas para o nosso ouvinte, desarmonizando-o e constrangendo-o por completo. Dane-se a sua sensibilidade! Só o que sabemos é que precisamos extravasar! Além do mais, as mágoas precisam ser "divididas" com os amigos, pensamos. No fim das contas, sem perceber, inundamos o ambiente com uma torrente de contrariedades, deixando a todos com os nervos à flor da pele. Nosso ouvinte faz de tudo para não nos contrariar, e se esforça para buscar um modo de concordar conosco e nos consolar. Tolerância máxima!

Há, ainda, os que não conseguem conversar sem nos cutucar, beliscar nossos braços ou bater em nosso peito, querendo o máximo da nossa atenção. Não conseguem falar sem nos estapear o tempo todo, deixando-nos quase com hematomas. Um jeito estranho de comunicação, que deixa o interlocutor literalmente dolorido.

Se tomarmos consciência de nossa deficiência, certamente ficará a esperança de que um dia haveremos de atingir a perfeição tão almejada. O ponto principal será nos convencermos de que nossos deslizes são verdadeiros. Difícil será descobrirmos como nos livrarmos dos nossos defeitos.

É inquestionável nosso desejo de, em um futuro próximo, termos nossas conversas em tom suave, firme, claro e encantador, como quem se dirige amorosamente a um jardim florido, agradecendo-lhe pela sua beleza, suavidade e perfume.

Quem sabe nossas conversas possam vir a ser plenas de proposições agradáveis e informações aceitáveis; o nosso tom ser vibrante e atraente, tal qual mantras inefáveis; nossa voz ser o bálsamo curador para os ouvidos mais sensíveis, que de nós se aproximarão para acalmar o espírito, preencher seus vazios, alentar sofrimentos, atenuar decepções e inebriar a alma?

Essa, então, será a comunicação ideal.

quarta-feira, 6 de julho de 2022

ALGUMAS REGRAS DE BEM VIVER (Para uma mãe solteira_ (a) Hélio Cervelin, 2007)

 



  1. Deitarei todos os dias antes da meia-noite, levando comigo o meu filho (caso ele ainda não esteja dormindo);

  2. Levantarei cedo e, após o nosso banho, lhe darei café, verificarei sua agenda e materiais escolares e tomarei suas lições;

  3. Prepararei seu uniforme, deixando-o pronto para vestir;

  4. Enquanto ele brinca e toma sol, providenciarei a limpeza e a arrumação de seu quarto;

  5. Colocarei nossas roupas para lavar, estendendo-as, depois;

  6. Darei o almoço a ele, ajudando-o a escovar os dentes e a vestir seu uniforme do colégio;

  7. Após o meu expediente profissional, frequentarei com assiduidade e pontualidade cursos de aperfeiçoamento, línguas e outros que possam melhorar a minha empregabilidade;

  8. Prestarei ajuda financeira a meus pais para a manutenção da casa e a educação de meu filho;

  9. Serei disciplinada em todos os sentidos, de modo a passar ao meu filho os conceitos de disciplina, ordem e trabalho;

10 A higiene será prioritária em minha vida, ajudando a manter a saúde perfeita e melhorar o nosso bem-estar, evitando doenças;

11 As minhas atitudes serão sempre orientadas pelo princípio da boa educação, respeito e ética, visando à estabilidade de meus relacionamentos;

12 O pai de meu filho terá sempre o meu respeito e o diálogo necessário a uma convivência pacífica e ao melhor desenvolvimento de meu filho;

13 Minha alimentação será sadia; evitarei os alimentos inadequados;

14 Bebidas alcoólicas, cigarros e afins nunca serão um vício para mim;

15 Serei moderada em meus gastos e procurarei poupar meus recursos financeiros, pois serão necessários a eventualidades e investimentos;

16 O meu lado espiritual será sempre lembrado, e minhas reflexões espirituais serão exercitadas todas as semanas;

17 Boas leituras e atividades físicas regulares me ajudarão a manter em alta a minha autoestima e a de meus familiares;

18 Estarei sempre consciente de que, apesar de possuir inúmeras carências não atendidas, muitas outras pessoas têm necessidades mais prementes que eu, daí a urgência em praticar a caridade.





Autor: Hélio Cervelin