sexta-feira, 26 de maio de 2023

HOMENAGEAR OS VIVOS Hélio Cervelin, (25 maio 2023)

 



 






Autor: Hélio Cervelin

Chegou às minhas mãos por meio de amigos uma revelação que sempre me passara despercebida: a canção de ELTON JOHN Funeral for a friend (Love lies bleeding), devidamente legendada em português, abordando um tema estarrecedor: o ser humano se derrete em homenagens aos amigos ou ídolos, desde que estejam mortos!

 

Traduzido como Funeral para um amigo (o amor está sangrando), o título da bela canção vai discorrendo sobre o hábito que temos de levar flores  para os  mortos, mas que quando estes estão vivos ninguém se lembra deles, nem ao menos de chamá-los para uma boa conversa.  “Não liga, não abraça, não se importa com os vivos, mas se auto-flagela quando estes morrem”, afirma. Conclui que, “aos olhos cegos dos humanos o valor do ser está na sua morte e não na sua vida”.

 

Triste e  verdadeira constatação!

 

Precisamos conviver mais, estimular mais, elogiar mais os acertos e as vitórias de nossos familiares e amigos; ver periodicamente como estão, se estão bem, se necessitam de ajuda, de uma palavra amiga, do conforto de um abraço, amparando-os em seus percalços e desatinos. Afinal, somos todos viajantes do Universo, cumprindo missões que pouquíssimos de nós têm a noção exata de qual seja essa missão.

 

A vida nos tem demonstrado que os filhos serão sempre filhos, não importa sua idade, maioridade ou autonomia. Há uma ligação que não se rompe jamais, especialmente quando eles nos presenteiam com os tão festejados netos, que representam mais um elo de nossa descendência.

 

“Ninguém é uma ilha”  costuma-se dizer, indicando que todos temos necessidades que nos interligam aos outros em sociedade, que somos parceiros de viagem, que precisamos intercambiar experiências e conhecimentos que temos, beneficiando quem ainda não adquiriu a habilidade suficiente para considerar-se totalmente autossuficiente.

 

Mudar nossas atitudes para que não precisemos citar o  poeta argentino Jorge Luís Borges, que nos ensina:


Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria mais tolo ainda do que tenho sido; na verdade, bem poucas pessoas levariam a sério. Seria menos higiênico. Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios. Iria a mais lugares onde nunca fui, tomaria mais sorvete e menos lentilha, teria mais problemas reais e menos imaginários. Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto da sua vida. Claro que tive momentos de alegria. Mas, se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons momentos. Porque, se não sabem, disso é feito a vida: só de momentos - não percas o agora. Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um paraquedas; se voltasse a viver, viajaria mais leve. Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do outono. Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vez uma vida pela frente. Mas, já viram, tenho 85 anos e sei que estou morrendo. 


https://www.youtube.com/watch?v=WfnCBhvGAaM


 

 

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