segunda-feira, 17 de julho de 2023

CORPUS CHRISTI (Hélio Cervelin, 20 jun 2019)

 









Autor: Hélio Cervelin


Produto da terra bruta, matéria prima do chão

Meu corpo é minha imagem, visível pela aparência

Com ele eu posso te ver e me mostrar também

Oportunidade de vida, amor e convivência

 

Invólucro deste meu ser, minha mente e emoção

Expressa uma mensagem de luz e de transparência

É uma forma de criar,  amar e fazer o bem

Que embala todo meu ser em ação e consequência

 

Meu corpo é uma joia que foi doada por deus

E minha vida sem ele perderia o sentido

Recebido de herança será doado aos meus

Com ele posso amar, cantar, falar, ser ouvido

 

De humanidade tosca, objeto moldado na lama

O teu corpo transformou-se na expressão de quem me ama

E se não fosse por ele, tão gracioso e delicado

Eu não sentiria o encanto que sinto estando ao teu lado

 

Escravo neste planeta, onde não posso voar

Invejo os pássaros errantes, felizes, pairando no ar

Valho-me de máquinas e truques pra enganar a minha mente

E faço viagens fantásticas, estando no mesmo lugar

 

Até Cristo se valeu de um corpo material

Para trazer a boa nova para quem quisesse ouvir

E pregar sua mensagem da lei do bem contra o mal

E mapear nosso caminho pra viagem do porvir

 

Sei que no gozo dos céus eu não preciso de corpo

Pra me expressar como faço, aqui nesta dimensão

No vácuo da antimatéria poderei tudo fazer

Sem amarras, serei pleno, planando na imensidão

 

Junto ao pai posso sorrir e viver eternamente

Em coro cantar com os anjos belas canções de louvor

E viver a plenitude com a qual sempre sonhei

Sem jamais chorar, sofrer ou voltar a sentir dor

 

Enquanto ainda não chega a minha hora final

De abrir mão desta matéria e devolvê-la ao chão

Fica comigo e me ame com ternura celestial

Beijos, suaves carícias e muito amor no coração.