sábado, 26 de outubro de 2024

CAMINHOS DA DESUMANIDADE (Hélio Cervelin, (25 out 2024)










 Autor: Hélio Cervelin

São cinco horas de uma madrugada calma no sul do Brasil. No meu quarto de solitário, o silêncio impera, a paz reina sem intercorrências, sem interrupções. Nada se ouve, nenhum ruído de automóveis circulando ou daquelas motocicletas barulhentas, nada... Nem os cães latem (e são tantos na vizinhança). Nenhum um galo cantando, nenhum pássaro, além de um solitário sabiá. Daqui a pouco haverá uma manifestação de uma moradora da região, a Aracuã, que desperta pontualmente a partir das cinco horas e começa a cantar. Tive paz para dormir neste abençoado silêncio, até agora.

E então me vem a lembrança dos conflitos na Faixa de Gaza, no Líbano, em Israel, o Oriente Médio, enfim. Na fronteira entre a Rússia e a Ucrânia, próximo da Crimeia, cidade que Nostradamus previu, há vários séculos, viria a ser o estopim para o início da Terceira Guerra Mundial. É o que parece estar se concretizando.

E em tantos outros lugares onde pipocam os tiroteios, estouram as bombas arremessadas do outro lado das fronteiras, por poderosas plataformas; ou do alto, por aviões bombardeiros raivosos, que riscam os céus, sem preocupação de quem está embaixo: civis, crianças e idosos, animais, plantas, prédios, tudo vai pelos ares. É a sanha da guerra por território, por petróleo, água, poder. É a indignidade humana!

Faço uma prece para os sofredores dessas guerras e de agradecimento por viver nesta região de relativa paz.

Por sua ganância e ignorância, a humanidade não sabe valorizar a natureza tão bela, com seus rios, cascatas, montanhas, árvores frondosas, flores, pássaros coloridos, alimentos, frutas exóticas, paisagens deslumbrantes.

Empresários poderosos, latifundiários, endinheirados exploram a natureza para locupletarem-se com fortunas em dinheiro e bens, os quais lhes proporcionam toda sorte de confortos, movimentando-se por todo o planeta, enquanto mantém operários em regime de semiescravidão produzindo e gerando lucros bilionários, sem se preocuparem com a sustentabilidade de um planeta que já não suporta mais tantos maus tratos, sufocado que está no meio de tanto lixo e poluição.

O Primeiro Mundo explora as populações do resto do mundo a partir de royalties cobrados sobre uma tecnologia que só eles possuem. E estes países pobres, não possuindo recursos tecnológicos, jamais escaparão dessa roda vida da exploração, e continuarão fornecendo suas commodities, seu sangue e suas vidas a esses opressores sem alma.

E assim caminha a humanidade, onde a mentira já virou verdade. Onde os humanos exploram seus iguais sem dó nem piedade, onde o algoritmo lava cérebros à vontade.

 


PERDOAI-NOS, SENHOR (DE NOVO) Hélio Cervelin, (30Jul24)



 Autor: Hélio Cervelin

 


Pelo povo indolente 

Por aquele penitente 

Pela destruição do meio ambiente 

Perdoai-nos, Senhor! 

  

Pelo desprezo do sagrado 

Pelo povo depravado 

Pelo político safado 

Perdoai-nos, Senhor! 

  

Pelo mau capitalista 

Pela elite racista 

Pelo banqueiro vigarista 

Perdoai-nos, Senhor! 

  

Pelo 8 de janeiro 

Pelo golpe quase certeiro 

Pelo derrame de dinheiro 

Perdoai-nos, Senhor! 

  

Pela destruição da cultura 

Pela farra da usura 

Por toda aquela loucura 

Perdoai-nos, Senhor 

  

Pela força da milícia 

Pela perda da polícia 

Pela morte da Patrícia 

Perdoai-nos, Senhor 

  

Por toda essa confraria 

Pela entrega da refinaria 

Pelas joias da titia 

Perdoai-nos, Senhor 

  

Pelo drama da enchente 

Pelas férias do presidente 

Pelo emprego do parente 

Perdoai-nos, Senhor! 

  

Pela ousadia da baranga 

Por aquela carta na manga 

Pelos atos do Ipiranga 

Perdoai-nos, Senhor! 

  

Pelas ações do mal 

Pelo golpe fatal 

Pela entrega do Pré-sal 

Perdoai-nos, Senhor! 

  

Pela mídia que mente tudo 

Pela traição do posudo 

Pelo “Supremo com tudo” 

Perdoai-nos, Senhor! 

  

Por toda aquela labuta 

Pelo fracasso da luta 

Pela pedalada fajuta 

Perdoai-nos, Senhor! 

  

Pelo parlamento latrina 

Pelo Agro que domina 

Pelo Marreco de Londrina 

Perdoai-nos, Senhor! 

  

Por aquele falso decreto 

Pelo mal daquele veto 

Pelo Orçamento Secreto 

Perdoai-nos, Senhor! 

  

Pelo faminto pedindo esmola 

Pelo projeto da Escola 

Pela verba que não cola 

Perdoai-nos, Senhor! 

  

Por todas as “rachadinhas 

Pelas pedras azuizinhas 

Pela fuga das galinhas 

Perdoai-nos, Senhor!