Autor: Hélio Cervelin
Era uma vez um menino
muito lindo e muito amoroso. Ele tinha a pele morena queimada pelo sol. Seus
cabelos eram dourados e longos, e seus olhos eram verdes, parecendo duas esmeraldas.
O nome dele era Sol Dourado, mas era chamado por todos simplesmente de Sol.
Sol Dourado vivia muito
feliz em um sítio com seus pais. Eles eram agricultores e plantavam cereais
(trigo, milho, feijão e arroz) para sustentar a família. Naquele sítio havia
muitas frutas, e ele se deliciava subindo nas árvores para apanhá-las, comendo-as
ali mesmo. Às vezes nem dava tempo para elas amadurecerem e o menino, afoito,
já as apanhava para comer, chegando a fazer caretas, pois ainda não estavam
doces. As uvas, então, nem tinham tempo para ficarem vermelhinhas e ele já as
atacava.
Sol Dourado gostava de
andar na horta, entre os legumes que sua mãe plantava, ao lado da casa. Lá ele
apanhava vagens de ervilhas cruas e as comia no mesmo instante.
Também colhia cenouras, arrancando-as do chão para comê-las, sem mesmo lavá-las.
Quando não havia água por perto, ele as limpava na roupa, mordia-as com gosto,
fazendo muito barulho. Mas achava-as deliciosas.
Feliz mesmo ficava quando
chegava o domingo, pois era dia de descanso da família dos trabalhos no campo e
ele e seus irmãos se embrenhavam nas campinas em busca de aventuras. Gostava de
observar os animais pastando, os pássaros voando, e de pescar na lagoa, onde
havia muitos peixes dos grandes. Também gostava de ouvir as histórias que sua
mãe lhe contava sobre índios, fadas, anjos e Saci Pererê.
Às vezes ele ia ao curral
acariciar os cavalinhos recém-nascidos e notava que alguns cavalos que
viviam soltos amanheciam suados e com as crinas trançadas com belas tranças. Ao
perguntar à sua mãe quem fizera aquilo, ela lhe respondia que, durante a noite,
o Saci Pererê gostava de andar a cavalo pelas campinas próximas,
galopando a noite toda. E enquanto o cavalo se movimentava, ele o enfeitava com
belas tranças.
Para Sol Dourado tudo era
maravilhoso: o sítio para brincar, o amor de seus pais e irmãos, a companhia do
seu cãozinho preto chamado Bisbim. Havia também porcos, vacas, galinhas,
coelhos, ovelhas, muitos animais e muitos pássaros coloridos, que cantavam sem
parar.
O menino também gostava
de cantar enquanto brincava nas águas dos riachos, que transbordavam em
melodias sempre que a chuva parava de cair. Nesses dias ele fazia barquinhos
de papel e soltava-os na correnteza, acompanhando-os córrego abaixo,
fazendo festa. Ele amava seus brinquedos, e em dias de sol se divertia muito
com o carrinho de rolimã que seu pai havia construído para ele e seus irmãos
deslizarem ladeira abaixo. Às vezes levavam tombos fenomenais!
Sol Dourado sentia-se um
menino muito feliz, e não tinha pressa em crescer. Então, certo dia olhou para
o céu e fez um pedido: não queria jamais crescer, mas sim continuar vivendo da
mesma forma: como uma criança feliz, para sempre.
E alguém lá do céu
atendeu ao seu pedido. E ele nunca mais cresceu, e então viveu assim feliz para
sempre.
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