terça-feira, 16 de abril de 2024

O Encontro depois dos desencontros (Lucila Mônica Fontana)

 














Autora: Lucila Mônica Fontana


Ah, o que fui buscar neste lindo encontro com os protagonistas do grupo Náufragos Literários Floripa?

A ânsia de encontrar todos ali naquela casa tão aconchegante, da amada anfitriã Áurea, tão real e verdadeira como a luz do dia! 

Lá chegando, percebi que o grupo estava reduzido a seis integrantes, pois os outros, por várias razões, não puderam se fazer presentes de corpo, mas de coração, sim. 

Ali acomodados, meu coração pulsava forte ao ouvir todos querendo falar ao mesmo tempo, afinal tanto há a ser compartilhado da vida de cada um, as lembranças da vida que, vez ou outra, foram ditas ali,  fazendo a emoção tomar conta. 

Principalmente pelas histórias da anfitriã, Áurea, que tanto nos inspira com as histórias reais de sua preciosa vida. 

Ah, todos muito envolvidos pelo encontro, mas tivemos um lindo momento de lanche compartilhado, afinal saco vazio não para de pé, e bem alimentados, a conversa fica animada,  pois o propósito do encontro foi alcançado e rendeu leituras e pedidos de novas escritas. 

Esperamos que logo o encontro semanal e definitivo com todos seja concretizado, para partilharmos o amor que nos une, essa amizade que será eterna, ok? 

Gratidão por ter cada um de vocês na minha vida como amigos conquistados com o coração pleno de amor que tenho para dar.

REENCONTRO Áurea Ávila Wolff (15 abril 2024)










Autora: Áurea Wolff


 A vida iluminada com abraços calorosos

A beleza e a graça de cada um

Os laços de confiança que uniram o grupo, 

arriscando-se nos compartilhares

As histórias de vida 

A acolhida calorosa 

A alegria do encontro


Cada um dividindo sua riqueza de alma e seus dons 

E se envolvendo com a beleza e a maravilha que é o outro. 

Todo esse tesouro me leva a reavivar 

A chama que não se apagou.


Minha casa estava sem vida, 

Só paredes, teto e chão frios. 

Encheu-se de luz,

de vida, 

de cor

de calor.

A Sereia (Autora: Maria de Lourdes Silveira)

 



                     







Autora: Maria de Lourdes Silveira


Esse mar dos meus encantos      

Que me encanta o coração                     

Me traz muitas lembranças               

Do meu tempo de criança                     

Quando corria descalça                    

Por suas águas serenas                    

Sem ter medo de nada                          

Sentia-me livre e solta                        

Sonhava ser uma Sereia                       

Más logo pensava, fagueira:                    

Como serei Sereia   

Se não tenho nadadeiras?                

segunda-feira, 15 de abril de 2024

ACONCHEGO (Hélio Cervelin, 11 abr. 24)

 

 



 


Autor: Hélio Cervelin


Meus amigos  

Faz tempo nos conhecemos 

A saudade calou fundo  

Por isso estou aqui.  

Vim matar minha saudade  

Falar da felicidade  

Relembrar o que vivi 

Quero repetir a dose e encontrá-los outra vez, 

Para recordar o passado 

Aliviar o fardo pesado 

E ter vocês ao meu lado 

Bons conselhos 

Sensatez. 

sábado, 16 de março de 2024

NÓS, OS NÁUFRAGOS (Áurea Wolff, 3 Riachos - 13 mar 2024)

 














Autora: Áurea Wolff


Embarcados no navio do NET

Com o nome de Oficina de Criação Literária 

Navegamos por mares da poesia, música, escrita, 

Guiados por timoneiro entendido desta área 


Tempos bons com ventos refrescantes

Velas singrando os mares, olhando ao longe os montes

Alegres cantos, em danças, ritos, miragens

Sorrisos, vibrações; viajantes construindo pontes 


Um vento forte sacudiu a nave

Ondas gigantes a quebraram ao meio

Jogando na água sonhadores tripulantes

E lá ficou o leme sem vergueiro.


Enfrentando o mar bravio do medo e da surpresa

Nadando se foram até dar na praia

Perguntando-se, preocupados: - E agora? 

— Somos Náufragos literários. 


Encontros e desencontros

Quase tudo aconteceu

Outra tempestade forte

Parou tudo, a pandemia apareceu


Quando a chuva vagou, enfim

O livro saiu com alegria

Fios da amizade buscaram 

A ilusão do que ainda existia


Hoje, depois de tanto tempo

Tentam os sobreviventes se reunir

Para lembrar doces momentos

E perguntar: e agora José?

O tempo passou, a neve caiu, a tarde chegou

O que vai vir? 



PENSEI TER PERDIDO VOCÊ (Hélio Cervelin, 16 mar, 2024)



 Autor: Hélio Cervelin


Que susto!

Que grande susto eu levei! 

Num repente, pensei ter perdido você. 

 

Eu te abracei, te acariciei, e você não reagia! 

Um desespero! 

E agora? O que faço sem você? 

Sem o seu apoio, sem os seus conselhos? 

Sem as suas memórias, sem os seus espelhos? 

Sem a sua compahia?

 

O pânico começou a me envolver 

Senti o chão faltar debaixo dos meus pés 

Alguma vez já tive assim tão grande revés? 

 

Nunca precisei tanto assim de alguém como eu preciso de você 

Minhas lembranças estão contigo! Minhas memórias se irão contigo! 

Quantas manhãs, tardes e noites passei em tua companhia? 

Perdi a conta. 

Você sempre ouviu minhas confidências 

Éramos só intimidade, parceria, cumplicidade!  

 

Estou inconformado, desolado 

Mas, vou recomeçar, tenho que recomeçar, se preciso for

Vou começar tudo de novo, arranjarei outro parceiro assim fiel 

Se você não melhorar, ressuscitar

Comprarei um novo aparelho de celular 

terça-feira, 12 de março de 2024

BEIJO ROUBADO (Hélio Cervelin)

 


 







Autor: Hélio Cervelin

Era inverno, e o ano 2019. Uma academia de Pilates.

E, repentinamente, ela surge! Aparência jovem, usando um vestido branco de renda, ela estava lá, em pé. De olhar sério, compenetrado, sem mirar ninguém, especificamente. 

Assalta-me, de imediato, a surpresa, a perplexidade. Estamos no ano de 2019! Como ela pode estar aqui?

Diante da surpresa, as lembranças afloram. O ano era 1977. Lembro-me de um dia frio, pela manhã, na cantina da empresa pública em que trabalhávamos, na Avenida Mauros Ramos, em Florianópolis. Ambos chegamos para tomar café. Aproveitei-me de sua distração (ela com um pedaço de pão nas mãos) e roubei-lhe o primeiro beijo.

- Seu louco!, disse ela, assim que se desvencilhou do meu assédio. 

Éramos jovens, e eu estava me apaixonando por ela e vinha demonstrando isso. E sentia certa reciprocidade. Daí a coragem para realizar aquele ato atrevido.

Numa das conversas que tivemos, ela revelara que já tinha um amor. Era um jovem "subversivo", foragido do país e exilado na Inglaterra.  Ele havia sido "retirado", clandestinamente, do país após participar de alguns eventos de resistência ao regime militar, na qualidade de filiado ao Partido Comunista do Brasil, uma agremiação proscrita desde o início do Regime Militar.

Diante das ponderações de Maria da Graça (vamos chamá-la assim), pude perceber que minhas chances de conquistá-la seriam mínimas. Logo eu, um simples burguês, idealista, porém sem nenhum preparo de resistência a qualquer regime, detendo um vocabulário pobre quando o assunto era engajamento político ou enfrentamento da ditadura militar.  Quanto ao rapaz, ela havia me mostrado uma foto: era um belo jovem, de cabelos escuros, lisos e barbas longas, como convinha aos comunistas da época, em homenagem aos líderes da Revolução Bolchevique da União Soviética. Naquela época, eu também usava barba e cabelos longos.

Dois anos mais tarde, eu até poderia apresentar-lhe algum argumento de esquerdista, quando a única informação de que dispunha a meu favor foi o fato de estar presente, no início da Rua Felipe Schmidt, encostado na Loja Saco e Cuecão, quando aconteceu aquilo que ficou conhecido como "Novembrada", um ato público de hostilidade ao Regime Militar. Era o dia da visita a Florianópolis do Presidente da República, o General João Baptista Figueiredo. Na semana seguinte haveria nova manifestação na Praça XV, desta vez enfrentada com muita violência pela cavalaria militar, portando baionetas caladas contra os manifestantes desarmados. 

Devido àquelas manifestações, cinco jovens universitários foram enquadrados na Lei de Segurança Nacional.  Um drama semelhante ao do namorado dela, só que desta vez com a prisão consumada, trazendo muitos dissabores às famílias dos presos e aos militantes da Esquerda de Florianópolis.

Passados alguns anos, após a anistia, em 1979, o jovem exilado voltou, mas seu romance com Maria da Graça não vingou. Mais tarde, eu já casado e convivendo em nova empresa como colega de Maria da Graça (de novo, estávamos na mesma empresa), constatei que ela havia encontrado um novo amor, e era muito feliz com ele. Mas havia um problema: ambos eram viciados em drogas. E foi isso que dizimou a vida dela, ainda jovem.

Assim como surgiu, ela também desapareceu. A Maria da Graça que vi, na verdade, apareceu-me em sonho. Talvez para dizer-me que encontrou novos caminhos e que continua vivendo feliz no espaço indefinido.