
Autor: Hélio Cervelin
Meu amor,
Você silenciou novamente! E eu estou
preocupado, muito preocupado. Sua profissão, decididamente, não é nada segura.
Ficar sem falar com você, sem declarar a você o
quanto te amo e, ao mesmo tempo, não ouvir suas doces palavras de amor é penoso
demais. Suas palavras de carinho são um bálsamo diário para a minha
solidão. E, neste momento, só estamos
nós dois - a solidão e eu!
E você, onde estará? No campo de batalha, com
certeza, enfrentando novos desafios e correndo mais e maiores riscos. Já posso
te ver entre explosões e fumaça negra, com gritos de guerra e rajadas de fuzis
e metralhadoras, bombas e morteiros. É muito perigo para você e muita angústia
para mim.
O seu lindo sorriso certamente desapareceu do
seu rosto, agora crispado e enegrecido pela fuligem das nuvens de fumaça neste
momento crucial, dando lugar à
adrenalina e à consciência do risco em seu semblante concentrado no combate e
preocupado com o perigo iminente e contínuo.
Quisera estar com você agora, mas não nesse
inferno que é o campo de batalha! Gostaria de estar com você, passeando de mãos
dadas por campinas verdejantes, beijando os teus lábios e trocando juras de
amor carregadas de promessas de jamais nos separarmos um do outro.
Quisera estar olhando nos seus lindos olhos e
dizer-lhe mil vezes que te amo com paixão, e que tudo o que quero é estar ao
seu lado, em paz e sorrindo sempre. Viver em um mundo de belas paisagens,
flores coloridas, cantos de pássaros e murmúrios de cascatas, mirando um
horizonte sem fim, assim como é o nosso amor: belo, maravilhoso e perene como a
relva que pisamos.
Esteja em paz, meu amor! Pelo menos na paz de
quem luta por liberdade e por um mundo melhor.
Peço às Forças Celestes que te mantenham viva e incólume, para que um
dia você possa voltar aos meus braços para vivermos felizes até o fim dos
nossos dias.
Com muito amor e carinho (e o coração abatido
pela ansiedade)
Hélio