Autor: Hélio Cervelin
O tempo passa devagar,
silenciosamente
E o meu corpo, desgastado, ressente-se
da saúde
Células antes vigorosas, aos
poucos, se deterioram
Ficou para trás o vigor da
juventude.
Como um sinete de alarme ele se
manifesta
E inexorável e impiedosamente anuncia
Os sinais de que a matéria se
esvai
E se deteriora mais e mais a cada
dia.
A memória carrega todos os registros
Dos bons, mas também dos maus
momentos
No balanço das lembranças que
permanecem
Misturam-se alegrias, gozos e sofrimentos
Ninguém deseja morrer ainda jovem
Mas, envelhecer, ninguém aceita
de bom grado
Para assistir, do imponente trono
da vaidade
Dia após dia, o seu corpo ser
destronado
Cada ruga nos diz: "Eu vivi,
eu estive lá!"
Cada tropeço revela o peso em toneladas
Levadas, aos poucos, para lá e para
cá
Vivendo a vida, percorrendo suas
estradas
Vai-se o vigor físico, mas fica a
sabedoria
A ponto de sorrir mesmo quando se
vai perder
É algo que não se aceita quando
jovem
Por estarmos "certos"
de que nunca iremos morrer
E nos perguntamos: "O que se
ganha envelhecendo?"
Nada de material que nos complete
integralmente
Pois a vida segue, mesmo depois desta
vida
O nosso ganho virá no
aperfeiçoamento da mente
Somos os construtores do nosso
próprio caminho
Que o pavimentamos, pedra a
pedra, a cada dia
Com as lágrimas derramadas e os
rios de suor
Moldando a argamassa da futura
moradia
Nosso sangue será o pigmento a
dar cor
Às paredes da casa que irá nos
abrigar
Nosso sorriso será a brisa do
jardim
Nossas boas obras, a estrutura do
eterno lar.