Autor: Hélio Cervelin
São
cinco horas de uma madrugada calma no sul do Brasil. No meu quarto de
solitário, o silêncio impera, a paz reina sem intercorrências, sem
interrupções. Nada se ouve, nenhum ruído de automóveis circulando ou daquelas
motocicletas barulhentas, nada... Nem os cães latem (e são tantos na vizinhança).
Nenhum um galo cantando, nenhum pássaro, além de um solitário sabiá. Daqui a pouco
haverá uma manifestação de uma moradora da região, a Aracuã, que desperta
pontualmente a partir das cinco horas e começa a cantar. Tive paz para dormir
neste abençoado silêncio, até agora.
E
então me vem a lembrança dos conflitos na Faixa de Gaza, no Líbano, em Israel,
o Oriente Médio, enfim. Na fronteira entre a Rússia e a Ucrânia, próximo da
Crimeia, cidade que Nostradamus previu, há vários séculos, viria a ser o
estopim para o início da Terceira Guerra Mundial. É o que parece estar se
concretizando.
E
em tantos outros lugares onde pipocam os tiroteios, estouram as bombas
arremessadas do outro lado das fronteiras, por poderosas plataformas; ou do alto,
por aviões bombardeiros raivosos, que riscam os céus, sem preocupação de quem
está embaixo: civis, crianças e idosos, animais, plantas, prédios, tudo vai
pelos ares. É a sanha da guerra por território, por petróleo, água, poder. É a
indignidade humana!
Faço
uma prece para os sofredores dessas guerras e de agradecimento por viver nesta
região de relativa paz.
Por
sua ganância e ignorância, a humanidade não sabe valorizar a natureza tão bela,
com seus rios, cascatas, montanhas, árvores frondosas, flores, pássaros
coloridos, alimentos, frutas exóticas, paisagens deslumbrantes.
Empresários
poderosos, latifundiários, endinheirados exploram a natureza para
locupletarem-se com fortunas em dinheiro e bens, os quais lhes proporcionam
toda sorte de confortos, movimentando-se por todo o planeta, enquanto mantém
operários em regime de semiescravidão produzindo e gerando lucros bilionários,
sem se preocuparem com a sustentabilidade de um planeta que já não suporta mais
tantos maus tratos, sufocado que está no meio de tanto lixo e poluição.
O
Primeiro Mundo explora as populações do resto do mundo a partir de royalties
cobrados sobre uma tecnologia que só eles possuem. E estes países pobres, não
possuindo recursos tecnológicos, jamais escaparão dessa roda vida da
exploração, e continuarão fornecendo suas commodities, seu sangue e suas vidas
a esses opressores sem alma.
E
assim caminha a humanidade, onde a mentira já virou verdade. Onde os humanos
exploram seus iguais sem dó nem piedade, onde o algoritmo lava cérebros à
vontade.