quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

O MENINO DOS OLHOS DE ESMERALDA (Hélio Cervelin, 01 Out 2018)

 


 






 Autor: Hélio Cervelin

 

Era uma vez um menino muito lindo e muito amoroso. Ele tinha a pele morena queimada pelo sol. Seus cabelos eram dourados e longos, e seus olhos eram verdes, parecendo duas esmeraldas. O nome dele era Sol Dourado, mas era chamado por todos simplesmente de Sol.

Sol Dourado vivia muito feliz em um sítio com seus pais. Eles eram agricultores e plantavam cereais (trigo, milho, feijão e arroz) para sustentar a família. Naquele sítio havia muitas frutas, e ele se deliciava subindo nas árvores para apanhá-las, comendo-as ali mesmo. Às vezes nem dava tempo para elas amadurecerem e o menino, afoito, já as apanhava para comer, chegando a fazer caretas, pois ainda não estavam doces. As uvas, então, nem tinham tempo para ficarem vermelhinhas e ele já as atacava.

Sol Dourado gostava de andar na horta, entre os legumes que sua mãe plantava, ao lado da casa. Lá ele apanhava vagens de ervilhas cruas e as comia no mesmo instante. Também colhia cenouras, arrancando-as do chão para comê-las, sem mesmo lavá-las. Quando não havia água por perto, ele as limpava na roupa, mordia-as com gosto, fazendo muito barulho. Mas achava-as deliciosas.

Feliz mesmo ficava quando chegava o domingo, pois era dia de descanso da família dos trabalhos no campo e ele e seus irmãos se embrenhavam nas campinas em busca de aventuras. Gostava de observar os animais pastando, os pássaros voando, e de pescar na lagoa, onde havia muitos peixes dos grandes. Também gostava de ouvir as histórias que sua mãe lhe contava sobre índios, fadas, anjos e Saci Pererê.

Às vezes ele ia ao curral acariciar os cavalinhos recém-nascidos e notava que alguns cavalos que viviam soltos amanheciam suados e com as crinas trançadas com belas tranças. Ao perguntar à sua mãe quem fizera aquilo, ela lhe respondia que, durante a noite, o Saci Pererê gostava de andar a cavalo pelas campinas próximas, galopando a noite toda. E enquanto o cavalo se movimentava, ele o enfeitava com belas tranças.

Para Sol Dourado tudo era maravilhoso: o sítio para brincar, o amor de seus pais e irmãos, a companhia do seu cãozinho preto chamado Bisbim. Havia também porcos, vacas, galinhas, coelhos, ovelhas, muitos animais e muitos pássaros coloridos, que cantavam sem parar.

O menino também gostava de cantar enquanto brincava nas águas dos riachos, que transbordavam em melodias sempre que a chuva parava de cair. Nesses dias ele fazia barquinhos de papel e soltava-os na correnteza, acompanhando-os córrego abaixo, fazendo festa. Ele amava seus brinquedos, e em dias de sol se divertia muito com o carrinho de rolimã que seu pai havia construído para ele e seus irmãos deslizarem ladeira abaixo.  Às vezes levavam tombos fenomenais!

Sol Dourado sentia-se um menino muito feliz, e não tinha pressa em crescer. Então, certo dia olhou para o céu e fez um pedido: não queria jamais crescer, mas sim continuar vivendo da mesma forma: como uma criança feliz, para sempre.

E alguém lá do céu atendeu ao seu pedido. E ele nunca mais cresceu, e então viveu assim feliz para sempre.