sábado, 14 de junho de 2025

NOSSA VIAGEM (A roda gigante da vida) (a) Hélio Cervelin, (14 jun. 2025)





 





Autor: Hélio Cervelin


Como uma semente que se rasga e desabrocha

Nasci da Mãe-Terra, pleno de possibilidades e planos

Ainda era cedo para descobrir que esta vida

É cheia de promessas, frustrações e desenganos

 

A vida começa seu giro, tal qual o arco da bailarina

Partindo da dependência total do ventre da mãe

Soltando-se, aos poucos, em busca de liberdade

Dependente dos cuidados carinhosos e humanos

 

Após nascer, a cada dia é um crescimento

Um aprendizado constante, de ouvir e imitar

Até conseguirmos a tão sonhada independência

De movimentar-nos sozinhos, andar, brincar e falar

 

O tempo vai passando, crescemos e aprendemos

E vamos adquirindo relativa independência

Que até das fraldas e papinhas nos esquecemos

Queremos possuir o mundo sem qualquer interferência

 

Enquanto subimos a curva do arco da vida

Percebemos que temos cada vez mais independência

E quando atingirmos a metade da esfera na subida

Ultrapassaremos a metade da circunferência

 

Metade de nossa vida é aprendizado e subida

Até atingirmos a estável maturidade

É hora de precaver-se para a outra metade que falta

Pois, doravante, começa uma nova verdade

 

Começamos a percorrer a outra metade do círculo

Do qual partimos ao nascer, crescer e subir

Da metade para frente começa a deterioração física

E desceremos para nunca mais subir

 

E tudo o que abandonamos nessa viagem

Tomamos de volta, a começar pela imobilidade

Que aos poucos se impõe, tolhendo nossos passos

É a hora dos filhos aliviarem nossa dificuldade

 

Completa-se o ciclo, é um círculo que se fecha

Aos idosos, aos poucos se esvai a dentição

Lembrando a infância tão bela das papinhas

Mudança completa na força da mastigação

 

E as fraldas que outrora usamos com charme e elegância

Reaparecem, causando-nos estranheza

Aquilo que aprendemos, engatinhando e caminhando

Desaparece agora, minando nossa destreza

 

O círculo se fecha, impiedoso e fatal

A caminhada se completa impondo um silêncio atroz

Demoramos para falar, num processo gradual

Mas o tempo impiedoso irá calar a nossa voz

 

A roda gigante nos levou lá para o alto

Fez o seu giro, e contemplamos a paisagem

O longe ficou perto, mas o chão se aproximou

Com a volta completa, se acaba nossa viagem

 

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