terça-feira, 11 de setembro de 2018

VEREDAS DOS ANJOS (Hélio Cervelin, 09 Set 2018)


Autor: Hélio Cervelin

Pelas veredas da vida, vou caminhando
Ano após ano, dia após dia
Peito aberto, pés descalços
Marcando a relva molhada pela chuva fria

Enquanto caminho, sinto a companhia dos anjos
Com seu amor sem medidas
Por trilhas às vezes claras e amenas
Em outras, densas, desabridas

Há momentos no caminho em que esses anjos
Tornam-se humanos e vêm a mim
Como conselheiros, verdadeiros amigos
E me orientam a caminhar, assim

Anjo-homem, anjo-irmão, anjo-amigo
Anjo-mulher, anjo-mãe, companheira
Que marcaram e ainda marcam minha existência
Lembranças vivas de uma vida inteira

Homens, mulheres, crianças,
 Jovens, meninos, meninas
Amigos, amores, filhos e filhas queridas
São os anjos que orientam meu caminho
Em todas as jornadas vividas.


sexta-feira, 7 de setembro de 2018

ONDAS DA BARRA (Hélio Cervelin)



Autor: Hélio Cervelin

O domingo estava frio na Barra. Era dia 10 de junho de 2001 e a TV estava ligada a todo volume. O tenista catarinense Guga Kuerten acabava de conquistar o tricampeonato no Torneio de Roland Garros, uma competição de alto nível, disputada todos os anos na França.
O bodegueiro Zeca, meu antigo parceiro de farras, surfe e bebedeiras, conhecido popularmente como o Zequinha da Esquina devido ao seu bar estar localizado em uma esquina da Barra da Lagoa, estava exultante de alegria:  o seu boteco estava recheado de manezinhos barulhentos bebendo cerveja e comendo isca de peixe, olhos colados na TV.
A alegria dele era especial, justamente porque ele vira o tenista crescer, praticando o esporte que ora o consagrava, sempre acompanhado do pai, Aldo Kuerten, até a morte prematura deste, deixando o tenista órfão ainda na puberdade. E Zeca sempre dissera para quem quisesse ouvir, com aquele sotaque característico dos moradores da Ilha da Magia: "esse rapaz ainda vai ser um campeão, 'visse'? 'Olhó, olhó, olho', se vai!"
Mas a presença de alguém muito conhecida estancou sua alegria: a entrada súbita e inesperada da Maria do Joca no seu estabelecimento. Ela fora o grande amor de sua vida. Nunca mais a vira desde que se separaram. Ela continuava linda: morena, corpo esguio, cabelos longos e ondulados, olhos penetrantes. Seu coração palpitou loucamente. A princípio ficou estático, mas, aos poucos, foi retomando o fôlego e, sem perdê-la de vista, foi até a prateleira para apanhar o remédio do coração que lhe vinha sendo receitado há muito tempo pelo Dr. Vieira, outro frequentador assíduo do bar, e hoje seu médico cardiologista.
A história de amor de Zequinha e Maria havia sido um tórrido romance ocorrido na década de 1970, quando ambos frequentavam esta praia para surfar e tomar sol. Seu romance ia muito bem, embalado pelo surfe, muito reggae e um bom "baseado".
Naquela época tudo era curtição. Estavam de namoro firme e até chegaram a pensar em casamento. Mas, de repente, surgiu uma notícia-bomba: ela propôs o fim do namoro, declarando-se apaixonada por outro rapaz, o Joca, que era filho do Seu Onofre, proprietário de uma sapataria localizada na Rua Conselheiro Mafra, próximo ao Mercado Público, no Centro de Florianópolis.
Diante daquela notícia - lembrava-se agora - o seu coração, que era frágil, quase parou de vez. E agora sentia a mesma sensação. As memórias do passado voltaram como que em um turbilhão. Quase caiu desmaiado, apoiando-se no balcão, arfando e sentindo o peito comprimido. Chamou seu filho Manequinha e pediu-lhe para tomar conta da freguesia, pois ele precisava tomar um ar fresco.
Saiu do bar pelos fundos e começou a caminhar pela praia, sentindo a areia molhada sob seus pés. Olhou para o horizonte e viu as mesmas montanhas de mais de vinte anos atrás. O som do reggae inundou seus ouvidos. Fechou os olhos e sentiu a doçura dos lábios jovens de Maria.
Fora um tempo bom, de paixões, drogas e Rock and Roll. E muito surfe nas ondas da Barra da Lagoa.  Mas tudo isso ficou no passado. Um passado que jamais será esquecido e que poderá voltar à memória a qualquer momento.

sábado, 1 de setembro de 2018

A EMOÇÃO QUE MAIS ME IMPACTA (Diversos autores do Grupo)

A emoção é a expressão máxima na literatura – seja no conto, crônica ou poesia. Cite a emoção que mais o mobiliza (ou imobiliza) na vida e descreva-a. Dê a esta descrição a conotação exata em que ela direciona seus pensamentos, ações ou reações. Insira nesta descrição – seja ela qual for – as palavras: sentimento, lágrima, dor, riso, compensação,       paisagem, cheiro, cores e espiritualidade.

SENTIMENTO
Áurea Wolff
O sentimento que me causa mais indignação,  me faz derramar lágrimas, é  pensar na dor das pessoas que são discriminadas por serem negros, pobres ou com defeito físico, vítimas de piadas, brincadeiras, frases, palavras e até gestos, para provocarem riso ou desprezo, atitudes que tiram o valor e a dignidade do ser humano.
Em compensação quero lançar para a paisagem e tudo e todos os que nos rodeiam, meu olhar de carinho e compreensão.
Assim  como olho para as árvores floridas, que espalham o cheiro doce de suas flores, que,  com suas cores, dão colorido ao mundo e nos despertam para a espiritualidade que eleva nossa mente e nosso coração em direção  às coisas do Alto, mas no inverno perdem a sua beleza.


GRATIDÃO
Delva Robles
Gratidão é um sentimento que alimento todos os dias de minha vida, especialmente quando vou caminhar na praia perto de minha casa e me deparo com o Morro da Feiticeira.  
Não sei por que tem esse nome, mas ele realmente me enfeitiça.  Não canso de contemplar a imensidão deste morro, sua paisagem, seu cheiro, suas cores. Os pássaros se divertem, mergulhando de cabeça lá de cima, para pegar algum peixe desprevenido no costão do morro.
 espiritualidade brota em meu coração com o sentimento de gratidão.  Gratidão pelos meus pais, meus irmãos, meus avós, minha família, que são meus filhos e meu marido.  
Agradeço, olhando para este morro maravilhoso, e  sinto  que ele me responde com uma  paz imensa que inunda meu espírito.   Se eu já tive lágrimas de dor, hoje o riso e a compensação predominam.     
Agradeço por cada pessoa que cruza o meu caminho, e de alguma forma me ajuda no meu crescimento espiritual. Obrigada! Obrigada!

MANHà DE  DOMINGO
Eliane Haesbaert
Já acordei naquela manhã, vibrando com um sentimento de liberdade ao me conscientizar que era domingo, sem nenhum compromisso externo, sem ter que telefonar ou receber chamadas pelo telefone ou pela campainha da porta.
Como a felicidade assim como a dor, chegam ao longo da vida em doses homeopáticas, quero registrar aqui como minha espiritualidade, nessa singela manhã de domingo, alcançou o Nirvana.
Cumpridas as obrigações rotineiras e prosaicas de quem vive só, resolvi banhar meus cachorros.
Para que eles ficassem tranquilos, secando ao sol e sombra na frente de casa, sem as tentações da terra do quintal, que os faria virar bifes à milanesa, preferi sentar-me no sofazinho da varanda, à sombra, tomando meu indefectível gin tônica e ouvindo melodias harmoniosas da amada Bossa Nova.
Eu almoçaria qualquer coisa que não me desse trabalho, mas em compensação, dava a mim mesma aquele tempo em que minha mente se encontrava completamente vazia de qualquer expectativa, com o olhar vagabundeando pela paisagem das árvores do entorno, principalmente as pitangueira e grumixameira que plantei em frente à minha casa sete anos atrás que, mesmo sem cheiro e cores, uma vez que na época não exibem flores nem frutos, mas que têm o verde exuberante das suas folhagens na moldura daquele céu insuportavelmente azul, sem qualquer vestígio de nuvens e a brisa suave da despedida do verão, anunciando um outono promissor.
Tudo perfeito, desde o gin inglês (raridade!), o clima, o silêncio ligeiramente alterado pelas suaves canções e a mente oca, deixei-me ficar ali até o corpo entrar num torpor de relaxamento total e sentir o formigamento de um leve cochilo.
Conscientizei num riso fugaz essa paz imensa e agradeci o Cosmos pelas duas horas de felicidade autêntica, pura e simples. Tão intensa que me levou às lágrimas, pois é muito tênue o fio umbilical entre a dor e o prazer.
Foi uma manhã rara e inesquecível.


EMOÇÃO E COMPAIXÃO
Hélio Cervelin

Um dos sentimentos que mais me impacta e imobiliza é a compaixão.
Sinto-me chocado e fortemente emocionado quando me deparo com as lágrimas  de dor e sofrimento de um ser humano agredido ou o gemido de qualquer ser vivo em angústia e desolação  Isso me leva a uma forte comoção ou mesmo a uma grande revolta.
Não consigo aceitar qualquer atitude que possa gerar dor e amargura, seja contra as pessoas ou animais de qualquer espécie, e ao presenciar cenas dessa natureza, meu peito se enche de empatia e começo a sofrer juntamente com quem sofre. E me pergunto: por que este mundo tem tantas amarguras?
Nosso riso e alegrias, que são raros, tornam-se uma compensação diante de um mundo tão conturbado pelos desencontros, desentendimentos, carências dos mais variados matizes, desde alimentos até respeito, carinho e amor.  
Uma profunda reflexão poderá nos levar à conclusão de que é impossível  deixarmos de sofrer ou chorar,  pois as perdas e os choques são diários. Quando não ocorrem ao nosso redor - em nossa família, cidade ou país - chegam ao nosso conhecimento, através da TV, Internet ou jornais, as informações de que em outra parte do planeta alguém está sofrendo.
São muitas as mazelas do mundo que trazem dor e sofrimento. E a humanidade, submissa a lideranças tão frágeis e corrompidas pelo poder e pelo dinheiro, está à mercê da própria sorte. A desorientação provocada pela falta de ética deixa um cheiro desagradável no ar. Só mesmo a crença na espiritualidade será capaz de nos dar ânimo para resistir, na esperança de uma nova paisagem no futuro.
Nem todos os sofrimentos podem ser eliminados, mas nosso empenho poderá atenuar  esse quadro, trazendo de volta o perfume das flores em suas mais variadas cores, fazendo-nos vibrar e sonhar com novos horizontes, passíveis de gerar uma compensação pelos suplícios vivenciados.
Outro mundo melhor é possível? 
Não neste planeta desorientado e eivado de erros, intrigas, ganância e egoísmo. Amenizar os dissabores e trazer de volta o sorriso ao rosto dessas pessoas sofredoras deve ser a nossa meta diária, já que, no dizer do poeta, "navegar é preciso, viver não é preciso".


O MEDO
Nídia Nóbrega
O medo me mobiliza. Ou imobiliza. É meio freio ou arma de ataque.
O medo me acompanha no meio da rua, andando na passarela da rodovia, dirigindo sozinha ou enfrentando uma página em branco de um texto.
Mas o medo não me paralisa. Apenas me condiciona para sobreviver e não morrer.
Tenho medo do desamor, da violência, da opressão, da omissão, do desengano, da deslealdade.
O medo me enlouquece na injustiça, no radicalismo, na violência judiciária, na opressão dos desvalidos e dos incapazes até de ter medo.
Tenho medo da fome alheia e da minha – não só de comida, mas de amor, entendimento, solidariedade, empatia e respeito.
O medo mata meu sossego diante das ameaças diárias de quem usa inspirar medo para impedir que, diante dele, não possamos berrar, denunciar, reagir.
Mas o medo também, me inspira doces sentimentos.
Pelo medo tenho mais cuidado, compreensão e carinho. E isso me leva a descobrir mais ternura, calor para o abraço, a palavra amorosa, o gesto de amparo.
Tenho medo de lágrimas que cegam, de soluços que travam palavras, de ameaças que travam braços, pernas e pensamentos.
Tenho medo até mesmo de não ver que podem existir sorrisos e esperanças.
Mas hoje, nesse gueto por onde tenho andado, o medo tem cheiro e cor de abandono, fome, ignorância, doença, violência.
O medo está no lixo, nos biates deixados nos viadutos, nas ponteiras de cigarros fumados debaixo das pontes e nos bancos das praças para enganar a realidade que não se sabe lidar.
Tenho medo do medo que inibe a fé, que sonega certezas, que desperdiça energia com a ausência de futuro.
Tenho medo do que leio nos olhos das crianças abandonadas, dos velhos que esperam sentados ao sol a hora da morte, da menina que espera em vão o amor que se foi.
Me faz chorar o medo que esconde a esperança, a ternura, a verdade, a coragem e a ousadia de viver. Ou o medo que esconde a fé ou a obscurece diante das negações que lhe acompanham.
Tenho medo até de ter de silenciar diante dele.
Mas ainda escrevo.



terça-feira, 28 de agosto de 2018

DESCANSO DO ARTISTA (Hans Wiedemann)



Autor: Hans Wiedemann
 
A vida é um Teatro,
Onde somos atores e artistas,
Por vezes sentados na Plateia,
Observando a movimentação,
Precisando de descansos.

Depois de uma vida de atividades,
Ensinando com nossa experiência,
Vencemos muitas dificuldades,
Por vezes vitorioso,
Às vezes devendo repensar.

Criando sempre mais consciência,
Ajudamos muitos a crescer,
Desenvolvendo a caridade,
Aprendendo a nos doar,
Em benefício do Todo.

Percebendo nossas facilidades,
Intuímos a nossa missão,
Dessa vida à Terra,
Mostrando a nossa felicidade,
Expandindo a nossa Luz.

Quando nos sentimos cansados,
Percebemos merecer uma Pausa,
Acreditando na bondade divina,
Querendo mostrar nossa força,
Em outras paragens Divinas.

Hans
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terça-feira, 21 de agosto de 2018

JULGAMENTO INEXISTENTE (Hans Wiedemann)


Autor: Hans Wiedemann

As religiões criam o julgamento,
Para manter o controle,
Educando através do medo,
A obediência do Ser Social,
Com regras que lhes convêm.

O Homem recebeu a consciência,
Para avaliar a si mesmo,
Dispensando julgamento externo,
Usando o espírito divino,
Transferindo a responsabilidade.

O Infinito desconhece o julgamento,
Sendo a divina Inteligência,
Conhecendo toda a existência,
Tendo sido criado por ele,
Permitindo o desenvolvimento pessoal.

Nosso Eu superior,
Conhece nossas deficiências,
Distinguindo atos prejudiciais,
Dos que promovem o Ser.
Nunca usando julgamento externo.

Assim, o julgamento de Deus,
É transferir responsabilidade,
Sendo cada um seu próprio juiz,
Tendo na Natureza o equilíbrio,
Fazendo parte da iluminação Divina.

 ****

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domingo, 19 de agosto de 2018

ENERGIA DOS RAIOS (Hélio Cervelin)



Autor: Hélio Cervelin

"No mesmo lugar em que ora me sento, muitos outros, em épocas passadas, se sentaram. E outros tantos, pelos mil anos a seguir, se sentarão".     (Nguyen Cong Tru)

Os comentários que farei a seguir referem-se à obra A ENERGIA DOS RAIOS EM NOSSA VIDA (Editora Pensamento, São Paulo, 1987), cujo autor é Trigueirinho, que afirma que "os raios são a base da psicologia no futuro, e neles se fundará o conhecimento do homem". Acrescenta, ainda, que "aquilo que designamos como Raios são expressões de energia, e dizer que somos expressões de raios significa que existimos como manifestação  dessas energias."
Nesta obra, o autor afirma também que o nosso sistema solar não é o único e nem o mais evoluído que existe, sendo apenas um dentre os infinitos manifestados e que o sistema solar onde vivemos é a expressão do segundo raio cósmico, também chamado a Energia de Amor-Sabedoria.
"O Amor-Sabedoria, de nível cósmico, ao expressar-se neste sistema solar, manifesta-se subdividido em sete energias, às quais, neste estudo, estamos chamando de Sete Raios", sendo os seguintes:
1) Vontade-Poder; 2) Amor-Sabedoria; 3) Inteligência Ativa; 4) Harmonia através do Conflito;
5) Conhecimento Concreto;  6) Devoção-Idealismo; 7) Ordem e Organização

Resumidamente, o primeiro raio, isto é, o raio da Vontade-Poder, segundo a obra, foi a primeira energia manifestada "e então os sistemas solares puderam surgir". No primeiro raio é típico esse amor pela concentração. Quando a isso se acrescenta uma reflexão profunda, constante, sobre a própria meta espiritual, a energia da Vontade-Poder flui de maneira mais fácil e simples. Evidentemente, a persistência e a tenacidade fazem parte ativa desse processo."

Já no segundo raio (Amor-Sabedoria) o indivíduo que tiver essa característica como a mais marcante em sua personalidade, será uma pessoa que "aceita tranquilamente que pessoas de outros temperamentos e tendências tenham maneiras diferentes de realizar a mesma ação". Deduz-se daí, que a compreensão e a empatia serão o seu ponto forte.

O terceiro raio (Inteligência Ativa) é descrito como "a energia que adapta a forma, ou corpos à alma que a habita.  Está presente, pois, no momento de nossa encarnação e promove uma série de atividades que, com o decorrer da evolução, vão se tornando inteligentes." Sua função é suscitar no homem a ânsia de fazer as coisas, de trabalhar, de criar e de movimentar-se no plano físico.

Em suma, cada raio representa uma forma de agir do indivíduo, o qual terá maior ou menor dificuldade de interagir neste planeta para entender e realizar sua missão. Uma vez que a  leitura está em andamento (falta ainda discorrer e refletir sobre os outros quatro raios), pode-se imaginar que muitos conceitos que ainda desconhecemos passarão a nos orientar, permitindo-nos entender melhor os desígnios de nossa existência.

sábado, 18 de agosto de 2018

BOM DIA, SR. MANDELA (Áurea Wolff)


Autora: Áurea Wolff

Escrito pela  secretária pessoal  do Líder humanitário em um relato emocionante, Zelda  la   Grange.

            Li algumas vezes sobre a vida  de Mandela. Sobre sua garra para defender  o povo negro da África do  Sul do regime do  apartheid, sobre seus 27 anos  confinado em uma prisão e que, quando saiu, foi eleito presidente, já com idade avançada.  
            Nesta obra de Zelda la Grange, uma secretária branca, educada acreditando que o regime de segregação racial era normal, ela mostra a influência poderosa do coração generoso e sábio do líder africano na sua mudança de visão da discriminação alimentada pelos brancos.    
            É  um relato  mais emocional e amoroso do que  histórico, embora  coloque bem claro a maratona da vida   de um apaixonado pelo ideal de ver  união entre todas as pessoas sem considerar a cor da pele,  sua origem e sua raça, todos tendo os mesmos direitos de ir e vir, frequentar os mesmos  lugares, as mesmas escolas, as mesmas igrejas. Promovia a dignidade e o respeito pelo ser humano.
            Além de esta obra me fazer conhecer a força,  o poder e a determinação deste homem para conseguir  realizar  o grande desejo de ver seu povo libertado do regime de opressão, ele demonstrou seu coração generoso ao conviver com brancos que o maltrataram,  tratando  todos com respeito e fazendo questão de cumprimentar apertando a mão das pessoas, sem rancor ou mágoa.
            Conhecer  a visão de alguém que conviveu de perto com ele, que esteve anos  ao seu lado e se beneficiou de sua sabedoria, me fez conhecer mais de perto o político, o líder, o humanitário que pensava  mais nos outros do que em si mesmo.
            Mas o que mais me chamou a atenção foram as suas palavras: “as pessoas  sentirão que vejo demais o bem nas pessoas. Então é uma crítica que  devo suportar e com a qual tento me ajustar,  pois, seja verdade ou não, é algo que penso ser proveitoso. É uma coisa boa de assumir, agir com base no fato de que... os outros são homens de integridade e honra... porque você tende a atrair integridade e honra, se é dessa maneira que olha para aqueles com quem trabalha".
            Estas suas palavras rebuscadas e ditas com muita elegância e clareza me levaram a crer que, na minha simplicidade,  eu entendi o  Sr Mandela. Quero ver  e mostrar sempre o bem nas pessoas, pois  minha aceitação pode ajudá-las a verem  e desenvolverem também o seu lado bom e acreditar em si mesmas.
            "Bom dia,  Senhor Mandela, deu-me lições de paciência, confiança  e amor ao próximo e mais  a satisfação de saber que um povo todo, a humanidade  foi beneficiada com a determinação e a coragem deste  grande guerreiro que usou as armas e o poder  da sabedoria para conseguir  realizar seus sonhos.