sábado, 30 de junho de 2018

FOME (Elizete Menezes)


Autora: Elizete Menezes 


Sua fome é de quê?
Fome que se reporta às ruas
Às criaturas sem teto
Sem comida
Sem amor
Sem sentimentos 

Fome é fome, fome de tudo
Existem fomes que consomem
Fome essa que destrói as criaturas
Que infame essa fome
Que arrebata a alma e que angustia

Porque não é só a fome de comida
É a fome de moradia
Fome de amor e caridade
Fome por justiça e saúde
É essa fome que dói a barriga do pobre

Fome não é só a que dói a boca do estômago.
Fome é fome, seja ela de que dor for 
Fome é isso
Fome do coração
Da alma
E do corpo 
Fome que dói a alma da criatura
Sem dó


quarta-feira, 27 de junho de 2018

QUEM MOVE O MUNDO? (Áurea Wolff)


Autora: Áurea Woff

Fiz várias tentativas de escrever sobre a fome,  porém o tema sempre me parecia inadequado e vazio. Decidi  que não tenho muito a escrever sobre este assunto, pois as histórias que conhecemos sobre tempos de fome são terríveis e não quero  lembrá-las.Também sofro ao pensar numa pessoa com fome.  
Num contexto onde me perguntei:  "O que é que move o mundo? O amor? O sexo? O dinheiro? A sabedoria? Deus?"  deparei-me com uma resposta muito fria  e cruel: a fome move o mundo!  
O homem  tornou-se caçador ao ser desafiado pelo perigo da fome. Enfrentou as florestas e os animais ferozes para conseguir comida; arriscou-se nas águas dos rios e dos mares movido pelo medo da fome; cavou a terra, enfrentando chuvas, frio, enchentes, sol escaldante, para trazer comida para casa, para si e para sua família, pelo temor de passar fome. 
O ser humano, homem ou mulher, sai de casa de madrugada para trabalhar, movido não por gostar do trabalho, mas por necessitar ter dinheiro para não ter fome; para não deixar os seus terem fome. Ele  viaja, faz empreendimentos, cria necessidades, recebendo como resposta o pagamento com o qual vai comprar alimentos,  para não passar fome; vai morar distante dos seus, num meio hostil, numa montanha de pedra, numa cerca de arame, a tudo suporta para não passar fome. Ele pode fazer isso tudo por amor, pelo sexo, pela sabedoria, por Deus, mas, antes de tudo, ele é desafiado pela fome. 
E se lançarmos um olhar  sobre nossas vidas, cada um de nós seguiu um caminho para garantir o pão de cada dia, o café da manhã, o almoço, o jantar. Se falta uma dessas refeições, não conseguimos nem raciocinar direito. Esta mola propulsora da nossa vida está tão arraigada dentro de nós que a esquecemos e passamos a dar nomes lindos para a nossa caminhada, tais como: vocação, escolhas, padrão de vida, sonhos.
Os grandes empreendimentos têm como objetivo aparente o lucro financeiro, mas, por trás desta motivação está algo extremamente concreto que é o sustento do pão da humanidade. Mesmo quando os meios são nocivos à saúde, à qualidade de vida, eles são o pão de cada dia de tantas criaturas.
Jesus disse que nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.      Ele falou que "o pão é a vida", e sabemos que  sem o pão  nem dá para escutar a palavra.
Angustia-me pensar que um ser humano passa fome, que não tem as refeições necessárias para a vida, todos os dias. Como pode esta pessoa pensar, trabalhar, estudar, caminhar?
Eu mesma, se por qualquer circunstância não almoço, fico indisposta, sem forças. É neste momento que vejo o milagre de Deus, dando a força e o alimento do Seu amor para estes seus filhos que não têm pão.
Será então a fome o que move o mundo?


terça-feira, 26 de junho de 2018

BRASIL: CAOS SEM FIM (Hélio Cervelin)


Autor: Hélio Cervelin
 
Malas recheadas, circulando
Dinheiro do povo, vazando
Nos esgotos do poder
Encontros mais que furtivos
Beneficiando os amigos
Mas ninguém pode saber

Pó pairando no ar
Aviões caindo ao chão
Ou no mar 
Candidatos eliminados
A justiça olha pro lado
Nada há a investigar
 
Audiências direcionadas
Provas certas, escamoteadas
Flagrante manipulação
Verdades sendo compradas
Testemunhas postergadas
E o povo em prostração 

Lágrimas de sangue vermelho
Risos perante o espelho
Neste círculo de horror
Nosso ouro vai embora
E o povo todo chora
Desemprego, fome e dor 

O inimigo avançando
Por aqui vai se instalando
E toma conta da riqueza
A esperança quase morta
Nenhuma reza conforta 
Não tem mais fim a tristeza

Nossas mãos estão atadas
Nossos pés acorrentados
Nosso cérebro vai mal
Nossas forças se esvaindo
O horizonte está sumindo
Capitulação final.

segunda-feira, 25 de junho de 2018

DO QUE GOSTO E DO QUE NÃO GOSTO (Hélio Cervelin)


 
Autor: Hélio Cervelin

Gosto muito de ler, escrever e estudar, pois entendo que todos nós temos muito a aprender com as demais pessoas, especialmente ao conhecermos suas histórias, que podem conter dramas, dificuldades e também alegrias e superação, suas trajetórias de vida.
É nesse momento que se percebe o grande valor dos literatos (cineastas, escritores, poetas, dramaturgos), enfim todos os que conseguem registrar, reproduzir ou divulgar as relações humanas, transmitindo-as e perenizando-as através dos tempos.
A história de vida de cada um é única, e geralmente muito semelhante à de outras pessoas, já que vivemos em sociedade e sob a égide de culturas afins, envolvendo leis, normas e necessidades também semelhantes. Nessa mesma linha podemos ressaltar a similaridade dos comportamentos pessoais e, por extensão, dos grupos sociais.
Dentre as minhas preferências no que concerne a lazer e entretenimento, gosto de viajar, ouvir música, ir ao teatro e ao cinema, frequentar bares e restaurantes, degustar bons vinhos. Para espairecer, gosto de passeios a sítios, fazer trilhas, andar em praias e tomar um relaxante banho de mar.
Viver em sociedade é saber respeitar as pessoas e harmonizar-se com elas, através do respeito, a amizade e o carinho. O amor à natureza e ao meio ambiente, o que envolve o planeta, suas flores, rios, florestas, animais e, especialmente, as pessoas é um fator preponderante. Ao respeitarmos esses elementos estaremos promovendo a paz, que é um estado vital de não confronto, já que a guerra tem como ponto de partida tudo o que detesto, exatamente por ser o estopim para os desentendimentos.
Dentre o que desaprovo e me deixam triste, constrangido ou revoltado estão  a rispidez, o deboche, a hipocrisia, o preconceito, o egoísmo, a ganância, a corrupção, a fome e a miséria. Todos são fatores que podem provocar uma guerra, a qual, por sua vez, é o conflito mais indesejável, porque destrutivo e trágico. Esses vícios, em última instância, produzem todas as mazelas e os sofrimentos que são sentidos na carne e no sistema psicológico dos indivíduos, causando perdas, dor e revolta.
Podemos afirmar com segurança que a fome e a guerra são consequência dos diversos fatores negativos associados, principalmente o egoísmo, a ganância e a corrupção, pois estes alteram o fluxo natural das coisas, criando fatos que desestruturam as sociedades e geram um sistema perverso. O resultado disso são as levas de excluídos por todo o planeta, os conflitos entre as nações, em especial  por fronteiras, petróleo e água.
Parece coincidência que a ausência das atitudes humanas mais nefastas gere um clima natural de paz, harmonia e concórdia, enquanto os vícios e as atitudes malsãs provocam todas as tragédias e os sofrimentos. Conflitos que poderiam ser evitados se imperassem o respeito aos diferentes, a amizade, o amor ao próximo, inclusive ao planeta e suas belezas minerais, vegetais e animais e tudo de bom que produzem.

sábado, 23 de junho de 2018

GOSTAR, DEIXAR DE GOSTAR (Hans Wiedemann)



Autor: Hans Wiedemann

Gostar

Gostar pode ter momentos,
Que se adéquam às emoções,
Satisfazendo as vontades do Ego,
Para se sentir importante,
Dando a impressão de felicidade.

Assim, imaginar o futuro,
Desconhecendo limites,
Realiza os nossos sonhos,
De viver uma liberdade,
Que pouco desfrutamos na vida.

Passear dentro da Natureza,
Nos conecta com a Terra,
Permitindo sentir a energia,
Equilibrando nosso Ser,
Dando-nos paz de espírito.

Doar caridade ao irmão,
Satisfaz-nos como convivas,
Trocando energia de amor,
Recebendo a energia,
Deixando todos felizes.

Ficar um tempo sozinho,
Permite-nos pensar na vida,
Olhando a vida de fora.
Descobrindo nossas falhas.
Nos alegrando com os consertos.

Gostar da vida é essência,
Tendo prazer na existência,
Percebendo a felicidade,
Expandindo nossa Luz,
Em benefício de todos.

Deixar de Gostar

Nunca usando o negativo,
Podemos ser mais positivos,
Criando as alternativas,
Produzindo um mundo melhor,
Deixando de se perder.

Os tempos na Terra são curtos,
Assim os devemos aproveitar,
Deixando de gastar tempo,
Com o que nos é enfadonho,
Ou pouco contribui para o Ser.

Assim, discussões sem nexo,
Leituras sem consistência,
Passeios ao shopping sem objetivo,
Beber por simplesmente beber,
Deixam de contribuir para o Ser.

Ouvir críticas sem fundamento,
Sem propostas alternativas,
Somente para maldizer,
Nos deixam desenergizados,
Podendo nos adoecer

Criar conflitos vãos,
Serve somente para prejudicar,
Denegrindo nosso meio,
Terminando por trazer revolta,
Entristecendo os ânimos.

Assim, devemos evitar,
Atividades que desgostamos,
Por deixarem de contribuir,
Para manter a energia elevada,
E sermos então mais felizes.






quinta-feira, 21 de junho de 2018

CONSIDERAÇÕES SOBRE A GREVE DOS CAMINHONEIROS (Eliana Haesbaert (Lili))

Estamos vivendo hoje, nesta sexta-feira, dia 25 do mês de maio do Ano Santo de 2018, o quinto dia desta greve poderosa e paralisante. Ouvimos, lemos e assistimos a tudo num misto de indignação estupefação e passividade.
Já vivenciamos incontáveis greves de quase todos os segmentos da sociedade pública e todas nos atingem, cidadãos comuns, direta ou indiretamente.
Mas esta - em particular – mostra mais rapidamente suas conseqüências nefastas e arrasadoras, talvez porque vivamos numa nova era: a da civilização virtual, digital, das comunicações online e instantâneas, que a percebemos como mais cruel e avassaladora. Atinge tudo e a todos. Nessa paralisação total e absurda, não pretendamos julgar o lado culpado e/ou inocente.
Percebo que a base de todos os grandes problemas nacionais é que vivemos num país continental, gigantesco, tropical, abençoado e bonito por natureza, mas inadministrável, e que ainda "engatinha" na sua imaturidade de apenas 518 anos, enquanto os países europeus e asiáticos, por exemplo, já viveram 21 séculos cristãos e outros anteriores. Tiveram tempo para consertar seus erros pelas experiências vividas e duas grandes guerras. Mesmo assim, até hoje apresentam problemas sociais.
Porque a Humanidade na sua essência majoritária é má, sectária, egoísta e com uma ganância de poder insaciável.
Neste país-bebê e muito malcriado, além do tempo necessário para “limpar” a política pública e os políticos governantes, é preciso a “limpeza e evolução” dos espíritos que aqui vivem.
Nos Anos 40 do século passado, Stephan Zweight cunhou que o Brasil seria o país do futuro. Sejamos otimistas acreditando que ainda o será, num futuro incerto e longínquo, muito além desta e de outras greves que fatalmente ainda virão.



segunda-feira, 18 de junho de 2018

SEUS OLHOS FALAM DE AMOR (Hélio Cervelin)



Autor: Hélio Cervelin
 
Seus olhos sempre me dizem
Que não será sempre assim
Que as coisas podem mudar
Neste universo sem fim
Que o amor não pereceu
Que a angústia irá embora
E que a dor não aconteceu

Seus olhos sempre me dizem
Que  o amor  vencerá
Que a vida vale a pena
Que nada assim ficará
Vem junto a mim, meu amor
Que eu prometo te amar
E aplacar a tua dor

Seus olhos sempre me dizem
Para parar de sofrer
E arriscar a ser feliz
E a cada dia renascer
Erguer minha cabeça
Respirar profundamente
E ver tudo lindo acontecer

Seus olhos sempre me dizem
Deixe a tristeza pra lá
Pois o mundo é um caminho
Pra viver, sorrir e amar
Vamos subir as montanhas
Ver os jardins florescer
E em límpidas águas mergulhar

A vida é feita pra viver
Sorrir,  amar, arriscar
A vida só vale a pena
Se nosso relógio parar
Pra viver tudo em sequência
Aventuras, amor, liberdade
A vida é apenas um dia
Perante a eternidade.