sábado, 14 de setembro de 2019

QUEM SEREMOS NO FUTURO? (Eliana Haesbaert)



Autora: Eliana Haesbaert

Para tentar responder a essa incógnita é preciso generalizar e, ao mesmo tempo, limitar a amostragem.
Na atual Humanidade, não podemos misturar na mesma vala a civilização ocidental urbana e, por exemplo, os aborígenes australianos, os negros africanos e os índios sobreviventes das Américas.
Vamos nos limitar ao futuro da Humanidade ocidental urbana de classe média.
A civilização européia durante quase dois séculos colonizou e explorou povos novos ou menos afortunados e sugou o que foi possível desses territórios e dominou perversamente seus habitantes.
Dominadores e dominados hoje libertos, sobreviventes de cataclismos e guerras ferozes em busca do poder, atualmente chamada de civilização humanóide analógicas está em plena extinção.
No final do século XX com o advento da tecnologia digital que apareceu há uns trinta ou quarenta anos até hoje, aconteceu, desenvolveu-se aprimorou-se e se propagou de forma desenfreada e incontrolável e hoje domina a Humanidade deste planeta globalizado.
O ser humano, nos seus sentidos físicos e emocionais conhecidos até então, desumanizou-se.
Acabou o olho no olho e a conversação franca e frontal.
Essa nova civilização que já está aí, em plena nova formação, vive através da uma telinha e está perdendo o contato com a realidade que até então nos foi permitida.
Transformou-se numa civilização de zumbis virtuais.
Ao invés de usufruir o real à sua volta, vê tudo através da telinha. Precisa reaprender o equilíbrio
Acredito que passado um tempo, que nem me atrevo a medir com nossas tradicionais e precárias limitações, essa doença obsessiva há de passar e prevalecer a equidade.
Nós, aqui presentes, não mais estaremos aqui, teremos virado cinzas ou os vermes já terão comido nossas entranhas confinadas na terra, esse hábito imundo, atrasado e bizarro que também, felizmente, se encontra em extinção.
Eu, particularmente, procurei e estou conseguindo viver fora – o mais possível de me tornar uma zumbi virtual que tem ânsias de fotografar tudo e qualquer coisa e a si mesmos (as ridículas selfies), pessoas que ao invés de usufruir o que está à sua volta, no mundo que conhecemos como “real”, preferem vê-la reproduzida na tela, além de se exporem demais.
Eu prefiro me manter analógica, sentindo respeito e humildade por me ter sido concedida esta morada cósmica, olhando as flores e as árvores, cheirando o perfume das flores, sentindo o prazer tátil do aveludado da grama, ouvindo o cantar dos pássaros e sentindo o frescor da água na minha garganta sedenta.
E ao sentir tudo isso, eu me curvo diante da natureza que me trouxe do infinito e ao eterno há de me levar.

O que seremos – como civilização futura?
Energia cósmica?
Inteligências voláteis eternamente em aperfeiçoamento?
Seres ainda mais biônicos convivendo com a internet das coisas, tendo a nuvem como arquivo geral e a inteligência artificial?

Não sabemos...

Esse é o mistério que nos motiva e impulsiona neste viver.

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