
Autora: Eliana Haesbaert
Para tentar responder a essa incógnita
é preciso generalizar e, ao mesmo tempo, limitar a amostragem.
Na atual Humanidade, não podemos
misturar na mesma vala a civilização ocidental urbana e, por exemplo, os
aborígenes australianos, os negros africanos e os índios sobreviventes das
Américas.
Vamos nos limitar ao futuro da
Humanidade ocidental urbana de classe média.
A civilização européia durante quase dois
séculos colonizou e explorou povos novos ou menos afortunados e sugou o que foi
possível desses territórios e dominou perversamente seus habitantes.
Dominadores e dominados hoje libertos,
sobreviventes de cataclismos e guerras ferozes em busca do poder, atualmente
chamada de civilização humanóide analógicas está em plena extinção.
No final do século XX com o advento da
tecnologia digital que apareceu há uns trinta ou quarenta anos até hoje, aconteceu,
desenvolveu-se aprimorou-se e se propagou de forma desenfreada e incontrolável e
hoje domina a Humanidade deste planeta globalizado.
O ser humano, nos seus sentidos
físicos e emocionais conhecidos até então, desumanizou-se.
Acabou o olho no olho e a conversação
franca e frontal.
Essa nova civilização que já está aí,
em plena nova formação, vive através da uma telinha e está perdendo o contato
com a realidade que até então nos foi permitida.
Transformou-se numa civilização de
zumbis virtuais.
Ao invés de usufruir o real à sua
volta, vê tudo através da telinha. Precisa reaprender o equilíbrio
Acredito que passado um tempo, que nem
me atrevo a medir com nossas tradicionais e precárias limitações, essa doença
obsessiva há de passar e prevalecer a equidade.
Nós, aqui presentes, não mais
estaremos aqui, teremos virado cinzas ou os vermes já terão comido nossas
entranhas confinadas na terra, esse hábito imundo, atrasado e bizarro que
também, felizmente, se encontra em extinção.
Eu, particularmente, procurei e estou
conseguindo viver fora – o mais possível de me tornar uma zumbi virtual que tem
ânsias de fotografar tudo e qualquer coisa e a si mesmos (as ridículas selfies), pessoas que ao invés de usufruir
o que está à sua volta, no mundo que conhecemos como “real”, preferem vê-la
reproduzida na tela, além de se exporem demais.
Eu prefiro me manter analógica,
sentindo respeito e humildade por me ter sido concedida esta morada cósmica, olhando as flores e as árvores, cheirando o perfume das flores,
sentindo o prazer tátil do aveludado
da grama, ouvindo o cantar dos
pássaros e sentindo o frescor da água na minha garganta sedenta.
E ao sentir tudo isso, eu me curvo
diante da natureza que me trouxe do infinito e ao eterno há de me levar.
O que seremos – como civilização
futura?
Energia cósmica?
Inteligências voláteis eternamente em
aperfeiçoamento?
Seres ainda mais biônicos convivendo
com a internet das coisas, tendo a nuvem como arquivo geral e a inteligência
artificial?
Não sabemos...
Esse é o mistério que nos motiva e
impulsiona neste viver.
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