sábado, 30 de janeiro de 2021

QUANDO NASCE UM POEMA (Hélio Cervelin, 27Jan2021)

 














Autor: Hélio Cervelin


A inspiração de um poeta vem e vai ao sabor do vento

É um momento

A ideia não aproveitada, ao ser desperdiçada, continua

A vagar no espaço, perdendo-se ao relento


Aquele novo poema, que surgiria com excelência

Com todos os elementos para ser inesquecível

Ao ser desprezado, atinge nova face da consciência

E desce à vala comum do inexequível


Uma linda ideia pode desvanecer-se no espaço

Por falta de papel e lápis à mão

Pela sua falta de força no braço

Ou porque o poeta disse não


Não procurou as palavras certas

Não se animou a acender a luz

E não deixou as portas abertas

Para a ideia brilhante que, naquele instante, reluz


Criar é pensar, é penar como uma ciosa mãe

Que sofre e se esforça para dar à luz mais um ser

Um poema que surge é uma nova existência

Uma genuína e feliz manifestação do saber


Um novo ser precisa nascer da forma certa

E contemplar ao seu entorno todas as aspirações

Pois que ficará para sempre como página aberta

A encantar, ao seu contato, todos os corações




segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

RECORDAÇÕES ( Elizete Menezes)

 









Autora: Elizete Menezes

Passei toda a minha infância no litoral, no bairro Vila Nova, na cidade de Imbituba, SC.

Naquela época, tirava notas azuis e morria de medo de notas vermelhas no meu boletim. Tinha que ser acima de 7. Morava com os meus pais e irmãos, vivíamos da pesca, plantação de mandioca, feijão, milho, amendoim, etc. Possuíamos um engenho de farinha, próximo à nossa casa, onde fazíamos farinha, beiju, cuscuz de amendoim e de farinha de milho, roscas de polvilho. Minha mãe me levava para raspar a mandioca e comíamos laranjas com farinha quentinha, feita na hora. Tínhamos melancia fresquinha porque meu pai as colhia na roça e as colocava em um balde dentro do poço de casa para refrescar.

Íamos a praia da Vila Nova de charrete. Tínhamos carroça puxada por um cavalo, na qual meu pai saía para vender os peixes que pescava. Tínhamos também cavalos, cabritos e coelhos que meu irmão fazia a criação; das galinhas era a minha mãe quem cuidava, colhendo ovos saudáveis. Também tínhamos cachorro e gato.

Os uniformes e material escolar eram comprados pelos nossos pais com muito suor; o calçado era conga (uso obrigatório); não tínhamos celular... As pesquisas de escola eram feitas em bibliotecas da escola ou públicas e nas enciclopédias, porque lá não havia energia elétrica, nem água encanada.

O trabalho era escrito à mão e na folha de papel almaço, a capa era feita com papel sulfite.

Tinha dever de casa pra fazer, a Educação Física era de verdade, tínhamos carteirinha pra dizer presente, ausente e atrasado e ainda cantávamos o Hino Nacional no pátio antes de ir para a sala de aula.

Na escola tinha o Gordo, a Magrela, a Branca Azeda, Quatro Olhos, a Baixinha, a Olívia Palito, o Palitão, o Cabelo Bombril, o Negão, o Piriquito, o Narigudo, a Girafa e por aí vai... Todo mundo era zoado, às vezes até brigávamos, mas logo estava tudo resolvido e seguia a amizade... Era brincadeira e ninguém se queixava de bullying. Existia o valentão, mas também existia quem nos defendesse. O lanche era levado dentro de um saco de pão pardo.

Era uma época em que ser gordinho (a) era sinal de saúde, e se fosse magro, tínhamos que tomar o Biotônico Fontoura. A frase “espera aí, mãe!” era para ficar mais tempo na rua e não no computador ou no celular.

Colecionavam-se figurinhas, bolinhas de gude, papéis de cartas, selos! As brincadeiras eram saudáveis, brincávamos de bater em figurinhas... e não nos colegas e professores. Adorava quando a professora usava mimeógrafo e aquele cheiro do álcool tomava conta da sala, Muitas vezes o xerox era no vidro da janela da sala de aula.

A rua era pra jogar bola, brincar de esconde-esconde, de queimada, pular corda, subir em árvores, pique bandeira, tomar banho na lagoa ou na praia, brincar nas dunas, brincar de carrinho de boi de sabugo de milho, pular elástico; pique-esconde, taco, bilboquê, jogar pião, brincar de polícia e ladrão; andar de bicicleta ou carrinho de rolimã; soltar pipa; e ficar na rua até tarde. Muitas vezes com a mãe tomando conta sentada no portão.

Comia na casa dos colegas, e quando chegava em casa tomava esporro por isso (“Não tem comida em casa?”)♀

Não importava se meu amigo era negro, branco, pardo, rico, pobre, menino ou menina, todo mundo brincava junto e como era bom. Bom, não, era maravilhoso!
Que saudades desse tempo em que a chuva tinha cheiro de terra molhada! Época em que nossa única dor era quando passava Mertiolate nos machucados. Felizes em comparação com esse mundo de hoje onde tudo se torna bullying.

Nossos pais eram presentes, mesmo trabalhando fora o dia todo, educação era em casa, até porque, ai da gente se a mãe tivesse que ir à escola por aprontarmos! Nada de chegar em casa com algo que não era nosso, desrespeitar alguém mais velho ou se meter em alguma conversa. Xiiii... Era um tapa logo ou só aquele olhar de "quando chegar em casa conversamos” já sabia que eu iria apanhar.

Tínhamos que levantar para os mais velhos sentarem. Fico me perguntando, quando foi que tudo mudou e os valores se perderam e se inverteram dessa forma?

Pois foi exatamente assim que vivi minha infância. Claro que tive um sorriso no rosto enquanto escrevia, relembrei de vários bons momentos…

Quanta saudade, quantos valores, que para esta geração não valem nada!

Sou grata por tudo que vivi e aprendi. Fui muito FELIZ!!!

domingo, 24 de janeiro de 2021

PÁSSAROS (Hélio Cervelin, 24 Jan 2021)

 














Autor: Hélio Cervelin

Chove devagar e insistentemente há duas semanas, alternando-se entre chuvas leves durante o dia e chuvas torrenciais com fortes trovoadas nas madrugadas.

Nesta manhã chego até a janela, e a primeira imagem que vejo entre os pingos de chuva é a de um lindo pássaro de peito amarelo, pousado num galho seco de uma árvore do jardim, cantando alegremente.

Comecei a pensar sobre ele e a me perguntar: Ele não tem medo da chuva, de ficar doente? Será ele feliz? Por que está sozinho? Terá ele uma companheira que ele ama e pensa nela o tempo todo? Terá ele filhos com ela? Existe a fidelidade entre os casais de pássaros, ou terão liberdade total em seus relacionamentos? Serão casuais os seus encontros, sem cobranças, sem a obrigação de ligar no dia seguinte? Se assim for, quando nós humanos chegaremos a esse nível de relacionamento?

Invejo os pássaros pela sua beleza, leveza e liberdade de ação! Andam pelos céus, protegidos dos perigos terrenos, voam ao sabor dos ventos, contemplando as lindas paisagens que se desenham ao longe, movimentando-se o tempo todo e conhecendo lugares diferentes.

E cantam! Entoam lindas canções como que em agradecimento pela liberdade de que desfrutam, sem estarem presos a compromissos. Talvez esse estágio seja um degrau acima de nossa evolução humana, presa aos bens materiais, escrava e submissa aos “poderosos” endinheirados.

Os pássaros são livres e por isso não necessitam de dinheiro para viajar ou para hospedar-se fora de casa. Essa é a liberdade que as asas lhes proporcionam!

De nossa parte só nos resta o consolo da liberdade de sonhar, sonhar, sonhar! E transpor nossos obstáculos através da imaginação sonhadora.

Ai, que inveja eu sinto dos pássaros!



sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

SER IDOSO (Hans Christian Wiedemann)

 










Autor: Hans Christian Wiedemann


Somos todos Idosos

A todo instante

Tendo um passado

Cheios de histórias

Carregando experiências.


Tornar-se idoso

É substituir células

Sempre as retrabalhando

Mantendo a existência

Com alguma eficiência


Idosos somos

Desde a existência

Evoluindo no tempo

Agregando experiências

Mostrando Luzes.


Temos dentro de nós

Sempre um Jovem

Que sabe inovar

Bastando estimular

A sua vontade.


Temos em nós

Todas as idades

Desde a criação

Pela Inteligência superior

Que nos é desconhecida.



segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

EU SOU DAQUELES (Hélio Cervelin, 18jan2021)

 













Autor: Hélio Cervelin


Eu sou daqueles

Que negam a pandemia

Que rejeitam a ciência

E também a Filosofia


Eu sou daqueles

Que sofrem de impaciência

E não sabem o que é compaixão

Que não têm benevolência


Eu sou daqueles

Cuja palavra é que vale

Os outros não sabem nada

E quero mais é que se calem


Eu sou daqueles

Que se acham muito bonitos

Que querem matar um vírus

Com veneno pra mosquitos


Eu sou daqueles

Que estudaram até o primário

E que desfiam seu rosário

Querendo os cientistas calar


Eu sou daqueles

Por Deus iluminados

E de Satanás é filho

Quem não estiver do meu lado


Eu sou daqueles

Que não têm medo da morte

Desde que os outros pereçam

E que eu não tenha a mesma sorte


E sou daqueles

Que não choram a perda da vida

Desde que se preserve

A mim e à minha família querida

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

ESCREVER É EXPANDIR (Hans Christian Wiedemann)










Autor: Hans Christian Wiedemann


Escrever é expandir

Aquilo que recebem

Deixando a intuição

Aceitar pensamentos

Traduzindo em palavras.


Escrever é perceber

O valor das palavras

Que iluminam a vida

Mostrando prazer

De Existir.


Escrever é encantar

O que vem a mente

Ditado pelo espírito

Por nós percebido

Depois registrado.


Escrever é sentir

O Amor que permeia

A nossa existência

Sem ter consciência

Do seu Poder.


Escrever é assumir

O nosso papel

Cumprindo nossa missão

Ouvindo o espírito

Ditando um desejo.



SONHAR O IMPOSSÍVEL Hélio Cervelin, (04 Jan 2021)

 

        















Autor: Hélio Cervelin


Sonhar, sempre é possível sonhar

Cantar faz bem e deve-se sempre cantar

E sorrir todos os dias, mesmo no irrisível

Chorar, só quando não dá mais pra segurar


Rezar, não apenas um terço, mas um rosário inteiro

Refletir sobre as contas, dedilhando uma a uma

Para esmagar as angústias represadas

Como a onda que bate e se desfaz na bruma


Sonhar, quando o sonho é singelo

E que, por isso, passível de alcançar

É muito pouco, é preciso querer mais

A realidade fria é algo a aquebrantar


Cantar! Cantar pra ela as mais doces melodias

Aquecer o sangue e provocar agitação

É uma atitude que afasta as melancolias

Faz bem à alma e acelera o coração


Pensar! Pensar nela com muita força e ternura

Acreditar que o amor vai logo acontecer

Embora tudo possa ser uma utopia

É preciso inventar novas razões para viver