Autor: Hélio Cervelin
Esperava ansiosamente pela atenção de minha mãe. Queria que ela olhasse as unhas dos meus pés.
Depois
de um certo tempo, ela finalmente chegou. Eu já me encontrava
sentado numa cadeira, os pés levantados sobre outra. Então ela veio
e começou a trabalhar, dedicada e amorosamente, as unhas dos meus
pés. Depois de determinado tempo, afastou-se.
Percebendo a demora, chamei-a.
Então ela disse:
— O que foi, meu filho?
E eu lhe respondi:
— A senhora não vai terminar?
Ao que ela afirmou: - Eu já terminei.
— Desculpe, pensei que estivesse descansando!, ponderei.
Então levantei-me para lhe agradecer, beijando sua face direita.
Minha mãe era uma mulher alta, esbelta, cabelos castanhos. Usava um vestido longo, claro, com estampas florais suaves.
Então ela se movimentou, ficando de pé ao meu lado. Entendi que queria mais um beijo. Então a beijei novamente, desta vez na face esquerda, de pele alva.
Isso feito, encaminhei-me para o meu quarto, encontrando no caminho o meu sobrinho Aírton, cantando a plenos pulmões a canção antiga de Tonico e Tinoco, Chico Mineiro, que dizia:
Fizemos
a última viagem
Foi
lá pro sertão de Goiás
Fui
eu e o Chico Mineiro
Também
foi o capataz …
Sem interromper, sorri para ele, apontando o indicador para baixo, rente ao chão, para dizer-lhe: _ - - Você tirou essa lá do fundo do baú!
E com isso, eu me acordei. O meu sonho acabou. Mas fiquei feliz com o reencontro.
Minha saudosa mãezinha, Dona Otília, faleceu há 44 anos, em 1977. Aírton é o segundo neto de minha mãe.
Hélio querido amigo ,muito bom ler sua história através de sonhos que nos fazem lembrar de muitas coisas boas ,bom ler,parabéns.
ResponderExcluir