quinta-feira, 27 de abril de 2023

VIAGENS DO CORAÇÃO (Hélio Cervelin, 07 Fev 2018)

 



 







Autor: Hélio Cervelin




Nuvens escuras me remetem a um passado

Que minha mente em vão tenta esquecer

Vasos quebrados e flores despedaçadas

Fracassados amores com hora certa pra morrer

 

Como as águas que correm insistentemente

Contornando as pedras e afastando impedimentos

A vida segue, firme e implacavelmente

Atropelando desejos  e aniquilando sentimentos

 

Arrependimentos, remorsos e comoção

De nada valem nesse caos indescritível

Que mostra o pânico a invadir meu coração

 

Com a lembrança dos fatos recém-vividos

Sinto a angústia de iniciar nova viagem

Já vejo um trem que chega agora na estação


 

 

 

quarta-feira, 26 de abril de 2023

HERÓIS E COVARDES (TRIBUTO A MARIELLE) Hélio Cervelin (15 mar 2018



 









Autor: Hélio Cervelin


Sou um covarde quando ignoro as injustiças

E baixo a cabeça perante a alta tirania

Quando aquiesço e permito a usurpação

Quando me adapto à mais completa hipocrisia


Sou um covarde ao sufocar meus ideais

E, sem compromissos, altero a minha direção

Quando evito me expor perante os outros

Impondo grave silêncio ao meu coração


Sou covarde quando me associo aos maus

E sento à mesa junto ao dissimulado

Quando me guio na cartilha do opressor

E, displicente, deixo o meu guia de lado


Sou covarde quando me deixo levar

Pelos impuros que dominam a sociedade

Sou um covarde ao tomar armas nas mãos

E massacro o meu irmão sem piedade


Sou um covarde quando vou à Casa Grande

E ante a afronta não perco a minha calma

Sou um covarde quando anulo o meu ser

E ao inimigo entrego a minha alma


O que fazer diante de tanta iniquidade

Vendo os destroços de quem sangrou até o fim?

Assistir aos assassinos celebrando suas vitórias

E apenas chorar a morte de quem sempre lutou por mim?


Valha-me Deus, eu preciso de coragem

Dê-me a força dos heróis de nossa história

Que eu possa lutar mesmo que o meu sangue derrame

E eu possa ver a honra sustentar minha memória.


sábado, 22 de abril de 2023

MASCOTE (Hélio Cervelin)

 



 







Autor: Hélio Cervelin


Quero ser fiel a você como um cão a seu dono

E rosnar de ciúmes na aproximação de alguém

Pelas noites afora velar o teu sono

Cuidar de você que é o meu maior bem

 

Tal qual um elegante e belo felino,

Quero ronronar no teu colo, manhoso e indolente

Sentir teu afago a percorrer o meu corpo

E suspirar de amor, imensa e intensamente

 

Quero voar com você como um passarinho

E admirar dos céus as belezas sem par

Repleto de amor me sentindo nas nuvens

Sem nunca querer para a terra voltar

 

E vibrantes de amor feito borboletas

Vamos sobrevoar as flores do jardim

Sentindo o perfume das mais belas rosas

A mais fina flor é você junto a mim

 

E mesmo que a vida nos traga percalços

Caminhos tortuosos de pedras e espinhos

Quero te carregar para sempre comigo

E cavalgarmos em frente por todos os caminhos

 

Nas águas tranquilas dos límpidos lagos

Feito peixe colorido com você flutuar

Levando a certeza de que estar contigo

É não precisar de ninguém para amar e cuidar

 

 

terça-feira, 18 de abril de 2023

ESPERANÇA DE AMOR (Hélio Cervelin, 15 abr 2023)

 





 







Autor: Hélio Cervelin


Busco inspiração

Para escrever as coisas mais belas

Como flores nas janelas

Muitas rosas no jardim

 

Quero falar

Do meu grande amor por ela

De sua silhueta tão bela

Tão perfeita para mim

 

Sonho com ela

Pensando no nosso futuro

E todos os dias eu juro

Que vou amá-la até o fim

 

Resta saber

Quando ela irá me aceitar

E dirigir-me seu olhar

Em um romance por fim

 

O tempo segue

E as flores vão murchando

E minha vida passando

Sempre na mesma incerteza

 

Espero o dia

Em que irá me abraçar

Dizendo quero te amar

Com todo amor e pureza

 

 

 

 

sábado, 15 de abril de 2023

NOVO SILÊNCIO, NOVOS PERIGOS - carta para Sandra (Hélio Cervelin, 12Nov2017)

 



 






Autor: Hélio Cervelin


Meu amor,

 

Você silenciou novamente! E eu estou preocupado, muito preocupado. Sua profissão, decididamente, não é nada segura.

Ficar sem falar com você, sem declarar a você o quanto te amo e, ao mesmo tempo, não ouvir suas doces palavras de amor é penoso demais. Suas palavras de carinho são um bálsamo diário para a minha solidão.  E, neste momento, só estamos nós dois - a solidão e eu!

E você, onde estará? No campo de batalha, com certeza, enfrentando novos desafios e correndo mais e maiores riscos. Já posso te ver entre explosões e fumaça negra, com gritos de guerra e rajadas de fuzis e metralhadoras, bombas e morteiros. É muito perigo para você e muita angústia para mim.

O seu lindo sorriso certamente desapareceu do seu rosto, agora crispado e enegrecido pela fuligem das nuvens de fumaça neste momento crucial,  dando lugar à adrenalina e à consciência do risco em seu semblante concentrado no combate e preocupado com o perigo iminente e contínuo.

Quisera estar com você agora, mas não nesse inferno que é o campo de batalha! Gostaria de estar com você, passeando de mãos dadas por campinas verdejantes, beijando os teus lábios e trocando juras de amor carregadas de promessas de jamais nos separarmos um do outro.

Quisera estar olhando nos seus lindos olhos e dizer-lhe mil vezes que te amo com paixão, e que tudo o que quero é estar ao seu lado, em paz e sorrindo sempre. Viver em um mundo de belas paisagens, flores coloridas, cantos de pássaros e murmúrios de cascatas, mirando um horizonte sem fim, assim como é o nosso amor: belo, maravilhoso e perene como a relva que pisamos.

Esteja em paz, meu amor! Pelo menos na paz de quem luta por liberdade e por um mundo melhor.  Peço às Forças Celestes que te mantenham viva e incólume, para que um dia você possa voltar aos meus braços para vivermos felizes até o fim dos nossos dias.

 Com muito amor e carinho (e o coração abatido pela ansiedade)

 Hélio

 

segunda-feira, 10 de abril de 2023

VIVER A PLENITUDE (Hélio Cervelin, 09 abr 2023)

 

 



 






Autor: Hélio Cervelin


Quero alguém para andar comigo

Que compreenda como eu sou

E me olhe com carinho

E vá para onde eu vou

 

Que proponha novos caminhos

Que me atraia para lá

Que aceite voltar comigo

Quando eu pensar em voltar

Ou me convença totalmente

Se achar que é melhor ficar

 

Que tenha dúvidas como eu

E proponha soluções

Que respeite a natureza

Sempre atento às emoções

 

E seguindo a mesma estrada

Desbravando nossas almas

Em novas buscas constantes

 

Que seja um péssimo pessimista 

E das coisas não desista

Que, como eu, pense sempre

Que tudo tem que valer a pena

Quando a alma não é pequena

sexta-feira, 7 de abril de 2023

FONTES DE AMOR (Hélio Cervelin, 06 abr 2023)

 



 






Autor: Hélio Cervelin


Você não acreditava em mim

E muito me fez sofrer

Tantas vezes entrei em desespero

Que pensei que iria morrer

 

Você foi cruel demais

Ou era eu que não entendia

O que você precisava

O que realmente queria

 

Eu queria que você entendesse

O quanto eu te amava e te amo

Ainda sinto o mesmo amor por você

Quando penso em você me inflamo

 

É difícil arrancar de nossas almas

Uma paixão profundamente arraigada

Nutrida, dia após dia

Toda vez que é lembrada

 

Se dependesse de mim

A água para matar minha sede

Sairia apenas de seus lábios, nas carícias

Trocadas na cama, no chão, na rede

 

Em nossas trocas sem fim

De nossos líquidos molhados

Lágrimas só de felicidade

Brotadas dos olhos marejados

quinta-feira, 6 de abril de 2023

CAMPO MINADO Hélio Cervelin (05 Abr 2023)

 









Autor: Hélio Cervelin


Que falta de sorte

Beliscou muito forte
Ameaçando de morte
Caindo ao chão

O que ela me disse
O oráculo predisse
Pra eu não confiar
Não entregar meu coração

Filho, tome cuidado
Que esse mundo é malvado
Só tem confusão

É preciso cuidado
Andar sem pecado
Refletir sem emoção

A laranja é doce
Mas que bom que sempre fosse
Depende do terreno
Pra não virar limão

Limão, lima, tangerina
Cuidado com as meninas
Elas não têm pena, não.

Elas estão aí pra tudo

opam qualquer parada

E só machucam o coração.





sábado, 1 de abril de 2023

O VALOR QUE TEM A MENTIRA (Hélio Cervelin, 31 mar 2023)

 



 






Autor: Hélio Cervelin


Mentir faz bem? É uma necessidade?

Muitas vezes, sim, por estranho que possa parecer; pois a mentira evita uma montanha de transtornos diários. São explicações evitadas, constrangimentos superados, desencontros postergados, comunicações simplificadas. A humanidade mente todos os dias, por conveniência, por simplificação, para evitar sofrimentos e por muitos outros motivos.

Consideramos no grupo das mentiras o silêncio, quando representa a omissão da verdade, e as verdades ditas pela metade, as chamadas “meias verdades”, das quais a imprensa se vale a torto e à direito. Costumamos dizer que a imprensa não mente, ela omite ou “se esquece” de dizer a verdade quando deixa de reportar os fatos.

Por que as empresas da grande mídia iriam hostilizar o ministro da Economia sobre sua política econômica nefasta para a população, mas benéfica para si mesmos, para seus investimentos e os de outros especuladores, seus clientes? Aí é o momento da omissão, o equivalente da mentira.

Aquilo que alguém pôde ver não precisa necessariamente ser reportado, especialmente se vir um cônjuge ser infiel.  O expectador não irá levar essa informação para o outro cônjuge, por duas razões principais: a primeira, a boa educação manda ser discreto; a segunda, aquela infidelidade poderia ser a primeira e única e, se o traído não ficar sabendo, o casal permanecer em harmonia para  o resto de suas vidas.

Por coincidência estou vendo na Netflix um filme italiano chamado A Vida Mentirosa dos Adultos, versando exatamente sobre esse tema, no qual um comentário em relação a um casal provoca a maior confusão familiar, separando dois casais.

Para amparar os discretos, existe um provérbio árabe que diz:

Não diga tudo o que sabes

Não faças tudo o que podes

Não acredite em tudo que ouves

Não gaste tudo o que tens

 

Porque:

 

Quem diz tudo o que sabe,

Quem faz tudo o que pode,

Quem acredita em tudo o que ouve,

Quem gasta tudo o que tem;

 

Muitas vezes diz o que não convém,

Faz o que não deve,

Julga o que não vê,

Gasta o que não pode.

Proverbio Árabe

 

Poderíamos perguntar por que não queremos ser o porta-voz de más notícias. Quando uma tragédia acontece, a pessoa não vai avisar a família dizendo a verdade, assim, de chofre, pois pode sujeitar a pessoa a sofrer uma síncope, causando-lhe a morte também. Então, a opção é contar a verdade aos poucos, afirmando, inicialmente, que a pessoa teve um mal-estar, está hospitalizada, assim testando a reação dos envolvidos, aplicando a chamada “mentira piedosa”.

Dificilmente um filho revelará aos pais que tirou notas baixas no colégio; uma enfermeira contará toda a verdade ao paciente terminal; um professor dirá ao aluno o quão relapso ele é; o namorado dirá a namorada tudo que aconteceu naquela festa na qual ela não estava. Diz-se que, na guerra, onde morrem muitas pessoas, “a primeira vítima é sempre a verdade”.

Nas relações humanas, a verdade dita verdadeira nunca é falada; todo ser humano (quase todo) é movido pela compaixão. Existem também as pessoas que gostam de fazer os outros sofrerem. Sendo assim, agem sem dó nem piedade metralhando os semelhantes com mentiras violentas ou verdades desesperadoras. Um vendedor, o político, o açougueiro, o banqueiro, o médico também não falam a verdade completa, cada um com suas razões.

Se a verdade fosse utilizada integralmente o tempo todo, o mundo estaria cheio de inimizades, conflitos e desentendimentos, e já teria se acabado pela absoluta falta de convivência pacífica.

Ao que parece, todo mundo acha mais conveniente mentir ou deixar de informar.  Somos dominados pela dissimulação.  Se o que os olhos não veem o coração não sente, também o que os ouvidos não ouvem o coração não sente.

Enfim, assim caminha a humanidade, no mar de mentiras e falsidade, no fim das contas é melhor que seja assim, tanto pra você quanto para mim, diz mais ou menos uma canção. “Mais ou menos”, até porque não tenho compromisso com a verdade.

Sem falar na tese que diz que cada uma tem a SUA VERDADE.