quarta-feira, 26 de abril de 2023

HERÓIS E COVARDES (TRIBUTO A MARIELLE) Hélio Cervelin (15 mar 2018



 









Autor: Hélio Cervelin


Sou um covarde quando ignoro as injustiças

E baixo a cabeça perante a alta tirania

Quando aquiesço e permito a usurpação

Quando me adapto à mais completa hipocrisia


Sou um covarde ao sufocar meus ideais

E, sem compromissos, altero a minha direção

Quando evito me expor perante os outros

Impondo grave silêncio ao meu coração


Sou covarde quando me associo aos maus

E sento à mesa junto ao dissimulado

Quando me guio na cartilha do opressor

E, displicente, deixo o meu guia de lado


Sou covarde quando me deixo levar

Pelos impuros que dominam a sociedade

Sou um covarde ao tomar armas nas mãos

E massacro o meu irmão sem piedade


Sou um covarde quando vou à Casa Grande

E ante a afronta não perco a minha calma

Sou um covarde quando anulo o meu ser

E ao inimigo entrego a minha alma


O que fazer diante de tanta iniquidade

Vendo os destroços de quem sangrou até o fim?

Assistir aos assassinos celebrando suas vitórias

E apenas chorar a morte de quem sempre lutou por mim?


Valha-me Deus, eu preciso de coragem

Dê-me a força dos heróis de nossa história

Que eu possa lutar mesmo que o meu sangue derrame

E eu possa ver a honra sustentar minha memória.


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