Autor: Hélio Cervelin
Sou um covarde quando ignoro as injustiças
E baixo a cabeça perante a alta tirania
Quando aquiesço e permito a usurpação
Quando me adapto à mais completa hipocrisia
Sou um covarde ao sufocar meus ideais
E, sem compromissos, altero a minha direção
Quando evito me expor perante os outros
Impondo grave silêncio ao meu coração
Sou covarde quando me associo aos maus
E sento à mesa junto ao dissimulado
Quando me guio na cartilha do opressor
E, displicente, deixo o meu guia de lado
Sou covarde quando me deixo levar
Pelos impuros que dominam a sociedade
Sou um covarde ao tomar armas nas mãos
E massacro o meu irmão sem piedade
Sou um covarde quando vou à Casa Grande
E ante a afronta não perco a minha calma
Sou um covarde quando anulo o meu ser
E ao inimigo entrego a minha alma
O que fazer diante de tanta iniquidade
Vendo os destroços de quem sangrou até o fim?
Assistir aos assassinos celebrando suas vitórias
E apenas chorar a morte de quem sempre lutou por mim?
Valha-me Deus, eu preciso de coragem
Dê-me a força dos heróis de nossa história
Que eu possa lutar mesmo que o meu sangue derrame
E eu possa ver a honra sustentar minha memória.
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