Autor: Hélio Cervelin
Assim como nada é perfeito neste planeta, assim também são os nossos relacionamentos ditos
amorosos.
Quando não temos experiência, isto é, a vida inteira, do começo ao fim, estamos em
aprendizado constante, mas pensamos que sabemos muito, ou pelo menos o bastante para
tomarmos as decisões mais acertadas.
Desde recém-nascidos, testamos dia a dia nossas possibilidades, nossas capacidades motoras,
inicialmente desejando alcançar objetos, apanhar coisas. Assim, vamos evoluindo até
aprendermos, sempre por insistência própria, a engatinhar, porque queremos nos movimentar,
até aprendermos a andar, a nos locomover. Trata-se de um processo lento, sofrido, mas
progressivo e persistente. Enquanto isso, o aspecto psicológico também atua e se adapta à
situação, testando limites, verificando possibilidades, ampliando fronteiras de atuação,
testando argumentos mentais que serão depois verbalizados ou aplicados.
E é assim que, quando adolescentes começamos a identificar afinidades entre colegas e amigos
até estabelecermos os limites dos relacionamentos, em que para alguns caberá a nossa
indiferença, para outros nossa atenção, amizade ou admiração, até chegarmos ao primeiro
frêmito, o primeiro calafrio, indicando uma atração com alguém, que poderá vir a ser
avassaladora, trazendo-nos o inevitável “primeiro amor”. Este, por sua vez, poderá ser um
relacionamento calmo, de aprendizado mútuo, sem grandes conflitos ou, ao contrário, estar
sujeito a atritos constantes entre o casal. Alguns desses relacionamentos podem durar a vida
toda, enquanto a maioria sofrerá a “síndrome do primeiro amor”, na qual sempre nos
questionaremos do porquê de não ter “dado certo”.
Foi com essa imaturidade natural do ser humano que nos casamos, você e eu. E assim fomos
convivendo, com muitas falhas nas atitudes, com inexperiências de toda ordem, deficiências
identificadas só depois, até porque o mundo evoluiu cientificamente todos os dias, e mais do
que antes, nos últimos 50 anos.
O resultado foi o somatório de atitudes de sobrevivência, ajustes e desajustes de
relacionamento, marcas de culturas diferentes. No entanto a nau seguiu em frente. Amor-paixão
ou amor-compreensão? Devido às circunstâncias, as quais dariam um romance épico,
prevaleceu o amor-compreensão, o amor-perdão, o amor-objetivo, voltado para as crianças,
que vieram através de nós e que atraímos para nós.
Nosso casamento pode não ter sido um romance cinematográfico, mas trouxe três novas vidas
inteligentes ao planeta, que, por sua vez, trouxeram mais quatro lindas criaturas para passarem
pelas provas que este Plano apresenta, e que, segundo as teorias filosóficas mais aprofundadas,
são escolhas de cada ser que encarna neste orbe.
Resta-nos aprimorar nossas atitudes físicas, psicológicas e mentais para que alcancemos a
autorrealização e tiremos o maior proveito dessa jornada solicitada por nós e consentida pelo Criador.