quarta-feira, 23 de maio de 2018

BALACOBACO (Hélio Cervelin)


Autor: Hélio Cervelin

Que tiro foi esse?
Tô traçando a vizinha
Ela tá assustadinha
Maridão pode chegar

Que tiro foi esse?
Que pode até me matar
Mas não quero nem saber
O que eu quero é gozar

Que tiro foi esse?
Vou sair numa corrida
Pois só tenho uma vida
E preciso preservar

Que tiro foi esse?
Pode ser a minha morte
Mas meu santo é muito forte
E tudo vai se arranjar

Que tiro foi esse?
Já vi, foi noutro barraco
Então o meu balacobaco
Vou poder continuar

O que se leva da vida
É o jato de adrenalina
É o amor dessas menina
Sempre prontas pro amor

O que se leva da vida
É o cheiro de amor
Que é só o que vale a pena
Que faz tudo ter valor
Todo o fogo e o calor
Que vem da pele das morena.






MÃES, TODAS AS MÃES (Áurea Wolff)




Autora: Áurea Wolff

Mães do mundo inteiro
Mães brancas, negras,  amarelas
Mães novas, mães idosas, mães solteiras
Mães feias, mães lindas, todas elas

Os olhos com lágrimas estão
  Em seus lábios o sorriso
Ao contemplar extasiada
Seu filho: é o paraíso

A sua vida é doçura
Ao escutar de mãe ser chamada
Nome mais repetido na terra
Linguagem do amar e ser amada

Caminho de venturas sem fim
Sacrifícios, renúncias e dor
De ternura e de alegria
Que trazem de Deus o amor.  

                                                                      

UMA CONCEPÇÃO (Para entender nossa existência) (Hans Wiedemann)



 

Autor: Hans Wiedemann

Uma larva, um inseto
Um alevino, um peixe
Um girino, um batráquio
Um ovo, uma mosca
Uma semente, uma planta
Um óvulo, um animal

Assim, tudo sai de um par
Implantando a espécie
Evoluindo do mineral
Chegando ao adulto
Evoluindo a escala
Participando do ciclo

Na escala nós crescemos
Servindo de alimento
Sempre valorizando a Terra
Realimentando a sequência
Adubando o solo
Florescendo o planeta

O Infinito se autocriou
Partindo do nada
Condensando energias
Concebendo o mineral
Recebendo a centelha
Produzindo o vegetal
Para purificar o ar

Da água veio a vida
Migrando para a terra
Desenvolvendo suas aptidões
Alguns se elevando ao ar
O homem evoluindo na terra
Para encontrar seu passado


terça-feira, 15 de maio de 2018

HUMILDADE E GRANDIOSIDADE (Hélio Cervelin)



Autor: Hélio Cervelin

Pense nesta vida, na presente encarnação, como sendo um estágio em uma das milhões de faculdades/disciplinas exigidas pelo Universo para o nosso aprimoramento, nas quais precisamos nos formar, gradual e calmamente, pois temos "todo o tempo do mundo".
Pense que a cada ciclo completado retornaremos ao nosso lugar de origem, sendo recebidos pelos nossos familiares e amigos, com aplausos e ovação pelo nosso desempenho, ou talvez admoestados, embora de forma afetuosa  e plena de sentimentos de amor, diante da eventual negligência no cumprimento de nossa missão.
Pense que será necessário repetir o estágio quando o insucesso se apresentar, devido a não superação dos desafios que nos foram apresentados,   considerados essenciais para o nosso aperfeiçoamento e consequente credenciamento para a  viagem seguinte.
Pense que a sensação de prazer e exultação no seu Verdadeiro Lar é infinitamente superior à efêmera felicidade alcançada aqui, neste planeta, e que cada retorno representa o resgate do nosso Eu Verdadeiro, através do domínio total de nossas próprias ações, embora reconhecendo sermos seres ainda em construção, portanto imperfeitos, inacabados.
Pense que a ganância, o ódio e a hipocrisia são vícios dos quais se deve manter distância, visto que em nada contribuem para o nosso aperfeiçoamento,  ao contrário, criam mais débitos sobre nossa missão e nos impelem à repetição de nossa viagem, forçando-nos a um novo retorno.
Pense que, diante dessas premissas, de nada vale o acúmulo de bens materiais, pois que tolhem nossa liberdade, criando em nós as amarras que nos embaraçam a observação de tantas belezas e oportunidades de convivência e aprendizado com nossos semelhantes, tão  vitais ao nosso crescimento e realização interior.
Pense que a fraternidade e o amor aos nossos semelhantes, além de nos proporcionarem paz de espírito, também nos fornecem a sensação de sermos úteis a quem tem necessidades, gerando em nós a certeza do amparo aos mais fragilizados e a sensação do dever cumprido.
Pense que a inércia, a preguiça e a falta de conhecimentos dificultam nossa existência e nos abrem os caminhos para cometermos erros primários, causadores de sofrimento para nós e para os demais irmãos de caminhada.
Pense que cada dia que aqui passamos deve ser aproveitado ao máximo em trabalho profícuo e realizador, convivências de aprendizado e transmissão de nossos conhecimentos e habilidades para as crianças e os jovens, para que tenham, eles mesmos o bem-estar que necessitam no presente e para o futuro.
Pense que devemos ter gratidão a tudo e a todos que nos cercam, seja pelo apoio que nos proporcionam, seja pelo alerta que representam ao desafiarem nosso autocontrole e nos proporcionarem o despertar de nossos sensores e estímulo à nossa acuidade mental.
Pense que nossa viagem poderá ser interrompida a qualquer momento, forçando-nos a não desperdiçar um só segundo do nosso tempo, uma vez que não há garantia de que a missão terá sido totalmente cumprida seguindo todas as orientações ditadas pelo nosso intelecto, objeto de inspiração superior.
Pense que nossa passagem por este planeta será sempre uma minúscula parte de uma longa e indefinida caminhada e nunca o ápice de uma jornada que tem hora para findar.      
Pense que o Universo contém mais de cem bilhões de galáxias, fazendo com que nosso Sistema Solar pareça algo insignificante, e com isso reduzindo também a significância do planeta Terra e dos indivíduos que aqui vivem, obrigando-nos a nos despojarmos de quaisquer sentimentos de superioridade, empáfia ou preconceito perante o Criador e suas criaturas.
E assim, despojados  de todos os apegos, livres de todas as amarras, munidos apenas do desejo de oferecer o nosso melhor para merecer também o melhor dos outros, poderemos ter a certeza de estar no caminho certo para a nossa autorrealização enquanto indivíduos que somos, parte integrante deste imenso Universo.
 

sexta-feira, 11 de maio de 2018

MINHA MÃE (Áurea Wolff)


 
Autora: ÁUREA WOLFF

Minha mãe, doce figura
Sempre com muita ternura
            Olha pra mim com encanto
            Com os lábios nana com canto
Dorme com os olhos abertos
Com os sentidos despertos
            Ajudou nos meus primeiros passos
            Me enfeita com fitas e laços
Ensinou "papai" e "mamãe" a dizer
E sozinha a comer
            Lições pra todos amar
            e aos irmãos ajudar
Histórias cheias de fantasia
Inventa e conta com alegria
            Meu sono com doçura vela
            Olhando, pensa: minha criança, que bela!
Me leva à escola pra aprender
A ler e a escrever
            No seio da família
            Justiça, paz e alegria
No colo da minha mãe conheci Deus
E a rezar junto aos meus
            Mãe, tu sempre me encantas
            Nas decisões que levantas
Quando fiquei triste, choraste
Quando sorri, te alegraste
            Mãe, te amo com gratidão
            E te guardo com carinho dentro do meu coração
Hoje com meus filhos eu faço
O que aprendi no teu regaço 


quarta-feira, 9 de maio de 2018

BRASIL, DEMOCRACIA E LIBERDADE (Hélio Cervelin)



Autor: Hélio Cervelin
Florianópolis, SC, 28 de março de 2018.

Como a liberdade nos faz bem! Como é bom sentir-se livre!
Mas, afinal, o que é a liberdade?
Podemos definir liberdade como um conjunto de direitos reconhecidos ao individuo, isoladamente ou em grupo. É um instrumento social maravilhoso que costuma desaparecer em regimes ditatoriais. "Liberdade significa o direito de agir segundo o seu livre arbítrio, de acordo com a própria vontade..." consta na Internet.
Como é bom transitar por nosso país, com suas dimensões continentais, repleto de belezas naturais e culturas diversificadas espalhadas de norte a sul, leste a oeste. Como é bom admirar as serras do Sul e do Sudeste do Brasil! As ilhas do litoral de São Paulo: Ilha Bela e Ilha Anchieta; do  Rio de Janeiro: Ilha Grande e Ilha do Farol; e do Espírito Santo: Ilha de Vitória. E, é claro, a Ilha de Santa Catarina (a antiga Nossa Senhora do Desterro, hoje conhecida como Floripa ou Ilha da Magia), onde se situa a capital do estado de Santa Catarina, cantada em verso e prosa desde o seu descobrimento pelos portugueses, no Século XVII, em 23 de março de 1673. Somemos a tudo isso as numerosas e encantadoras praias brasileiras em seus mais de 8,5 mil quilômetros de costa, do Sul ao Norte do País. Já no Centro-Oeste localiza-se o imenso cerrado do Planalto Central; no Norte estão os monumentais rios da Amazônia (Negro, Solimões, Amazonas, Araguaia, Tocantins, dentre outros).
Viajar pelas estradas, conhecer pessoas com as quais nunca se fez contato ou se as conhece apenas através das mídias sociais, conversar com elas, descobrir o que fazem, como vivem, o que pensam, do que gostam.  Passar-lhes nossos sentimentos e anseios, nossa cultura, nossos ideais, oferecer nossa amizade, numa via de duas mãos. Isso não tem preço!
E a liberdade de expressão? Como é maravilhoso para qualquer pessoa poder expressar-se, emitindo o seu parecer sobre qualquer assunto ou comunicar-se através da arte (cinema, música, literatura, palestras, encontros), votar nas eleições de seu sindicato, de sua entidade de classe, dos seus representantes aos poderes públicos. Enfim, qualquer manifestação de vontade que possa ser expressa nos valoriza como seres humanos e cidadãos conscientes.
Mas, nem tudo são flores! Às vezes, surgem complicadores que podem retardar - ou até mesmo inviabilizar - esses deslocamentos ou contatos. Especialmente quando a política partidária, carregada de ranço autoritário, ou mesmo uma crença religiosa ou filosófica, se interpõem entre o viajante e sua pretensa liberdade de ir e vir.
Proibir alguém de entrar em uma cidade porque é comunista, capitalista, socialista, fascista, vigarista, entreguista, liberal demais, ou porque está sendo julgado pela justiça, nos parece algo fora de propósito. Outras vezes o fator impeditivo pode ser a cor da pele ou a opção sexual do visitante, fazendo com que surja, de um lado, a intolerância, e de outro lado o desconforto e a opressão.
Nas últimas semanas, dois ex-presidentes da República Federativa do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, viajando juntos em caravana e visitando algumas cidades do Sul do país, foram hostilizados e agredidos verbalmente, sendo que alguns acompanhantes foram agredidos até fisicamente. "Aqui em nossa cidade vocês não entram" bradava a turba enfurecida, atirando pedras e ovos.
Quase no final do trajeto da caravana, em determinada cidade do oeste Paraná, dois ônibus do comboio foram alvejados com projéteis de arma de fogo, pondo em risco a vida de seus ocupantes. Sistematicamente, pedras foram arremessadas contra os veículos, e artefatos foram colocados nas estradas para furar os pneus dos veículos. Isso sem falar nos tratores colocados para bloquear as estradas, ainda no Rio Grande do Sul, com queima de pneus, estando a turba incentivada por palavras de ordem de cunho preconceituoso, retardando a viagem e trazendo apreensão aos seus realizadores. Tais atitudes jogaram por terra o conceito de "liberdade de ir e vir", prerrogativa de qualquer cidadão brasileiro, garantida pela Constituição Federal.
Os brasileiros em geral, e os políticos, especialmente, gostam muito de falar em democracia e todos se julgam perfeitos democratas. Mas, na prática, o que eles esperam é que os democratas sejam sempre os outros, pois suas atitudes geralmente são as dos mais refinados ditadores, impondo pela força suas vontades. O que deixou o  povo brasileiro mais perplexo e abismado foi constatar que uma parlamentar gaúcha ocupou a tribuna do Senado para parabenizar os vândalos pelos atos violentos praticados no interior do seu estado, o Rio Grande do Sul.
Certo dito popular nos diz que "cada cabeça é uma sentença", ou seja, cada um de nós tem o seu ponto de vista, e para viver em sociedade é preciso que exista a tolerância dos contrários, em que cada um respeite o espaço do outro. As leis são feitas também para normatizar essa característica. No entanto, em certos momentos, as atitudes práticas nos passam uma mensagem que sinaliza: "Dane-se a lei! Tem que ser como eu quero, e ponto final!".
Quando se constata que alguma pessoa está sendo perseguida ou maltratada, à revelia da lei, é sempre um sinal de alerta, um indicativo de que as próximas vítimas poderemos ser nós mesmos. Se uma norma for descumprida sem a pronta intervenção das autoridades, todo o sistema de segurança pode estar em risco, ameaçando as relações interpessoais e, em última análise, a democracia.
É imprescindível que cada instituição que compõe o Estado cumpra fielmente o seu papel, e faça com que as normas sejam cumpridas em nome  da segurança, da boa convivência e do bem-estar da população. Por tudo isso, a ética nas relações deve ser a tônica que regulará a sociedade, não permitindo que abusos contra qualquer cidadão, especialmente pessoas ilustres - por serem as mais visadas - sejam cometidos.
Diante desses fatos e pelos tantos outros acontecimentos registrados no dia a dia da política, da economia, do Judiciário e da polícia nacionais, percebe-se que Brasil está muito longe do que se entende como sendo um país democrático. Revela-se urgente uma mudança de atitudes de muitos brasileiros e das autoridades constituídas, que têm a obrigação constitucional de comandar com justiça e ética as nossas  instituições.   


segunda-feira, 7 de maio de 2018

BURACOS NA ESTRADA (Hans Wiedemann)



Autor: Hans Wiedemann

Gostaríamos de andar em tapetes
Sem nenhuma irregularidade
Deixando de haver surpresas
Que dão o tempero à vida
Lembrando-nos de melhorar

As estradas têm buracos
Por serem como homens
Precisando de manutenção
Para evitar as doenças
Esperando alguma ajuda

Buracos nas nossas estradas
São as dificuldades na vida
Que nos permitem evoluir
Achando alternativas
Para a nossa existência

Inexistindo buracos
Nunca haveria manutenção
Como nos seres humanos
Sem nunca ter doenças
Deixando de haver renovação

Doenças são indesejáveis
Mas são necessárias
Mostrando as nossas fraquezas
Mas criando anticorpos
Para poder sobreviver

Desconfortos mostram a vida
Olhando dificuldades
Mas vendo as belezas da vida
Aprendendo tudo a encarar
Alcançando a felicidade