terça-feira, 4 de junho de 2019

PAIXÃO E DECADÊNCIA (Hélio Cervelin, 27 mai 2019)



Autor: Hélio Cervelin

Tua hesitação para os atos da paixão
Pouco a pouco vai matando o nosso amor
Minando sem dó a nossa frágil relação
E dando margem à indiferença e ao desamor

Às coisas do amor você não dá muita importância
Esquecendo sempre que o fogo da paixão
Repousa no toque sutil e na exuberância
Da flor da pele, que acelera o coração

Revelam-se tímidos os teus afagos e carícias 
Muito distantes da profundidade plena
Toques exigem grande dose de perícia
E uma alma apaixonada e serena

O teu corpo jaz, apático, quase que inerte
Já esquecido da própria sensualidade
Aniquilando a cada dia a débil paixão
Lançando ao longe a tão sonhada felicidade

Manter acesa a atração que há entre nós
É via de duas mãos, peço que tentes entender
O combustível é algo indispensável
Pra que nosso fogo não decresça até morrer

Amanhã, talvez distantes um do outro
Irás comentar que quem errou sempre fui eu
Que a força do meu calor foi insuficiente
Causando a morte desse amor que feneceu

E aos meus amigos vais dizer, sem piedade
Que fui omisso, inábil e decadente
E que por toda vida tu terias me amado
Tivesse sido eu mais hábil e diferente...








AS ENERGIAS (Hans Wiedemann)



Autor: Hans Wiedemann

Formas de existências
De ondas ou partículas
Podendo ser imateriais
Sem percepção pelos sentidos
Existindo no Infinito.

Energias são formas de ocorrências
Em todo o Universo
Podendo ser responsáveis
Por todos os acontecimentos
Provendo os meios.

Energias podem ser forças
Se mostrando pela atração
Entre elementos afins
Contribuindo para o todo
Mostrando sua eficiência.

Energias podem ser Vontades
De participação em partes
Executando algo
Beneficiando a muitos
Ajudando o todo.

Energias podem ser Intuições
Pressentindo acontecimentos
Disponibilizando recursos
Fazendo acontecer
Colaborações desconhecidas.



VIDA QUE SEGUE (O TEMPO) Elizete Menezes (03 Jun 2019)


Minha foto

Autora: Elizete Menezes

Meus sentimentos, meus gostos, minhas atitudes, meus atos: o que mudou em minha vida?
Muitas coisas! Com o passar do tempo muitas coisas mudaram, algumas para melhor, outras nem tanto.
Passei minha infância no interior, criada ao ar livre, entre a mata e o mar, sem poluição, comendo as frutas do próprio  pomar, e as hortaliças da própria horta.
As brincadeiras de infância, então? Quanta cumplicidade! Tudo sem malícia, sem discriminações, todos juntos, uma infância perfeita! Brincadeiras na areia, na lama, na água; brincávamos de pega-pega, de casinha, bicicleta. Quantos tombos, joelhos ralados. Empinávamos pipas, andávamos de rolimã, jogávamos bolinhas de gude.  Quantas brincadeiras que muitas crianças hoje sequer conhecem!
As brincadeiras hoje  tornaram-se virtuais. O contato físico agora é muito limitado, porque cada um brinca em seu computador, ficando alienado a essa tecnológica louca, desenfreada que estamos vivendo, e que prende as crianças dentro de casa.
Os sentimentos mudaram. Hoje  não se sabe mais se os adolescentes se envolvem por amor, carinho, amizade ou quaisquer outros sentimentos. Muitos deles se tornam insensíveis. Até porque hoje não se tem namorado, se tem Crush, não se dá aliança de noivado. Quando passam a usar uma aliança de compromisso, não se casam, vão morar juntos. Oh, quanta mudança nesse novo século! 
Quantas atitudes tomadas sem compromisso, sem responsabilidade, que assusta! Atitudes essas que às vezes  machucam, mas que às vezes se fazem necessárias. 
Minha vida deu uma guinada. Quando olho para trás, vejo que vivi na melhor época, que tive uma vida que meus filhos já não tiveram e que meus netos não irão ter. 
Sentimentos de alegria, de euforia, de gratidão por ter passado por bons momentos;  "curtido" cada momento da minha infância; ter vivido a minha adolescência sem maldades, sem preconceitos; ter tido atitudes honestas e ter sido responsável por todos meus atos.
Minha vida não foi flores, apenas. Tive uma infância maravilhosa, uma adolescência saudável. Minha vida adulta foi batalhada, corri atrás dos meus objetivos, alguns conquistados outros deixados para trás, mas nunca me deixei derrotar por alguns obstáculos.  Tirei as pedras do caminho e segui em frente. Construí minha família, alguns espinhos no caminho me machucaram muito, como as perdas que tive.  Afastei-me das lembranças espinhos com certa dificuldade  As perdas exigem um processo demorado  para o restabelecimento, mas, com perseverança, amor e fé, firmei meu pé e segui em frente com esperança de dias melhores. Mesmo marcada com a saudade que me aperta o peito, todos os dias, ao lembrar alguns momentos que já não mais terei...
Sigo com minha saudade, sim, mas, a tristeza eu tento afastá-la com determinação, porque o que foi bom será sempre lembrado com um sorriso no rosto, o que não foi bom já está esquecido e perdoado. 
Sem a tristeza só me restam os sentimentos e as lembranças.



terça-feira, 28 de maio de 2019

NOITES DE LUA CHEIA (Hélio Cervelin, 28maio2019)



Autor: Hélio Cervelin

Como esquecer aquelas noites de lua cheia, prateada, iluminando as montanhas e campinas de uma região do Oeste de Santa Catarina, em um município chamado Ouro?
Lua que clareava as pastagens perto de minha casa, onde as sombras dos bois que descansavam os transformavam em seres estranhos, balançando suas cabeças para se livrarem de algum inseto enxerido. Era extasiante olhar  para aquele pé de Ipê Amarelo, majestoso, enfeitado por suas belas flores amarelas, cujo dourado se acentuava pela ação dos raios da lua.
Olhar pela janela de madrugada em uma noite de  lua cheia era contemplar o silêncio. Silêncio que, hoje,  nestes dias tão corridos e perturbados, se revela tão raro e precioso. Não há nada que se compare a uma noite enluarada, em um sítio distante e silencioso. O mundo parecia ter parado, à espera de contemplação. Assim fica fácil entender por que tantas e tão belas canções foram inspiradas nas áreas rurais do interior deste imenso  país.
Entretanto as épocas mudaram. Muitas dessas imagens, outrora tão bucólicas, deram lugar às   monoculturas, e essas terras foram subjugadas pelas potentes e barulhentas máquinas agrícolas, que as rasgaram sem dó. O gemido das pererecas nas lagoas agora deu lugar ao pipocar dos motores a explosão, inundando as vargens e vales adjacentes, processando cereais, refrigerando ambientes. A energia elétrica invadiu também o campo. O chamado progresso chegou à roça!
Aquelas vaquinhas que se aproximavam do estábulo todos os domingos para lamber o sal, estrategicamente colocado para elas, já não aparecem mais. Os pássaros coloridos que costumavam pousar nas imediações para aproveitar os restos de cereais caídos ao chão, já não estão mais. Os sítios mudaram, a vida no campo mudou!
O rangido dos carros de boi e o canto dos pássaros e dos galos nas madrugadas desapareceram. E com eles também desapareceu a inspiração para criar modas de viola e lindas canções caipiras, típicas do interior. Em seu lugar surgiu o ronco dos tratores, quebrando o silêncio das campinas e inundando os ouvidos dos últimos caipiras. Os  poucos pássaros que ainda restam, povoando as poucas árvores, distribuídas aqui e acolá, emudeceram. Os cavalos marchadores foram praticamente dispensados da lida do campo, dando lugar ás motocicletas e aos automóveis.
E a palavra que mais nos vem à mente é "saudade". Ou, como diria o velho caipira: "Sodade". Sim, saudade, nostalgia daquela simplicidade que nos bastava a todos e nos trazia paz e alegria. Éramos simples, e nos satisfazíamos com coisas simples, naturais, tais como o leite tirado da vaca todos os dias; o queijo e a nata feitos pelas nossas avós, com carinho e dedicação; os pães sovados em casa, na base do esforço físico e assados em enormes fornos fora da casa; as geleias das frutas colhidas no quintal; as frutas, apanhadas e degustadas na hora.
O mundo mudou. Mudou para melhor em muitos aspectos, mas em outros tivemos perdas. Como fazer para usufruir de cada coisa, cada situação, cada momento apenas o seu melhor? Será isso possível?

Música: LUAR DO SERTÃO ( Tonico e Tinoco)

quarta-feira, 22 de maio de 2019

REFLEXÕES DE OUTONO (Elizete Menezes)


Minha foto
Autora: Elizete Menezes

Outono, quando você chega, nos faz sentir todas as estações do ano ao mesmo tempo; faz-nos lembrar de como o sol é importante, mas também nos mostra que a chuva é necessária; que o frio, assim como o calor, fazem parte da natureza.
No outono, muitas vezes acordamos com o sol raiando, mas, assim de repente, ele se esconde e lá vem a chuva, muitas vezes acompanhada do vento e do friozinho que chamamos de "frio do outono".
E assim seguem os dias.
As noites chegam mais escuras, e também fazem seu espetáculo: muitas noites de lua cheia, céu  estrelado, outras nem tanto. E quando observamos bem a escuridão, avistamos a lua crescente ou minguante. E também a lua nova. As estrelas nem sempre aparecem, mas quando lá  estão, o seu brilho é muito intenso e encantador.   
Uma renovação, um recomeço a cada três meses, dando vez a todas as estações e nos  mostrando o quanto devemos ser gratos a cada uma delas.

segunda-feira, 20 de maio de 2019

OLHAR DO CORAÇÃO (OUTONO) (Hélio Cervelin)



Autor: Hélio Cervelin
Olho pela janela e me encanto com o que vejo: o céu, de um azul indescritível, o verde das matas num brilho sem igual e o sol ameno, convidando para passear. O outono chegou, e nesta linda estação tudo brilha com maior intensidade!
Diferente da primavera, em que as cores são as mais variadas e apaixonantes; do inverno, em que predomina a névoa esbranquiçada e do verão, em que o sol, com seu brilho escaldante, a tudo submete, o outono se firma basicamente em três cores: o verde das matas, o amarelo dourado do sol e o maravilhoso azul do céu.
Outono é tempo de reflexão: tempo de morte e ressurreição, tempo de as folhas - que antes eram verdes - tornarem-se desbotadas, amareladas, até serem levadas pelo vento e se depositarem no chão, à espera da transformação. Para elas é a morte que chegou, mas sem dramas nem desespero, pois contam com a certeza de um renascimento, que acontecerá muito em breve. Elas já sabem que mudarão sua forma e se transformarão em nutrientes para as novas folhas que nascerem em seu lugar. Tudo se renova a cada ano, de uma forma bem peculiar. A natureza é sábia e admirável!
Para quem reside no Sul do Brasil, região em que as quatro estações do ano são bem definidas, o outono apresenta-se com um clima temperado, agradável para viver, trabalhar e passear, pois não é  frio como no inverno, nem quente como no verão; não há a beleza multicolorida das flores da primavera, mas suas três cores características são tão marcantes, e seu colorido tão intenso, que compensam a ausência de qualquer outro matiz.
O silêncio desta estação, associado ao seu tricolor especial, penetra nossas mentes e nos remete a profundas reflexões. A palavra mais presente é  "intensidade", a qual se reflete na morte/vida das folhas pela renovação do solo; no ar puro que paira nas campinas; no azul do céu que contrasta com o cintilante das estrelas, cujo brilho só é mais intenso nas raras noites de estiagem do inverno.
Sim, a natureza é bela, o outono é belo. Basta saber admirá-lo com os olhos do coração!

Clique no link, abaixo,  para ouvir a música Folhas de Outono (Roberto Carlos).




quarta-feira, 15 de maio de 2019

MÃE 2019 (Áurea Wolff)



Autora: Áurea Wolff

Existe algo na nossa vida que jamais poderemos mudar:  nossos pais, nossos filhos.
Podemos ter ex-marido, ex-sogra, ex-vizinho, ex-amigo, ex-casa, ex-professor. Jamais poderemos dizer: ex-mãe, ex-filho.
A mãe, bonita ou feia, grande ou pequena, doutora ou analfabeta, carinhosa ou durona  -  é sempre a mãe.
Ela  carregou dentro de si, muito perto do coração, a centelha da vida divina que se acendeu, que foi ganhando forma humana, no meio de seus encantos e desencantos, e que teceu, em nove meses, uma teia tão forte entre os dois, que jamais nenhuma cirurgia do mundo poderá tirar ou  mudar.
Ela cedeu o espaço no seu corpo para deixar germinar uma nova criatura, formada pelo milagre, pelo misterioso encontro de dois raios luminosos, fundindo-se num encantado estouro da vida, e que resultou numa nova luz.
Depois, ela coloca no mundo esta nova luz, que cresceu carregando na sua forma humana um pouco de tudo o que seu corpo e sua mente deixaram à disposição para que ela se formasse.
Um cordão umbilical é cortado para deixar o corpo físico crescer em um espaço maior do mundo. Mas os fios tecidos entre mãe e filho, no segredo maravilhoso do desconhecido, jamais irão se romper. Seja rodeado de encantos, de doçura, seja com sofrimento, seja com amargura, seja com saudades ou mágoas, seja com gratidão ou frieza, a mãe está ligada ao filho e o filho à mãe, 
Longe ou perto, no meio do sofrimento ou da alegria, a figura da mãe está presente, lá dentro do coração e da alma, mesmo que não se manifeste em gestos, palavras. E essa ligação, tão divina e humana tem um nome, revelando o sutil encanto da vida: o amor.
Penso na minha mãe. Era bonita, alegre, engraçada, faladeira, forte, decidida, baixinha. Linda. Hoje eu a vejo como uma luz. Luz que me deu vida e iluminou meu caminho. Cuidou de mim, ensinou, alertou, defendeu-me, deixou-me ir, me acompanhou, se alegrou comigo, sofreu comigo, contou-me sua vida.
Não se apagou esta luz, apenas sumiu aos meus olhos, porque ainda ilumina minha vida através dos reflexos deixados em cada canto da minha existência e que jamais irão se apagar.
Eu agora sei que tudo isso se chama amor. 
MÃE, EU TE AMO.