domingo, 27 de agosto de 2023

ANGÚSTIAS DERRAMADAS (Hélio Cervelin)



Autor: Hélio Cervelin


Sinto que devo externar, urgentemente

O que sobrecarrega o fundo da minha alma
Como forma de me sentir mais vivo, pungente
Fecundar os meus dias, com ânimo e alegria
E da agitação severa, buscar a brisa calma

Tenho tantas coisas guardadas dentro de mim
Em ânsia por aflorar e apresentar-se ao mundo
E todas as angústias derramar
Como jarras transbordantes de águas turvas
Pesos que nos oprimem a cada um de nós
Dar à luz ao trovão, rasgar o ar com nossa voz
Dizer, expor, falar, gritar, enfim

É como o desabrochar de uma rosa
Com suas pétalas de seda e seus espinhos discretos
Tal qual os guardiões de um tesouro
Que vendem suas vidas a peso de ouro
Ao abandonarem seus compartimentos secretos

O desejo é sempre dar lugar ao belo
Transparecer o doce, em tênue suavidade
E só apresentar as baionetas caladas
Em caso de extrema necessidade

Pois tudo na alma se mistura
O singelo, o puro, o formoso
Mas, disfarçados entre os véus de ternura
Escondem-se o ácido, o triste, o espinhoso

Suspirar profunda e ansiosamente
Olhar para o céu e buscar a inspiração
A vida segue esse mistério que nos desafia
Colocar ordem em nossa confusa mente
É momento de aliviar o coração

Mais um pouco, e amanhece, é outro dia.

(Em (03 mar 2020)

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