Autor: Hélio Cervelin
Sinto que devo externar, urgentemente
O que sobrecarrega o fundo da minha alma
Como forma de me sentir mais vivo, pungente
Fecundar os meus dias, com ânimo e alegria
E da agitação severa, buscar a brisa calma
Tenho tantas coisas guardadas dentro de mim
Em ânsia por aflorar e apresentar-se ao mundo
E todas as angústias derramar
Como jarras transbordantes de águas turvas
Pesos que nos oprimem a cada um de nós
Dar à luz ao trovão, rasgar o ar com nossa voz
Dizer, expor, falar, gritar, enfim
É como o desabrochar de uma rosa
Com suas pétalas de seda e seus espinhos discretos
Tal qual os guardiões de um tesouro
Que vendem suas vidas a peso de ouro
Ao abandonarem seus compartimentos secretos
O desejo é sempre dar lugar ao belo
Transparecer o doce, em tênue suavidade
E só apresentar as baionetas caladas
Em caso de extrema necessidade
Pois tudo na alma se mistura
O singelo, o puro, o formoso
Mas, disfarçados entre os véus de ternura
Escondem-se o ácido, o triste, o espinhoso
Suspirar profunda e ansiosamente
Olhar para o céu e buscar a inspiração
A vida segue esse mistério que nos desafia
Colocar ordem em nossa confusa mente
É momento de aliviar o coração
Mais um pouco, e amanhece, é outro dia.
(Em (03 mar 2020)
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