segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

ATITUDES DE PAZ E HARMONIA (Hélio Cervelin)


 

















Autor: Hélio Cervelin

"Se imaginais que, matando homens, evitareis que alguém vos repreenda a má vida, estais enganados; essa não é uma forma de libertação, nem é inteiramente eficaz, nem honrosa; esta outra, sim, é mais honrosa e mais fácil: em vez de tampar a boca dos outros, preparar-se para ser o melhor possível." (Palavras atribuídas a Sócrates por Platão, ao final do seu julgamento).

“A verdade está no caminho do meio”, disse Sócrates, o filósofo grego.

Como proceder para nos comportarmos de modo a não ferir, não escandalizar, nem magoar ou cometer injustiças contra quem quer que seja? No convívio com as pessoas do nosso relacionamento é que transparecem nossos eventuais defeitos ou desvios de conduta. 
Está aí um desafio.

Que as agressões físicas ou verbais são atitudes violentas todos nós o sabemos. A arrogância, a prepotência e o menosprezo também podem ser considerados atitudes violentas, apesar de em menor grau. O que não se imagina é que a mesma violência é encontrada também nas atitudes pouco aparentes, de caráter psicológico, tais como a indiferença, a ironia, a frieza dos olhares, bem como as atitudes de desrespeito aos  direitos fundamentais do indivíduo, pois representam uma afronta à dignidade.

Tudo o que foge aos padrões de comportamento aceitos pode ser considerado atitude violenta ou desarmônica. Até mesmo os nossos modos à mesa de refeições podem ser enquadrados como atos de violência, quando, por exemplo, não medimos nossas atitudes, nossos modos às vezes pouco polidos de nos servirmos, especialmente quando nos esquecemos de que existem mais pessoas que irão compartilhar conosco os alimentos e as bebidas disponíveis, cuja quantidade poderá ser insuficiente caso nos excedamos.

Somos violentos quando não temos paciência para ouvir os argumentos dos outros, interrompendo-os sem a menor cerimônia; quando tentamos impor nosso ponto de vista a qualquer preço; quando nos consideramos os donos da razão.

Não devemos nos esquecer de que cada dia que vivemos é mais um dia de aprendizado, uma oportunidade de aprimoramento. Temos obrigação de saber que a nossa opinião tão arraigada de hoje pode sofrer uma mudança completa, amanhã, pois os conceitos estão em franca evolução.

Somos violentos quando temos atitudes bruscas, quando gargalhamos em voz alta, quando exageramos em nossas manifestações, sejam de alegria, de revolta ou de euforia, especialmente em locais públicos, na presença de outras pessoas.

Somos violentos quando elegemos uma determinada pessoa para descarregarmos as nossas frustrações, usando-a como a cobaia que servirá para testarmos o sucesso ou insucesso de nossas anedotas, notadamente procurando defeitos físicos ou psicológicos nos outros e fazendo deles o motivo de nossas caçoadas.

Somos violentos quando abusamos da timidez ou da ignorância das pessoas para transformá-los em vítimas e contrapontos na demonstração de nossa “grande erudição”, humilhando-as publicamente.

Somos violentos quando nos utilizamos de nossas posses ou posição social para oprimir outras pessoas, seja pela arrogância da posição, seja em negociatas de ética duvidosa, para forçar uma acumulação maior de nossas posses ou poder.

Somos violentos quando procuramos apenas o nosso bem-estar e nos esquecemos por completo de nossos semelhantes que sofrem mundo afora, mesmo percebendo que uma pequena renúncia de nossa parte significaria um alívio substancial para o sofrimento de muitos.

Somos violentos quando nos associamos aos opressores para, voluntária ou involuntariamente, servirmos de instrumentos de maior opressão, adotando atitudes corruptas ou corruptoras ao longo de nossas vidas, contribuindo, desta forma, para que cresçam as legiões dos deserdados da sorte.

Somos violentos quando fechamos nossos olhos à destruição do nosso planeta, ignorando que a desestabilização do clima representará a capitulação de todas as espécies existentes sobre a terra, inclusive (e principalmente) a espécie humana.

Somos violentos quando não fazemos uma reflexão para compreender os motivos de uma rejeição da qual sejamos vítimas, especialmente pelo sexo oposto, pois normalmente nos consideramos irresistíveis e poderosos na arte da conquista, e reagimos com agressividade, e, em alguns casos, até com brutalidade.

Somos violentos quando não sabemos aceitar o Princípio Criador de todas as coisas,  agindo como Senhores do Mundo, assumindo a presunção de sermos seres infalíveis e imortais, ignorando que, ao desencarnarmos, nossos bens materiais acumulados de nada nos servirão, e sequer podemos levá-los conosco.

Somos violentos quando não temos atitudes compreensivas e tolerantes para com as pessoas que divergem de nossas idéias e não paramos para ouvi-las com maior atenção; quando não procuramos entender uma eventual rispidez de alguém em dificuldade por motivo financeiro ou de saúde, ou quando não concedemos o perdão para aqueles que, arrependidos, nos pedem uma segunda chance.

Para vivermos melhor, basta que adotemos os ensinamentos de São Francisco de Assis em sua Oração pela Paz, da qual trazemos um pequeno trecho para ser recitado diariamente a fim de construirmos um mundo mais fraterno e harmônico.  

Senhor, fazei de mim um instrumento da vossa paz.
Onde há ódio, que eu leve o amor.
Onde há ofensa, que eu leve o perdão.
                                                                       Onde há discórdia, que eu leve a união...”  

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