domingo, 11 de outubro de 2020

TEMPO DE MATURIDADE ( Hélio Cervelin, 10 Out 2020)

 













Autor: Hélio Cervelin


O tempo passa devagar, silenciosamente

E o meu corpo, desgastado, ressente-se da saúde

Células antes vigorosas, aos poucos, se deterioram

Ficou para trás o vigor da juventude.

 

Como um sinete de alarme ele se manifesta

E inexorável e impiedosamente anuncia

Os sinais de que a matéria se esvai

E se deteriora mais e mais a cada dia.

 

A memória carrega todos os registros

Dos bons, mas também dos maus momentos

No balanço das lembranças que permanecem

Misturam-se alegrias, gozos e sofrimentos

 

Ninguém deseja morrer ainda jovem

Mas, envelhecer, ninguém aceita de bom grado

Para assistir, do imponente trono da vaidade

Dia após dia, o seu corpo ser destronado

 

Cada ruga nos diz: "Eu vivi, eu estive  lá!"

Cada tropeço revela o  peso em toneladas

Levadas, aos poucos, para lá e para cá

Vivendo a vida, percorrendo suas estradas

 

Vai-se o vigor físico, mas fica a sabedoria

A ponto de sorrir mesmo quando se vai perder

É algo que não se aceita quando jovem

Por estarmos "certos" de que nunca iremos morrer

 

E nos perguntamos: "O que se ganha envelhecendo?"

Nada de material que nos complete integralmente

Pois a vida segue, mesmo depois desta vida

O nosso ganho virá no aperfeiçoamento da mente

 

Somos os construtores do nosso próprio caminho

Que o pavimentamos, pedra a pedra, a cada dia

Com as lágrimas derramadas e os rios de suor

Moldando a argamassa da futura moradia

 

Nosso sangue será o pigmento a dar cor

Às paredes da casa que irá nos abrigar

Nosso sorriso será a brisa do jardim

Nossas boas obras, a estrutura do eterno lar.

 

 

Um comentário:

  1. Uau, foi no fundo da alma essas tão sinceras palavras que expressastes, pois , é a nossa realidade mas as vezes não olhamos pra ela . 👏👏

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