
Autora: Áurea Woff
Sempre que ultrapasso nas rodovias estes caminhões grandes, tento ver o rosto do motorista, pois penso que ele é um homem corajoso, um herói, dirigindo um caminhão enorme e, sozinho, consegue controlar este gigante que percorre as estradas de todo o nosso imenso Brasil.
Uma secreta admiração, envolta em respeito, leva meu pensamento a
acompanhá-lo nos longos dias solitários,
fazendo seu trabalho com a responsabilidade de levar a carga para seu destino e
o coração saudoso amarrado na família para quem deve levar o pão.
São anônimos condutores que levam para os irmãos, através dos alimentos,
dos agasalhos, dos remédios que transportam de alguns lugares para outros, tudo
o que cada ser humano necessita para a
vida.
Naquela manhã, a notícia: os caminhoneiros estão em greve. O medo se
espalha rápido, através de mensagens, e a correria para garantir o pão e o
combustível aumenta as filas nos postos de gasolina e nos supermercados.
Depois do primeiro susto, as ruas ficam desertas, os carros nas
garagens, as pessoas permanecem em suas casas. Famílias sentaram juntas ao
redor da mesa para conversar, para reconhecer a força surpreendente dos
caminhoneiros que, com sua paralisação distante, buzinam nos ouvidos dos
brasileiros a reflexão sobre seus
deveres de cidadãos, sobre os perigos que rondam nosso país.
Foram poucos dias de expectativa como se estivessem todos num barco sem bússola,
à deriva, nas águas de um grande oceano.
Se vier a tempestade qual será o rumo que este imenso barco vai tomar? Como
seus tripulantes irão se comportar diante
do imprevisto, das surpresas que colocam cada um diante de seus valores,
de suas crenças, de seus princípios?
Caminhoneiros, homens de todas as partes, de todas as raças, de todas as
cores: vocês têm o poder de despertar o coração dos brasileiros que estão
dormindo neste berço esplêndido e maravilhoso que os nossos heróis do passado
nos deixaram como herança; têm o poder de
abrir as portas do patriotismo envolvente e do amor ao Brasil dos
primeiros tempos; têm o poder de lembrar
aos nossos irmãos a grande nação que somos, onde o Cruzeiro do Sul abre os braços para nos
abençoar com o sinal da Cruz.
Muitos brasileiros morreram defendendo estas terras que ficaram para
nós, para nossos filhos. Vocês, caminhoneiros, trazem à nossa
lembrança o desvelo das primeiras gerações pelo nosso território, pelas
nossas riquezas e pela nossa gente, e
nos impulsionam a seguir seus exemplos.
Minha gratidão por este buzinar de suas carretas que trazem para todos nós a certeza de que somos um povo
honesto, que trabalha, luta e ama este imenso território que é o nosso querido
Brasil
Um maravilhosa e poética homenagem a esses bravos trabalhadores de nosso país, amiga Áurea! Parabéns!
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