terça-feira, 28 de agosto de 2018

DESCANSO DO ARTISTA (Hans Wiedemann)



Autor: Hans Wiedemann
 
A vida é um Teatro,
Onde somos atores e artistas,
Por vezes sentados na Plateia,
Observando a movimentação,
Precisando de descansos.

Depois de uma vida de atividades,
Ensinando com nossa experiência,
Vencemos muitas dificuldades,
Por vezes vitorioso,
Às vezes devendo repensar.

Criando sempre mais consciência,
Ajudamos muitos a crescer,
Desenvolvendo a caridade,
Aprendendo a nos doar,
Em benefício do Todo.

Percebendo nossas facilidades,
Intuímos a nossa missão,
Dessa vida à Terra,
Mostrando a nossa felicidade,
Expandindo a nossa Luz.

Quando nos sentimos cansados,
Percebemos merecer uma Pausa,
Acreditando na bondade divina,
Querendo mostrar nossa força,
Em outras paragens Divinas.

Hans
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terça-feira, 21 de agosto de 2018

JULGAMENTO INEXISTENTE (Hans Wiedemann)


Autor: Hans Wiedemann

As religiões criam o julgamento,
Para manter o controle,
Educando através do medo,
A obediência do Ser Social,
Com regras que lhes convêm.

O Homem recebeu a consciência,
Para avaliar a si mesmo,
Dispensando julgamento externo,
Usando o espírito divino,
Transferindo a responsabilidade.

O Infinito desconhece o julgamento,
Sendo a divina Inteligência,
Conhecendo toda a existência,
Tendo sido criado por ele,
Permitindo o desenvolvimento pessoal.

Nosso Eu superior,
Conhece nossas deficiências,
Distinguindo atos prejudiciais,
Dos que promovem o Ser.
Nunca usando julgamento externo.

Assim, o julgamento de Deus,
É transferir responsabilidade,
Sendo cada um seu próprio juiz,
Tendo na Natureza o equilíbrio,
Fazendo parte da iluminação Divina.

 ****

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domingo, 19 de agosto de 2018

ENERGIA DOS RAIOS (Hélio Cervelin)



Autor: Hélio Cervelin

"No mesmo lugar em que ora me sento, muitos outros, em épocas passadas, se sentaram. E outros tantos, pelos mil anos a seguir, se sentarão".     (Nguyen Cong Tru)

Os comentários que farei a seguir referem-se à obra A ENERGIA DOS RAIOS EM NOSSA VIDA (Editora Pensamento, São Paulo, 1987), cujo autor é Trigueirinho, que afirma que "os raios são a base da psicologia no futuro, e neles se fundará o conhecimento do homem". Acrescenta, ainda, que "aquilo que designamos como Raios são expressões de energia, e dizer que somos expressões de raios significa que existimos como manifestação  dessas energias."
Nesta obra, o autor afirma também que o nosso sistema solar não é o único e nem o mais evoluído que existe, sendo apenas um dentre os infinitos manifestados e que o sistema solar onde vivemos é a expressão do segundo raio cósmico, também chamado a Energia de Amor-Sabedoria.
"O Amor-Sabedoria, de nível cósmico, ao expressar-se neste sistema solar, manifesta-se subdividido em sete energias, às quais, neste estudo, estamos chamando de Sete Raios", sendo os seguintes:
1) Vontade-Poder; 2) Amor-Sabedoria; 3) Inteligência Ativa; 4) Harmonia através do Conflito;
5) Conhecimento Concreto;  6) Devoção-Idealismo; 7) Ordem e Organização

Resumidamente, o primeiro raio, isto é, o raio da Vontade-Poder, segundo a obra, foi a primeira energia manifestada "e então os sistemas solares puderam surgir". No primeiro raio é típico esse amor pela concentração. Quando a isso se acrescenta uma reflexão profunda, constante, sobre a própria meta espiritual, a energia da Vontade-Poder flui de maneira mais fácil e simples. Evidentemente, a persistência e a tenacidade fazem parte ativa desse processo."

Já no segundo raio (Amor-Sabedoria) o indivíduo que tiver essa característica como a mais marcante em sua personalidade, será uma pessoa que "aceita tranquilamente que pessoas de outros temperamentos e tendências tenham maneiras diferentes de realizar a mesma ação". Deduz-se daí, que a compreensão e a empatia serão o seu ponto forte.

O terceiro raio (Inteligência Ativa) é descrito como "a energia que adapta a forma, ou corpos à alma que a habita.  Está presente, pois, no momento de nossa encarnação e promove uma série de atividades que, com o decorrer da evolução, vão se tornando inteligentes." Sua função é suscitar no homem a ânsia de fazer as coisas, de trabalhar, de criar e de movimentar-se no plano físico.

Em suma, cada raio representa uma forma de agir do indivíduo, o qual terá maior ou menor dificuldade de interagir neste planeta para entender e realizar sua missão. Uma vez que a  leitura está em andamento (falta ainda discorrer e refletir sobre os outros quatro raios), pode-se imaginar que muitos conceitos que ainda desconhecemos passarão a nos orientar, permitindo-nos entender melhor os desígnios de nossa existência.

sábado, 18 de agosto de 2018

BOM DIA, SR. MANDELA (Áurea Wolff)


Autora: Áurea Wolff

Escrito pela  secretária pessoal  do Líder humanitário em um relato emocionante, Zelda  la   Grange.

            Li algumas vezes sobre a vida  de Mandela. Sobre sua garra para defender  o povo negro da África do  Sul do regime do  apartheid, sobre seus 27 anos  confinado em uma prisão e que, quando saiu, foi eleito presidente, já com idade avançada.  
            Nesta obra de Zelda la Grange, uma secretária branca, educada acreditando que o regime de segregação racial era normal, ela mostra a influência poderosa do coração generoso e sábio do líder africano na sua mudança de visão da discriminação alimentada pelos brancos.    
            É  um relato  mais emocional e amoroso do que  histórico, embora  coloque bem claro a maratona da vida   de um apaixonado pelo ideal de ver  união entre todas as pessoas sem considerar a cor da pele,  sua origem e sua raça, todos tendo os mesmos direitos de ir e vir, frequentar os mesmos  lugares, as mesmas escolas, as mesmas igrejas. Promovia a dignidade e o respeito pelo ser humano.
            Além de esta obra me fazer conhecer a força,  o poder e a determinação deste homem para conseguir  realizar  o grande desejo de ver seu povo libertado do regime de opressão, ele demonstrou seu coração generoso ao conviver com brancos que o maltrataram,  tratando  todos com respeito e fazendo questão de cumprimentar apertando a mão das pessoas, sem rancor ou mágoa.
            Conhecer  a visão de alguém que conviveu de perto com ele, que esteve anos  ao seu lado e se beneficiou de sua sabedoria, me fez conhecer mais de perto o político, o líder, o humanitário que pensava  mais nos outros do que em si mesmo.
            Mas o que mais me chamou a atenção foram as suas palavras: “as pessoas  sentirão que vejo demais o bem nas pessoas. Então é uma crítica que  devo suportar e com a qual tento me ajustar,  pois, seja verdade ou não, é algo que penso ser proveitoso. É uma coisa boa de assumir, agir com base no fato de que... os outros são homens de integridade e honra... porque você tende a atrair integridade e honra, se é dessa maneira que olha para aqueles com quem trabalha".
            Estas suas palavras rebuscadas e ditas com muita elegância e clareza me levaram a crer que, na minha simplicidade,  eu entendi o  Sr Mandela. Quero ver  e mostrar sempre o bem nas pessoas, pois  minha aceitação pode ajudá-las a verem  e desenvolverem também o seu lado bom e acreditar em si mesmas.
            "Bom dia,  Senhor Mandela, deu-me lições de paciência, confiança  e amor ao próximo e mais  a satisfação de saber que um povo todo, a humanidade  foi beneficiada com a determinação e a coragem deste  grande guerreiro que usou as armas e o poder  da sabedoria para conseguir  realizar seus sonhos.                                         
             

TÃO LONGE DO MUNDO (uma história real) Delva Robles



Autora: Delva Robles
Este livro, de autoria de Tavae Raioaoa, conta a história de um  pescador, considerado um dos últimos de sua linhagem de “senhores do mar”, que, embora conhecesse o mar  e tivesse uma fé imensa no Criador, um  problema no motor de seu barco  o  deixou à  deriva.  O livro começa descrevendo o vento:

O  velho pescador  na madrugada  daquele dia percebeu que o vento que soprava era o vento do norte. Ele sabia que o vento do norte surpreende o mar, de viés, e o contraria, e o agita e o ergue incansavelmente, provocando turbilhão de espumas e isso excita os peixes.  Agradeceu ao senhor pela pesca que prometia ser excepcional naquele dia.

A região em que ele estava  é o largo da baía de Pao Pao – a  grande baía de Moore (Polinésia Francesa) que está voltada para Huahine (sua cidade ) - e ia em direção ao Taiti.   A princípio não ficou nervoso, pois desde que nascera, havia passado mais tempo no mar do que em terra.   Tentou contato com seu irmão e parceiro de tantos anos que também pescava em outra região, mas ele não respondeu.  Pensou que talvez estivesse fora do alcance, pois o vento o levava para mar adentro.
O peixe que ele busca se chama mahi-mahi. São dourados do mar que pesam em torno de dez quilos.  Ele detalha como consegue, numa caçada frenética no mar, cansar o mahi-mahi  a  ponto de ele se imobilizar por um segundo  e é aí que ele lança o arpão. Depois é só trazê-lo para dentro do barco.
Naquele primeiro dia preparou os mahi-mahi que pescou, cortando-os  em fatias finas, as quais pendurou por todo o barco para secarem.
Para que lado o vento o estaria levando? Onde estava a civilização? Quando o sol foi embora, naquela primeira noite, ele ainda estava sereno. Sabia que seria encontrado pelos pescadores ou por cargueiros que fazem a rota das ilhas Fiji, da Nova Zelândia e da Austrália. Vestia apenas um short e uma camiseta de manga curta.
E naquela primeira noite sozinho no mar ele se organizou para dormir um pouco e com os coletes salva-vidas que tinha no barco fez seu travesseiro e colchão, mas antes de se deitar decidiu lançar seu primeiro foguete luminoso, certo de que seria visto imediatamente após o lançamento. Mas isso não aconteceu.
Quatro meses se passariam até o dia em que ele veria luzes no horizonte novamente. Não haveria a menor chance de sobrevivência não fosse ele um homem do mar acostumado às intempéries do clima.
A descrição das tempestades em alto mar, ver seu barco sendo jogado  em alturas inimagináveis pela violência das ondas, sentir que seu barco poderia se desmanchar, e virar simples gravetos que boiariam no mar como ele já vira inúmeras vezes mar  afora.  A solidão, o cansaço, a fadiga e a exaustão, as longas conversas com o Senhor, com a natureza, com os peixes, faz com que a leitura desse livro seja uma rica experiência só vivida por um náufrago.
Finalmente, quando ele vê as  luzes,  tem ainda que usar todas as forças que lhe restam para levar o barco até terra firme... Um último esforço físico quase que um último suspiro para  um velho, magro e doente que outrora fora tão forte.
E desceu cambaleando até onde havia algumas pessoas. Perguntou num fio de voz: "Que lugar é esse?" Ninguém respondeu.  Continuavam falando e ele não entendia nada do que falavam. E nisso apareceu alguém que respondeu na sua língua: "Ilhas Cook ou Aitutaki, meu amigo". 
-  De onde você veio e  como?
-  Eu venho do Taiti.
- Taiti? Respondeu o homem. Mas isto é muito longe. Deve ser mais de mil quilômetros. Como vieste parar aqui? 
O velho apontou para o barco atrás do coqueiral. Já não tinha forças para conversar, e todos correram e analisaram o  barco, incrédulos. Começaram então a ajudá-lo. Um trouxe uma toalha e esfregava vigorosamente seu corpo, outro trouxe uma blusa e todos se alvoroçaram ao seu redor.  Um prato de peixe frito com banana taro, uru e regado ao leite de coco, como ele havia sonhado tantas vezes, foi-lhe servido. E ele, agradecendo ao Senhor, tentou comer, mas não conseguiu dar nem três bocadas.  Um choro estranho preso dentro de sua alma insistia em sair e o velho pescador chorou como nunca havia chorado em toda sua vida.    
O grupo de pescadores que agora acreditavam em sua história, o carregaram no colo, como se carrega um bebê , levando-o até um barco donde chegariam a um hospital.
Aí começa a ressuscitação do autor e uma história de amor com este novo lugar abençoado que o acolheu. 





sexta-feira, 17 de agosto de 2018

O QUE ESTOU LENDO (Axiomas de Zurique) (João Álvaro)


Autor João Alvaro

De Max Gunther, o livro “Os axiomas de Zurique” trata de relacionar os princípios que os banqueiros suíços usaram para orientar seus investimentos financeiros após a Segunda Grande Guerra Mundial, e com eles alavancaram a economia do país, tornando a Suíça um dos países mais abastados do mundo. Além de formar um sistema bancário de alta rentabilidade, o que atrai investimentos de muitos países até os dias de hoje.
Axioma significa “verdades inquestionáveis, universalmente válidas, mesmo que não comprovadas; muitas vezes utilizadas como princípios na construção de uma teoria ou como base para uma argumentação”. Pode ser sinônimo de postulado, lei ou princípio. É uma palavra derivada do grego “axios”, que significa "digno" ou "válido".
Assim, Os Axiomas de Zurique, em número de 12 principais e 16 secundários, podem ser relacionados:
1.       Do risco: Preocupação não é doença, mas sinal de saúde. Quem não está preocupado, não está arriscando o bastante. Arriscar e ganhar. Só aposte o que valer a pena. Apostar e ganhar. Resista à tentação das diversificações.
2.       Da ganância: Realize o lucro sempre cedo demais. Entre no negócio sabendo quanto quer ganhar e, chegando lá, caia fora. Não espere a alta atingir o pico, pode haver mudanças, demora, queda,...
3.       Da esperança: Quando o barco começa a afundar, não reze, abandone-o. Aceite pequenas perdas como fatos naturais enquanto espera um grande ganho. Esperanças e orações são ótimas, não há dúvida, mas não fazem parte dos instrumentos do especulador.
4.       Das previsões: O comportamento humano não é previsível. Desconfie de quem afirmar que conhece uma única nesga que seja do futuro. O especulador de sucesso baseia suas  jogadas no que acontece e não no que vai acontecer. Não aposte em prognósticos.
5.       Dos padrões: Até começar a parecer ordem, o caos não é perigoso. Cuidado com a armadilha do historiador, do grafista ou da falácia do jogador. A história não se repete. Cuidado com a ilusão de correlação e a de casualidade.
6.       Da mobilidade: Evite fixar raízes, elas tolhem seus movimentos. Mobilidade é fundamental. Numa operação que não deu certo, não se deixe apanhar por sentimentos de lealdade ou saudosismo. Jamais hesite em sair de um negócio se algo mais atraente aparecer à sua frente.
7.       Da intuição: Só se pode confiar num palpite que possa ser explicado. Não confundir palpite com esperança. Não ridicularizá-los nem tão pouco confiar neles indiscriminadamente.
8.       Da religião e ocultismo: É improvável que entre os desígnios de Deus para o universo se inclua o de fazer você ficar rico. Se astrologia funcionasse, todos os astrólogos seriam ricos.
9.       Do otimismo e pessimismo: Otimismo significa esperar o melhor, mas confiança significa saber como se lidará com o pior. Jamais faça uma jogada apenas por otimismo.
10.   Do consenso: Fuja da opinião da maioria, provavelmente está errada. Especulações da moda?... a melhor hora de comprar alguma coisa é quando ninguém a quer.
11.   Da teimosia: Se não deu certo da primeira vez, esqueça. Caia fora.
12.   Do planejamento: Jamais levar muito a sério os seus planos em longo prazo, nem os de quem quer que seja. Fuja de investimentos de longo prazo.

Os Axiomas de Zurique, cujos títulos foram transcritos, acima, sem muitas explicações, têm seu conteúdo descrito no livro de 155 páginas da Editora Record para a Língua Portuguesa, com tradução de Issac  Piltcher (21ª edição de 2008, escrito por Max Gunther, Londres, 1ª edição de 2005).

                A sensação que permanece enquanto leio este livro é de falta de familiaridade com esta forma de pensar a um tempo calculista, mas, sobretudo, dura, insensível e, por fim, realista.
               
                E vou, desta forma, desconstruindo conceitos e desaprendendo para reconstruir novo aprendizado. Desaprendo que diversificações e lucro pela média são vantajosos, mas sim risco maior no que vale a pena arriscar, ou seja, que apresenta possibilidades de grande lucro, rápido e nada de planejamento ou investimentos de longo prazo. Nunca insistir com o que não deu certo na primeira vez, e ao primeiro sinal de fracasso, cair fora do negócio.

Com certeza vou precisar reler o livro e tentar internalizar melhor algum destes axiomas, caso contrário terei que me contentar com a vida simples de proletário, longe do sucesso financeiro alcançado pelos investidores suíços.

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

AVALANCHE (Hélio Cervelin)



Autor: Hélio Cervelin

Enquanto espero
Minha angústia remoendo
Vejo o meu tempo escorrendo
Numa avalanche mortal

Repulsivos destroços
Que para trás vão ficando
Feito corpos contorcidos
Quadro de trevas, loucura
Difícil de contemplar

E a vida segue
Em ritmo  alucinante
Paisagem aterradora
Imagem do Inferno de Dante

Nesse arrastão
Que a tudo aniquila, destrói
Percebe-se o quanto dói
Amar e não ser compreendido

Tal panorama
Faz sumir a minha calma
Melhor ser cego e não ver
Pois que corrói a minha alma 

Oh, insano destino
Que permite essa loucura
E gera angústia ao meu viver
Lar de tormento e amargura

Sádica fúria
Que me obriga a ver o mal
O tempo todo, dia após dia
Nessa tragédia total

Meu Deus, eu peço
Quero pra casa voltar
Imploro me deixe morrer
Pra tudo isso acabar

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

PALAVRAS ESTRANHAS (Eliana Haesbaert)


Autora: Eliana Haesbaert

A primeira vez que me confrontei com a palavra FALÁCIA foi num texto, não lembro o autor, que afirmava:
O AMOR É UMA FALÁCIA.
Como desde sempre tive perfeito entendimento do que AMOR, desde o “amor ao próximo”, “amor materno”, filial, de homem/mulher e vice-versa, enfim, o amor que move o mundo, minha percepção foi de que aquela palavra era malévola, bandida e que estava ali posta para desqualificar o AMOR. Essa aí, nunca me enganou.

Quanto a HERMENEUTA (que palavrão!) nunca ouvira ou lera antes, mas agora sei que é por que nunca tive proximidade com a linguagem dos juristas e intérpretes das escrituras legais. O advocatês erudito.
No meu entendimento, deveria ser HERMENAUTA, assim, fácil, acessível, tipo: “marinheiro do deus mitológico Hermes” que levava as mensagens por via marítima”, uma vez que Hermes era o deus Sedex do Olimpo.

Já a TRAQUINAGEM é o conjunto de pacotes das bolachas
Traquinas, não lembro a Razão Social da empresa fabricante.

PLÚMBEO é sonoro, palavra muito mais redonda do que a cerveja Skol descendo goela abaixo num dia quente de verão.
Lembra maciez, fofura, suavidade, como a pluma rósea com que minha mãe aplicava pó-de-arroz.
Quem poderia dizer que, na realidade, é chumbo grosso?

Com relação à palavra destaque, ou seja, DEFENESTRAÇÃO, esta, sim, é uma palavra escrachada, escancarada, pois ela própria diz o que é.

Desde o primeiro contato com ela, já se sabe o que significa.
Do francês “fenêtre” que é “janela”,  mais o “s” sibilante e, pra encerrar,  o sufixo AÇÃO!

A DEFENESTRAÇÃO  não deixa qualquer dúvida de que só pode ser jogar, atirar, lançar tudo pela janela afora!
 

                 




terça-feira, 7 de agosto de 2018

TODO DESEJO ARDENTE SE REALIZA! (João Álvaro)



Autor João Alvaro

No início dos anos 1980, com o nascimento do nosso primogênito, Guilherme, no retorno do trabalho no final do dia e também nos finais de semana, os três saíamos de carro, passeando pela cidade, como forma de distração dele, que gostava muito de estar no carro e acabava relaxando e adormecendo. Aliás, o carro era mesmo um sonífero muito eficaz.  Nessa época tínhamos um corcel II, sedan, branco, primeira linha (LDO), bancos de couro, um excelente carro, e muito confortável, para esses passeios no asfalto da cidade e também para viagens longas.
Em um determinado passeio o assunto passou a ser a necessidade de trocarmos de casa por uma maior, já que a família havia crescido e nossa casinha de 64m², de 5 peças mais a garagem, já ficara pequena. Assim que passamos a olhar mais atentamente para placas de "vende-se", e não demorou a encontrarmos uma que imediatamente nos chamou a atenção e nos encantou. Era uma casa de alvenaria, com telhas de barro, beiral de concreto, o que indicava que era com forro de laje e um terreno grande, todo murado com um pomar nos fundos da casa. Foi tudo o que deu prá ver pelo lado de fora das grades do jardim, no meio do qual estava a placa "vende-se" afixada em uma estaca de madeira. A rua, sem asfalto, não trouxe nenhuma preocupação e ninguém pensou na poeira ou no barro quando chovesse.
Nossa imaginação voou... Quantos cômodos teria? E o quintal, tão grande! Talvez fazer uma horta, um pomar, um galinheiro... Quanta coisa começou a inundar os pensamentos e a transbordar em planos mirabolantes... O céu é o limite para quem se põe a sonhar. É uma beleza misturar a realidade e a ilusão no mesmo pacote; é receita certa para sentir felicidade.
Mas, o passo seguinte foi fazer as contas, somando nada da poupança com mais nada do saldo bancário, o resultado deu disponibilidade financeira zero. Mas, a danada da casa tinha mesmo nos envolvido emocionalmente e nos meses seguintes, por diversas ocasiões, continuamos a passar em frente a ela e sempre verificando se a placa permanecia. Mais contas e nada de coragem de buscar saber o preço e as condições.
"Não dá, vamos desistir", dizia eu, mas, sem convicção, porque o desejo permanecia. Longos meses se passaram sem falarmos mais no assunto, mas ainda só tínhamos olhos para ela, até que um dia, ao passar por aquela rua, não vimos a placa. Parei em frente à grade em busca de enxergar a placa e nada vi, mas observei que o jardim estava com mato alto, tipo meio metro de altura ou mais. A situação se repetiu em outra ocasião com a mesma sensação de que a casa continuava desabitada, e imaginei que o vento poderia ter derrubado a placa. Decidi pular a cerca e procurar. Sim, a placa, caída, estava lá, encoberta pelo mato do jardim. "É o sinal", pensei. "Esta casa está reservada prá mim." Anotei o número do telefone da placa e deixei-a no chão, sem mexer. Nessa hora decidi, sem fazer as contas, que era a hora de dar o primeiro passo e conversar com o proprietário.
Mandei lavar e polir o carro até parecer um espelho. Pensei que devia causar boa impressão à primeira vista na conversa com o proprietário da casa. Estacionei bem na frente do número indicado e veio me receber uma senhora de meia idade com a cuia de chimarrão na mão. Após nos apresentarmos fui direto ao assunto:  sua casa está há muito tempo à venda, mas me interessa se puder dar um bom prazo, e preciso colocar o carro no negócio, fui logo dizendo. Se for para ouvir um não que seja logo, pensei. Mas, aceitei mais um chimarrão enquanto dona Iracy  me contava sobre a filha que havia passado no vestibular da Universidade Estadual de Maringá e que parte do dinheiro da venda da casa seria para presentear com um carro à filha. O carro de preferência seria um Corcel II, branco. Perfeito, igual o meu. Ela viu o carro e se apaixonou. Negócio fechado, carro de entrada e tempo... (para buscar financiamento...) com 6 parcelas mensais para eu pagar.
Foi a maior ginástica para buscarmos dinheiro em poupança, cheques especiais de vários bancos e finalmente um empréstimo bancário (papagaio) para as últimas parcelas e mais 3 anos pagando, renovando, pagando e renovando e só pagando... Aliás, isso não está escrito em livro nenhum de como comprar uma casa sem planejar e sem dinheiro, não me dá saudade desse momento difícil, mas em fim a papagaiada terminou.
Atualmente, quando ouço minha esposa dizer que se você realmente deseja algo, mesmo que não tenha meios "jogue para o cosmo" ela diz, "e deixe-o conspirar a teu favor". E neste episódio foi justamente o que aconteceu conosco.
 A casa, agora com asfalto em frente, ainda nos pertence e está alugada. Lá vivemos muitos momentos inesquecíveis das nossas vidas, em especial o nascimento da Talita Gabriela, nossa filha do meio. A horta nunca foi prá frente, mas o pomar cresceu e frutificou... Amoras, goiabas, limas, limões, abacates, mangas, carambolas, acerolas; e só o pé de jaca não produziu. Separei com tela a horta do pomar, e por algum tempo galinhas caipiras ficaram donas desse pomar e serviam de diversão para as crianças...
Bons tempos que permanecem vivos em nossa memória.


quarta-feira, 1 de agosto de 2018

O DIA EM QUE MEU MARIDO INFARTOU (Delva Robles )


Autora: Delva Robles

Era  um sábado de festa para mim e minha família. Minha sobrinha e afilhada Sandra iria se casar e seríamos padrinhos.  A cidade do casamento era Maringá, que fica a 70 km de distância de onde nós morávamos.
O casamento aconteceu no fim da tarde e início da noite, e os convidados foram recepcionados com um belo jantar, num ambiente propício para isso.  Familiares todos reunidos, vindo dos mais diferentes lugares, cheios de saudades, se abraçavam    felizes por se encontrarem, e conversavam alegremente.    
No final do jantar, enquanto era servida a sobremesa, abriu-se o espaço para a dança, e dançamos muito naquela noite.    Lembro-me de que havia um grande espelho que refletia os casais que dançavam, e dava a ilusão de ser um grande salão de baile. Eu estava usando um vestido longo de veludo de cor   vermelha, meio bordô, eu diria, e sapatos de salto alto, pretos, e algumas joias que enriqueciam a roupa.   No decorrer da noite mal eu sabia o quão inadequada me pareceria aquela roupa.
Eram mais de duas horas da madrugada quando decidimos nos despedir do pessoal. Antes de sair do clube meu marido mencionou que   estava sentindo muita azia. Dei pouca importância para isso e pensei que era apenas má digestão.
Reparei que o céu estava bonito, cheio de estrelas, era uma noite muito agradável. Subimos no carro, e antes de pegar a    estrada de volta pra casa, paramos para deixar nosso filho mais velho, na república onde morava, perto da UEM, pois ele estudava Engenharia Química lá em Maringá.    Enquanto meu filho levava parte de sua bagagem para o apartamento nós nos sentamos na beira da calçada em frente ao prédio sem nos importarmos com a poeira vinda do asfalto, a poucos metros de nós.
Quando estávamos todos sentados no carro novamente para seguir viagem, meu marido olhou para mim e disse: estou muito mal.  Surpresa com suas palavras repentinas e sabendo que ele nunca reclamaria se não fosse algo grave, trocamos de lugar, eu indo para o volante do carro. Em seguida tentei me localizar para saber qual hospital teria nas imediações onde estávamos. Por sorte estávamos muito próximos do hospital Santa Rita de Maringá.
Naquele momento veio à minha memória a lembrança de algo que li não sei bem ao certo se na revista seleções ou em um livro qualquer.  Era um depoimento de uma pessoa que teve um infarto e cujo primeiro sintoma foi a azia.   Meu marido era fumante, então logo liguei o botão do alarme.  
Era o ano de 1998 e os procedimentos cardíacos não eram tão populares como hoje. Meu marido estava bem de saúde. Havia feito uns exames de rotina e nada apareceu que indicasse algo no coração. Tinha 49 anos, era magro e tinha uma vida intensa de trabalho e envolvimento comunitário. 
Ao chegar ao hospital ele relatou ao médico plantonista ter comido pouco em um casamento e depois do jantar ter dançado bastante  e que estava com  muita azia e mal estar.   O  médico, especialista  em gastroenterologia,  que dava o plantão naquele momento foi chamado  e, ao  examiná-lo,  deu  o diagnóstico de má digestão, receitando um medicamento inserido no soro que estava sendo ministrado a ele naquele momento.
Quando fui autorizada a entrar na sala de emergência e me deparei com o rosto de meu marido, olhei em seus olhos e tive a certeza de que aquele médico estava enganado: havia uma palidez mortal em seu rosto.   Aquilo não poderia ser somente má digestão.
Desesperada, fui até ao balcão e pedi para chamarem um cardiologista com urgência. Tive que insistir com a recepcionista, que alegava que o paciente já tinha sido atendido e estava sendo medicado e eu deveria ter paciência. Ela só concordou em chamar o cardiologista quando eu disse que pagaria uma nova consulta particular para ele, mas eu tinha pressa! A história da azia e infarto que eu havia lido não me saía da cabeça.
Uma jovem cardiologista veio nos atender e parecia não ter pressa.  Enquanto colocava os fios do aparelho para fazer o eletrocardiograma nele, tentava obter informações sobre sua saúde, e parecia surpresa quando no eletro apareceu algo.
Então ela me disse:  “a tua intuição salvou teu marido...... ele está infartando”.   Foi chamada imediatamente a equipe intensivista do hospital e o levaram para o centro cirúrgico, onde fizeram o procedimento que, na época, era inflado com balão no lugar do entupimento.    Na hora do procedimento o médico descobriu que ele estava com outro entupimento grave na artéria que irriga a perna e que deveria fazer em seguida outro procedimento, pois correria o risco de perder a perna caso enfartasse  em lugares  sem recursos adequados.
Lembrei-me que ele ultimamente claudicava quando caminhava, e já havia ido ao ortopedista por causa da perna que doía ao andar, isso já era um grande sinal de entupimento da artéria que leva o sangue para a perna e que ninguém desconfiou, nem os médicos.  Também me lembrei de que ele não havia se sentido bem após a última doação de sangue e ficara deitado algumas horas em casa para se recuperar.  Fora isso, o grande vilão ali era o cigarro. Fumava em torno de duas carteiras de cigarro por dia.  Após o procedimento ficou cinco dias na UTI e diz que foi aí que deu os primeiros passos para deixar de fumar.   
Bom.... Descobrimos, através dos cateterismos que fez ao longo dos anos,  a existência de muitos outros entupimentos: além do entupimento nas coronárias, ele também tinha entupimentos  na artéria que irriga o braço, na artéria que irriga o rim, na que irriga a perna, nas carótidas  que vão para cabeça etc., e aos poucos  foram sendo solucionados todos os entupimentos. Alguns são monitorados, anualmente, até hoje.
Esta história me lembra do dito popular que apregoa que "quando algo tem que acontecer tudo colabora para isso".  Ele teve um infarto gravíssimo, e por obra do acaso, estava praticamente em frente a um hospital referência, com tudo o que havia de necessário e moderno para sua salvação.  Caso acontecesse em outro dia, nos muitos dias e noites onde ele viajava para o interior do Paraná a trabalho, não teria tido esta mesma sorte.  A artéria estava quase 100% entupida, o gatilho foram os passos e rodopios da dança, "mas poderia ter sido ao trocar um pneu na estrada ou ao levantar algum peso extra" nos explicou o médico.
De alguma forma o acaso nos protegeu naquele dia.  Estávamos no lugar certo, na hora certa para tudo acabar bem.

UM DICIONÁRIO DE PALAVRÕES CONTRADITÓRIOS (Nídia Nóbrega)



Autora: Nídia Nóbrega

"Se comporte, menina!" "Fale direito!" "Não use palavrões!", "sente direito", "seja recatada", "não ria nem fale tão alto", "não ouse se expor, contrapor, indispor..." Muita coisa desde bem pequena!
Optar por não seguir alguns padrões significava ficar de lado. Indiferença ou rejeição.
Mas isso nunca foi o que mais doeu. Ficar de castigo, de joelhos, rezando não sei quantas ave-marias por ter falado merda, ou seja lá o quê, era o de menos...
Me doía não entenderem que o palavrão que tanto incomodava aos ouvidos que me criticavam, era apenas uma expressão oral, um fonema, um conceito escrito ou léxico.
Me incomodavam e me incomodam outras palavras que são muito mais duras: preconceito, racismo, homofobia, orgulho, desrespeito, ofensa, terror, desdém, hipocrisia, falsidade, deslealdade, traição, opressão, medo e violência.
Isso nem era uma questão restrita apenas ao ambiente familiar.
Minhas posições eram mais amplas, mais universais e diziam respeito ao meu entorno social e cultural.
Até hoje me dói mais a violência que atinge aos outros – principalmente aqueles que não ousam sequer mandar alguém se ferrar ou se foder como parte de uma reação instintiva. E se calam ou encolhem.
Fico maluca quando vejo discursos lindos de pessoas que passam ao largo dos pobres pretos - ou nem tanto, jogados nas calçadas pela história opressão social e econômica que lhe negou casa, educação, saúde e chances que não a de serem escravos.
Me incomodam os muros invisíveis de discriminação social, econômica cultural e étnica.
Me aterroriza a visão política e do sistema sobre a hegemonia do poder em detrimento da universalidade dos direitos e dos deveres.
Pobres devem obediência, produção e acatamento. Já os grandes usufruem dessa condição hegemônica sem ética e empatia. Porra!!! Isso é demais para minha cabeça!
Não consigo ver sem uma grande raiva essa hipócrita magnitude entre classes e castas dentro de um país lindo, miscigenado, musical e habilidoso. Por outro lado, fico muita puta da vida quando vejo que a justiça, que deveria exigir o cumprimento da lei, beneficia apenas aqueles que sempre detiveram o pátrio poder dos direitos e das vidas sobre quem se debruçam suas ordens. E aí tem gente que se preocupa com alguns palavrões ditos aqui ou acolá...
Mas nãos se incomodam com seu entorno, com a dor, a fome, o desemprego, a falta de segurança, a doença, a violência, a falta de casa e de prato cheio. Isso, sim, que é feio e indecente!
Isso, sim, que é uma sacanagem total! A omissão, quando se vira cara para o lado para não enxergar as feridas que produzimos quando acatamos o sistema sem questionar, sem discordar, sem criticar.
Isso, sim, fede e ofende! Como a merda toda que escorre na sarjeta dessa vida feita de tantos melindres.
Talvez por isso aquela menina que tentaram engessar num modelinho ideal nunca conseguiu se dobrar. Chorei a cada castigo, mas preservei meu dicionário de palavrões como forma de protesto.
Não consigo ver poesia, mesmo quando o belo do universo poderia abrandar minha angústia.
"A vida é bela" dizem alguns, e apontam mil coisas que deveriam ser ostentadas em detrimento de toda essa lama que jogamos debaixo do tapete.
Mas, e aqueles que pululam nesse mar de dor? Quem os enxerga? E com eles se solidarizam? Quem os defende? Quem luta para que sejam vistos não como palavrões e conceitos negativos nesse dicionário da paisagem humana?
Mostrar a cara, ir à luta, defender liberdade, justiça, equidade de direitos, vida digna para todos é a única alternativa.
Fazer poesia sem ver a dor e entrar nela é o mesmo que escrever com caneta sem tinta... não mostra nada.