sexta-feira, 29 de novembro de 2019

UMA NAU QUE NÃO SE EXPLICA (Wander Costa)



Autor: Wander Costa

Se me perguntam, como estás? O que queres? Pra onde vais? Suspiro, me vasculho, tento achar  a lógica em mim, para poder me explicar, mas seria necessário?
Bom... e assim o barco segue seu rumo, ou quiçá sem rumo... E por que deveria sabê-lo? A vida toda no leme estive e, pasmem!, nem sempre o cais que aportei supriu a ânsia da minha alma, mas a questão aqui era sobreviver...
O infinito do mar me assombra. Não ver a borda, os limites que em mim se impõem, solapa toda razão e a certeza do que eu sou e quero, e assim, como encontrar as respostas que me indagam?
Penso, calmamente, que o desafio aqui não seja encontrar, mas, simplesmente, confiar e se lançar; crer que a nau, enfim, em algum porto chegará.
E a ânsia encontrará a forma perfeita de se expressar e coexistir com o que de bom e novo se apresentará.


segunda-feira, 25 de novembro de 2019

EQUILIBRANDO O GRUPO (Hans Christian Wiedemann)




Hans Christian Wiedemann

Por Natureza
Somos todos diferentes
Desde a menor partícula
Até nosso Ser inteiro
Tendo pensamentos diversos.

Tudo começou
No Mundo Imaterial
Auto-criado por inteligências
Povoando o Todo
Por nós desconhecidas.

Achando pontos em comum
Encontramos sinergia
Agindo com Harmonia
Respeitando as liberdades
Promovendo o convívio.

Raramente como Seres
Somos plenamente coerentes
Nem sempre usando a razão
Em todas as nossas ações
Deixando de ter entendimento.

Como Indivíduos
Sentimos dificuldades
No grupo isso se amplia
De forma exponencial
Precisando de muita Paciência.

Assim equilibrar um Grupo
Exige malabarismo
De todos participantes
Precisando do Coordenador
Para uma continuidade salutar.

Acesse o blog http:\\vamospensaravida.blogspot.com.br


FUNDO DO POÇO Hélio Cervelin (25 Nov 2017)



Autor: Hélio Cervelin

O BRASIL É NOSSO?
SERÁ QUE POSSO?
NÃO SEI, NÃO, MOÇO!

ESTAMOS NUM FOSSO!
TUDO MUITO INSOSSO!
ENLAMEADOS ATÉ O PESCOÇO!
ESTÁ DIFÍCIL ROER ESSE OSSO!

UMA PERGUNTA:
- SEU MOÇO, AONDE POSSO ENCONTRAR 
O FUNDO DO POÇO?

terça-feira, 19 de novembro de 2019

O MUNDO DA MOEDA (Hans Christian Wiedemann)


 

Hans Christian Wiedemann

O Planeta vive a Natureza
Tendo sua infraestrutura
Que sustenta a vida
Tendo diferentes reinos
Todos povoando a superfície.

Os reinos convivem em Paz
Quando os deixamos
Cada um desenvolver sua missão
Com que foram criados
Alimentando uma corrente.

O Homem competitivo
Precisava se firmar
Mostrando seu Poder
Criando assim a Moeda
Acumulando Matéria.

A Moeda passou a dominar
O Mundo dos homens
Esquecendo a espiritualidade
Querendo tudo dominar
Deixando de ser humano.

A ganância vem dominando
A Moral e a Ética
Em nome do Poder
Dominando o Meio
Esquecendo o Divino


Visite o meu blog http:\\vamospensaravida.blogspot.com.br


segunda-feira, 18 de novembro de 2019

TEMPESTADE EM ALTO MAR (Elizete Menezes)

Autora: Elizete Menezes

Há algum tempo passei junto com alguns amigos por um terrível naufrágio.
  
Havíamos embarcado em um navio seguro, cheios de expectativas e sonhos. Era uma tripulação bonita, feliz e unida. Mas, depois de algumas realizações e conquistas dos tripulantes,  nosso navio começou a balançar, a maré  começou a ficar agitada e entramos numa violenta tempestade. Foi um baque para a tripulação. Correria, agitação.
  
Alguns marinheiros haviam entrado para o grupo há pouco tempo, outros estavam na embarcação há mais  de um ano. E então tentamos contornar a situação, mesmo assim alguns foram procurar outros barcos para se integrarem. Alguns desses, que foram mais ou menos uns quinze(15) tripulantes que já se conheciam, e por sinal se gostavam muito, e sabendo onde queriam chegar, reuniram-se para continuar no rumo, pra que esse naufrágio não representasse a âncora de uma embarcação fracassada. 

E assim foi  dada a partida para uma longa viagem. Os Náufragos agora têm um rumo certo. Começamos do zero com o apoio de pessoas amadas dessa tripulação. Foi em comum acordo que retomamos o leme desse navio pra continuar nossa viagem. Mas, como sempre há tempestades em alto mar, novamente passamos por algumas dificuldades.

 A saída de alguns dos tripulantes nos deixou tristes, saudosos, porque eles entraram nessa embarcação e conosco lutaram contra as tempestades em alto mar, mas por algum motivo tiveram que partir, buscando outra navegação pra continuar sua viagem. Com toda essa mudança da primeira tripulação perdemos quatro tripulantes. Mas conseguimos, no caminho, agregar ao nosso navio mais alguns integrantes que queriam navegar nessa aventura.

E lá estávamos nós, com mais três novos Náufragos! Assim, seguimos por mais alguns tempos nossa viagem, adquirindo experiência, fazendo novas amizades, escrevendo nossa história cada um com sua escolha: poemas, contos, crônicas, músicas... E fomos caminhando. De parada em parada descia um tripulante que, por algum motivo, se afastava de nossa tripulação.
  
Mas o grupo de Náufragos fiéis corriam atrás de seus objetivos. E a viagem continuava com propósito de escrever mais e mais, contando nossas histórias. Os encontros semanais estavam sendo muito produtivos, assunto é o que não faltavam para esses tripulantes. Histórias lindas, contos, poemas.

O livro tão desejado, tão almejado foi um desafio desses que restaram na embarcação dos Náufragos. E lá estávamos nós, correndo atrás de fazer um bom livro, escrever é o que  mas gostamos de fazer. Começamos a correr contra o tempo, pois há muitas tempestades em alto mar, e às vezes elas vêm para testar nossos limites de força de vontade e tolerância.

Surgiu o desafio, mas, afinal, somos seres humanos temos direito de errar e tentar consertar. Mais uma vez, nossa tripulação está sofrendo desafios. Mas essa tripulação já superou outras tempestades. Haveremos de superar mais esta.

Naufragamos, nadamos, recuperamos nossos sonhos, conseguimos conquistar pessoas que nem nos conheciam pra nos ajudar, fomos vencedores, nos recuperamos de tantas outras idas e vindas, de amigos que se foram, e outros que vieram. Houve os que não quiseram continuar, mas, nós, os NÁUFRAGOS LITERÁRIOS, estamos sobrevivendo às tempestades e não podemos deixar à deriva nossa embarcação. Se tivermos que nadar novamente à busca de novos rumos, nós iremos!  Os Náufragos não podem ficar à deriva.

Venha conosco pra mais essa viagem. Os Náufragos Literários Floripa te esperam! A viagem nem sempre é calma, sempre pode haver uma tempestade em alto mar, mas nós já naufragamos outras vezes e conseguimos atracar nosso navio em segurança.  Não será dessa vez que a embarcação não vai conseguir te levar em segurança.

Os Náufragos Literários Floripa são como rocha firme em alto mar. Essa é a minha grande conquista com os Náufragos.  Não vamos parar essa viagem porque temos muito a conquistar juntos . Nossa história é linda, e deve continuar. 


SOU BRASILEIRO, SOU COVARDE (Hélio Cervelin, 18 Nov 2019)



Autor: Hélio Cervelin

Sou brasileiro e sou covarde. Jamais lutaria como lutam outros povos ao redor do mundo, com destemor e valentia. Tenho medo de lutar pelos meus direitos, o meu grito está preso na garganta e não consigo esboçar qualquer reação, desde séculos atrás.

Aqui nas Américas, vejo os chilenos derramando seu sangue ao encararem balas de borracha, cassetetes e spray de pimenta, esperando redemocratizar seu país; vejo os bolivianos lutando noite e dia, contra a opressão, a escravidão, o preconceito, a fome, a miséria, arriscando-se e morrendo para restabelecer a democracia solapada por um golpe de Estado, negado  pela direita local e internacional; vejo os equatorianos derramando seu sangue em nome da liberdade de seus cidadãos. Vejo os argentinos impondo mudanças  pelo voto.

Olho ao redor do mundo e vejo os habitantes de Hong Kong arriscando suas vidas, enfrentando armas de fogo,  em nome de um ideal. Em Paris vejo homens e mulheres arriscando suas vidas ao lutarem contra atos governamentais e a favor da Ecologia.

Aqui, no meu país, vejo a floresta ardendo em chamas, e nada faço; vejo o petróleo poluindo as praias mais lindas do  mundo, e nada faço; vejo minha cidadania indo para o brejo, e nada faço; vejo os meus direitos trabalhistas e sociais sendo extintos, dia após dia,  e nada faço.

O que acontece comigo? Por que não luto pelos meus direitos, para preservar minhas conquistas?

Mas, eu não consigo fazer isso. Sou covarde, sou brasileiro, sou arrogante e me considero superior, mesmo usando o limite do meu cheque especial e pagando a conta  do meu cartão de crédito em parcelas, a juros altíssimos, estratosféricos.

Nas eleições, dos candidatos a presidente, desprezei o  filósofo e  professor, jovem conhecido e experiente, que me prometeu dignidade e justiça e escolhi o que defende a tortura, a supressão dos direitos humanos, a repressão aos trabalhadores e às organizações sociais, defensor da homofobia, do racismo, do  preconceito. Desprezei aquele que ainda está no mesmo partido desde que se filiou, há décadas, e foi consagrado como prefeito da maior cidade da América Latina, e escolhi aquele que já mudou de   partido oito vezes. Desprezei aquele que  prometeu manter os empregos e escolhi aquele que defende apenas os empresários e é favorável à precarização do salário mínimo e das aposentadorias, esquecendo-se de que, sem consumidores, não há capitalismo.

Sou brasileiro e aplaudo a burguesia, sua pujança, suas farras, seus exageros, suas viagens de iate, seus  passeios a Miami, suas fotos glamorosas nas revistas caras, e olho com desdém os meus pares da classe média, trabalhadores, as  pessoas humildes, os gays, os garis, os garçons.

Sou um brasileiro covarde, explorado, sem consciência política,     ou seja, desconheço os meus próprios direitos, acredito na mídia podre, especialmente a Rede Globo; qualquer pastor evangélico improvisado me leva na conversa; tenho baixa autoestima, tenho complexo de vira-lata, enfim, sou um inocente útil, um covarde assumido, que se contenta  com as migalhas que caem das mesas dos abastados deste país.

Sou brasileiro, sou incorrigível, sou massa de manobra. E, ainda assim, me considero feliz.



sexta-feira, 1 de novembro de 2019

ALEGRIA DE VIVER (Hélio Cervelin, 30 Out 2019)



Autor: Hélio Cervelin
Queria escrever sobre a alegria
Júbilo, regozijo, contentamento
Mas, escrever é pôr a alma para fora
E dizer tudo o que nos vai no pensamento

E alguém poderia perguntar
Quais segredos minh'alma conteria
Minha resposta: tudo se passa, agora
Mas não se passa a euforia

Quando o inquiridor  é jovem
Eu falo sem medo de errar
Que no coração de um ancião
Guarda-se cada coisa em seu lugar

Há lugar para as mágoas já sentidas
Para as contrariedades gravadas
Para as eras mais sofridas
Para as perdas mais choradas

Projetos fracassados têm seu lugar
Amores perdidos também
As oportunidades desperdiçadas
E as hesitações de aquém e de além

São tantos os dias da vida
Quantos são os sentimentos
Se há espaço para a euforia
Há um cantinho para o desalento

Feliz é quem tem muitos amores
Que o consolam a cada dia
Como a beleza das flores
E o olhar doce de Maria

As águas mansas do regato
A rosa que desabrochou
O puro olhar de uma criança
Que te chama docemente de "Vovô"

Puras e inocentes crianças
Que da vida só conhecem o mel
Sem nunca poder imaginar
O espinho, o pranto, o fel

Crianças tornam-se idosos
Carregados de vivências
Que vão criando cantinhos
Para cada experiência

O mais importante de tudo
Para dar brilho à memória
É manter viva a criança
Que começou a sua história

E brincar, sorrir, cantar
Não deixar a alma pequena
Para que nossa caminhada
Tenha sempre valido a pena

Até o fim ...