segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

ESPERAR OU "ESPERANÇAR"? (Hélio Cervelin)



Autor: Hélio Cervelin


"Quem espera sempre alcança", diz a sabedoria popular.  Mas, será que isso é verdadeiro?
Quase todos nós conhecemos pessoas que estão esperando alguma coisa há muito, muito tempo, e até agora não foram contempladas. Existem os que esperam por promoções ou aumentos salariais que ficam sempre na promessa; heranças que nunca chegam; causas judiciais que levam uma "eternidade" para serem decididas pela Justiça, dentre tantos outros casos. Há até os que "esperam" ganhar na loteria, mas nem sempre se lembram de comprar o bilhete ou de fazer sua aposta, ou mesmo estudar o tema para se beneficiarem.
Para escapar dessa armadilha, propomos incluir no vocabulário de nossa língua um novo verbo - já adotado por um autor que li recentemente - que é o verbo  "esperançar", o qual seria uma mistura entre esperar e "agir para que o resultado aconteça", o que daria um enfoque diferente à nossa expectativa.
Existe uma significativa diferença entre "esperar" e "esperançar". O verbo  "esperar" pressupõe uma atitude passiva, de espera, de confiança de que as coisas irão acontecer no seu devido tempo, sempre dependendo de fatores externos a nós e, de um modo geral, o resultado final será proporcionado por alguma autoridade ou mesmo alguma divindade. E isso nos passa a ideia de passividade, de paciência, de inatividade baseada na confiança de que o que está por vir virá, até mesmo sem nosso esforço, apenas nossa espera, autorizando-nos a  não interferir, a permanecer no trivial, no cotidiano, e deixando o tempo passar, porque "algum dia as coisas boas irão acontecer".
Já o verbo "esperançar" nos impele a estudar o problema nos seus detalhes, planejando, estabelecendo metas, prevendo hipóteses controversas e propondo alternativas corretivas ao longo do processo. Ou seja, agir o tempo todo para alcançar o final esperado. Não se imagina "esperançar" sem agir, sem interferir constantemente no processo, pois "esperançar" é "esperar atuando", "esperar agindo", "esperar trabalhando no campo adequado".  Não há vitória sem luta, sem engajamento, sem ataque no flanco mais favorável, com a arma mais adequada e na hora mais precisa.
ESPERAR! Talvez seja esse o maior defeito da nação brasileira ao tentar exercer sua cidadania plena. "Esperançar", ou seja, "esperar agindo", deve ser nossa meta ao exercermos nosso papel de consumidores, de cidadãos e, especialmente, de eleitores.
O verbo esperar deveria ser abandonado por completo para assumirmos de uma vez por todas o verbo "esperançar". Essa é a nossa luta, particularmente neste momento conturbado da política do pós-impeachment, em que as estruturas da economia brasileira estão sendo fortemente abaladas pelos ideais da doutrina do Neoliberalismo, estes alicerçados por fortes "cochilos" da Justiça, em que mudanças são postas "goela abaixo" da população.
Não há que se esperar, há que se "esperançar", agir! Toda hora é hora de planejar o momento adequado de agir. Sem isso, a vitória do bem comum dificilmente será alcançada. 

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