
Autor: Hélio Cervelin |
"Quem
espera sempre alcança", diz a sabedoria popular. Mas, será que isso é verdadeiro?
Quase
todos nós conhecemos pessoas que estão esperando alguma coisa há muito, muito
tempo, e até agora não foram contempladas. Existem os que esperam por promoções
ou aumentos salariais que ficam sempre na promessa; heranças que nunca chegam; causas judiciais que levam uma "eternidade" para serem decididas pela
Justiça, dentre tantos outros casos. Há até os que "esperam" ganhar na
loteria, mas nem sempre se lembram de comprar o bilhete ou de fazer sua aposta,
ou mesmo estudar o tema para se beneficiarem.
Para
escapar dessa armadilha, propomos incluir no vocabulário de nossa língua um
novo verbo - já adotado por um autor que li recentemente - que é o verbo "esperançar", o qual seria uma
mistura entre esperar e "agir para que o resultado aconteça", o que
daria um enfoque diferente à nossa expectativa.
Existe
uma significativa diferença entre "esperar" e "esperançar".
O verbo "esperar" pressupõe
uma atitude passiva, de espera, de confiança de que as coisas irão acontecer no
seu devido tempo, sempre dependendo de fatores externos a nós e, de um modo
geral, o resultado final será proporcionado por alguma autoridade ou mesmo
alguma divindade. E isso nos passa a ideia de passividade, de paciência, de
inatividade baseada na confiança de que o que está por vir virá, até mesmo sem nosso
esforço, apenas nossa espera, autorizando-nos a não interferir, a permanecer no trivial, no
cotidiano, e deixando o tempo passar, porque "algum dia as coisas boas
irão acontecer".
Já o
verbo "esperançar" nos impele a estudar o problema nos seus detalhes,
planejando, estabelecendo metas, prevendo hipóteses controversas e propondo
alternativas corretivas ao longo do processo. Ou seja, agir o tempo todo para alcançar
o final esperado. Não se imagina "esperançar" sem agir, sem interferir
constantemente no processo, pois "esperançar" é "esperar
atuando", "esperar agindo", "esperar trabalhando no campo
adequado". Não há vitória sem luta,
sem engajamento, sem ataque no flanco mais favorável, com a arma mais adequada
e na hora mais precisa.
ESPERAR!
Talvez seja esse o maior defeito da nação brasileira ao tentar exercer sua
cidadania plena. "Esperançar", ou seja, "esperar agindo",
deve ser nossa meta ao exercermos nosso papel de consumidores, de cidadãos e, especialmente,
de eleitores.
O verbo
esperar deveria ser abandonado por completo para assumirmos de uma vez por
todas o verbo "esperançar". Essa é a nossa luta, particularmente neste
momento conturbado da política do pós-impeachment, em que as estruturas da
economia brasileira estão sendo fortemente abaladas pelos ideais da doutrina do
Neoliberalismo, estes alicerçados por fortes "cochilos" da Justiça, em
que mudanças são postas "goela abaixo" da população.
Não há
que se esperar, há que se "esperançar", agir! Toda hora é hora de
planejar o momento adequado de agir. Sem isso, a vitória do bem comum dificilmente
será alcançada.
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