terça-feira, 30 de janeiro de 2018

POEMA DOS HORRORES (Mara Lúcia Bedin)


Autora: Mara Lúcia Bedin

Maldigo você, deusa do desamor e da perdição
Maldigo você, cadela no cio
Que por onde passa, exalando seu cheiro
Transforma e forma um séquito
Enlouquecido
Irracional
Zumbi estridente
Achando que está contente e valente
Querendo sorver por inteira você.

Você desdenhosa
Libidinosa
Exercendo o nefasto e enganoso poder
Os leva sorrindo
Para o fundo do abismo
E, infernal, os convence de que ali é o espaço ideal
Sem que eles percebam, nem mesmo admitam
Os elos tão fortes que  se ligam a você.

Amaldiçoo você, deusa da podridão
Que macula os amores
Afasta os amantes
Aparta-os  dos filhos,
que se tornam errantes.

Amaldiçoo você,
diabólico espectro,
Que consome o divino.
Deixando a carcaça
Que se arrasta na lama
Reverenciando você.


4 comentários:

  1. Sinto pena do cachorro loco
    Que pelo cheiro persegue e deseja
    Apenas um buraco oco

    ResponderExcluir
  2. Se usasse outros sentidos
    Acharia buracos floridos
    Quem sabe algum buraco mágico
    Ou cheio de sabedorias
    Trocaria o buraco vazio
    Por um bocado de alegrias

    ResponderExcluir
  3. Mara, na interpretação que dei ao poema, você foi primorosa na descrição.

    ResponderExcluir
  4. Uma poetisa tardia (quiçá) ou amadurecida no clã vergastado!

    ResponderExcluir