segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

UN RAGAZZO COME ME (Laércio de Melo Duarte)




Os Beatles e os Rolling Stones estão historicamente situados entre as grandes bandas norte americanas dos anos 50, negras e brancas, e aquelas que desaguaram no rock progressivo e sinfônico dos anos 70. As duas bandas são as melhores do mundo do rock de todos os tempos, ainda que possam não terem sido as mais tecnicamente perfeitas. 

Os Beatles eram mais talentosos, talvez melhor preparados e certamente muito melhor assessorados do ponto de vista mercadológico. Eles buscavam sempre o melhor resultado, fosse como exemplos certinhos para a juventude ocidental, no papel de bons moços que seriam premiados pela Rainha, fosse desempenhando o que deles a juventude rebelde mais esperava, ou seja, o comportamento quase delinquente, típico das bandas de rock. Em sua curta carreira de menos de dez anos, os Beatles produziram grandes obras primas como o divino Álbum Branco, ou a tresloucada Banda do Clube dos Corações Solitários do Sargento Pimenta, do qual eu selecionei a canção "Um dia na vida", na qual eles conseguiram montar a versão sonora do romance Ulisses, de James Joyce, além de serem acompanhados pela Sinfônica de Londres numa das mais impressionantes aventuras orgástico-sonoras da música moderna.



Quando Brian Jones fundou a banda em 1962, foi buscar seu nome numa canção do bluesman Muddy Waters: "pedras rolantes não criam musgo". Assim, os Rolling Stones já nasceram sabendo exatamente qual era seu papel. E nos seus 55 anos de estrada, continuam a desempenhá-lo com talento e brilhantismo: acariciar com ternura e dar porrada com força. Todo o sucesso inesgotável dos Stones vem desta aparente contradição, não tivesse sido inspirada pelo "blues", o ritmo escravo negro norte americano que gerou o rock-and-roll. 

   

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