segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

A MORTE E O MORRER (Delva Robles)


Autora: Delva Robles



“O corpo é um invólucro e a alma, esta, 
está ansiosa para libertar-se e voar livre”.  
Elizabeth Kubler-ross (1926-2004)

Costumo brincar que são os livros que me escolhem quando estou em uma livraria, e não o contrário. Assim aconteceu com um livro intitulado: Sobre a Morte e o Morrer, de Elizabeth Kubler-ross. Eu nunca havia ouvido sequer o nome dela, no entanto estava ali com um livro na mão que contava parte de sua história.
Pouco tempo depois, na aula magna do curso de Medicina, na UFPR, meu filho, - que era calouro - me contou que ela fora citada pelo seu pioneirismo em tratar doentes terminais.  
Médica psiquiatra, nasceu em 1926 em Zurique, na Suíça, era a  segunda  de  três  irmãs gêmeas. Fez medicina contra a vontade de seus pais e formou-se em 1957 pela Universidade de Zurique.  Quando era médica residente de Psiquiatria já se impressionava pela maneira como eram tratados os pacientes desenganados que esperavam pela morte.
Como pesquisadora estudou profundamente as diversas fases que antecedem a morte e elaborou um método para que os familiares pudessem auxiliar seus entes queridos a libertar-se do corpo físico.  
Trabalhou em campos de concentração que invadiram a Suíça na Segunda Grande Guerra Mundial. Já naquela época observou que as crianças que foram executadas nos campos de concentração, deixavam nas paredes os mesmos desenhos: borboletas que liberavam libélulas.  Deduziu que as crianças sabiam que iriam morrer e simbolizavam o corpo como a lagarta e a alma como a borboleta que saía do casulo. Tempos depois, ao trabalhar com crianças terminais, pôde comprovar sua tese.  E deixou inúmeras filmagens e escritos de seu trabalho.   
Casou-se com um americano e teve três filhos.  Ao longo de sua vida, quando era convidada a dar palestras pelo mundo todo, teve que escolher entre a família e o seu trabalho, uma maneira que seu marido achou de forçá-la a desistir de sua luta pelo bem dos doentes terminais.  Optou pelo trabalho deixando os filhos com o marido e foi viver novamente na Suíça .
Irreverente e  bem humorada, mesmo acamada, após vários enfartes e derrames, ainda questionava tudo.
Dizia que tinha apenas uma certeza após tantos anos dedicado à morte:

“O corpo é um invólucro e a alma, esta, está ansiosa para libertar-se e voar livre”.    





2 comentários:

  1. Cara colega Delva, tudo o que você relatou é o que eu penso da vida e da morte. Morte que, aliás, não existe! Esta crença está corroborada pelas tantas pesquisas feitas por essa brava senhora. Quanto ao livro procurar o comprador, não só creio nisso, como um grande Mestre que conheci prega essa tese.

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  2. Muito bom saber disso amigo Hélio. Somos escolhidos pelos livros e nem percebemos rsrsrs...

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