Este blog foi criado para postagem de textos literários da lavra de seus membros, a maioria deles principiantes. Nosso objetivo é alcançar as comunidades que fazem da literatura um ato de prazer, estimulando o hábito da leitura aos nossos visitantes/leitores no Brasil e em outras partes do mundo. Ficamos agradecidos pela sua visita. Seus comentários serão sempre bem-vindos. (vide o texto Apresentação do Grupo, postado em 2017 - outubro)

quinta-feira, 30 de novembro de 2017
Cenas natalinas ou “dezembrianas” (Nídia Nóbrega)
![]() |
Autora: Nídia Nóbrega |
Cena I
O pé dói
naquele chinelo de dedos gasto batendo no asfalto. Ou melhor, se arrastando.
Porque ainda falta um monte para chegar em casa nessa noite de cansaço e fome.
O dia
todo bateu de porta em porta pedindo emprego com sua carteira molhada de suor, mas
que comprova seu passado de trabalhadora. Depois, desanimada, só pedia serviço
em troca de diária e, no final do dia, um copo de água e restos de comida que
carregava naquela sacola insalubre, mas significativa.
No bolso
dinheiro nenhum para o transporte. E nenhuma esperança ou expectativa de que
amanhã a coisa melhore.
Nem ousa
se olhar nos reflexos das vitrines. Desgadelhada, pé encardido, chinelo gasto,
roupa azeda e descombinada. Uma figura que inspira mais medo e asco do que
compaixão.
E aquela
dor na boca do estômago junto com o bafo do bucho vazio.
Mas não é
a dor da fome. Que essa já virou náusea e depois sumiu. Mas a dor da resposta
que não terá ao chegar no barraco e ler, nos olhos das crianças, a pergunta
esperada.
A dor de
um silêncio que se abaterá por mais um dia e que varrerá para baixo da rede o
sonho não só da comida na mesa, mas de uma infância minimamente feliz.
Uma
fisgada cruel de quem não pode dar aos seus filhos uma chance de serem apenas
crianças saciadas em um dia de Natal igual ao de todos os outros, com presentes
e risos.
Eles não
cobram, não choram, nem pedem. Têm uma consciência dura da ausência real de
tudo - nem sonhos e nem infância.
Apenas
fome, solidão, desencanto e silêncio quebrado pelo barulho do chinelo do
asfalto.
Cena II
Na sala o
enorme pinheiro e sacolas e sacolas de presentes misturados com a decoração,
luzes, bolas, fitas, balões.
A
geladeira cheia de comidas, bebidas, sobremesas.
Tudo
impecável. E silencioso.
O
telefone toca e os recados se sucedem com desejos os mais variados, risadas e
brincadeiras ficam armazenados na caixa de recados.
Uma casa
cheia de ausências e silêncios.
No quarto,
deitada em sua cama linda, vestida para matar (ou morrer), segura na mão o
vidro vazio de remédios para dormir. Tomou todos. Não esqueceu nenhuma das
bolinhas milagrosas que acalmam sua raiva e desencanto.
Foram
dias de compras, convites e expectativas.
Não
esqueceu nenhum dos amigos da empresa, do clube, da academia e do bar.
Seria a
sua maior festa e exigiu tantos preparativos que esqueceu de avisar pais e
irmãos que não iria passar com eles esse ano.
Sempre a
mesma coisa, aquela ceiazinha chinfrim, sem bebida boa e aqueles pacotinhos de
lembrancinhas de um e noventa e nove lá da periferia.
Apostou
num cenário novo.
Tudo
organizado esperou... esperou... esperou... E não apareceu ninguém da sua
turma. Sequer atenderam suas ligações.
Nem o "rolinho",
cujos encontros “calientes” preenchiam todas suas noites da semana.
Nem o
chefe que emitia sinais de interesses extras.
Nem as
amigas com quem dividia suas compras e roupas sem uso.
Ninguém.
A única
presença tardia foi do corpo de bombeiros chamado por um senhor simples que
veio no meio da noite, preocupado, saber de sua filha.
Cena III
Bonitão, simpático,
mas discreto. Esse é o conceito de quem trabalha com ele.
E ateu.
Deus do céu, ser ateu inibe qualquer possibilidade de chamá-lo para participar
das festas natalinas da empresa ou dos colegas.
E ele nem
liga porque se nega a participar delas. Defende seu direito à descrença com
unhas e dentes. E não aceita ser hipócrita por conveniência.
Então,
enquanto todos comem e bebem, festejando o Natal esse cara descrente, que não
frequenta igrejas e que nunca aprendeu a rezar no orfanato onde foi criado, nem
entender de família e afetos, está se preparando para sua rotina de todo o mês.
Com uma
roupa simples, organiza seu acervo de pacotes, lota o porta malas de seu carro
e ganha as ruas.
Os
vizinhos do condomínio apostam que visitará familiares no interior.
E lá vai
ele entregando lanches e roupas novas e trocando abraços e gentilezas com os
moradores de rua por quem passa todos os dias a caminho do trabalho e que, como
ele, fazem parte do cenário invisível.
Depois,
volta em casa e pega sua segunda carga, e viaja por quase duas horas até a
cidade vizinha, onde deposita, silenciosamente, na porta de um abrigo, roupas,
brinquedos, doces e risos amanhecidos aos meninos que ali habitam.
E volta para
casa saciado, pleno, rindo. Feliz.
O
sentimento é a alegria de compartilhar. Hábito mensal de plantar esperança. A
que lhe foi negada em cada dia de Natal de sua infância.
Cena IV
Silêncio
total na casa. Num cantinho da sala um abajur faz seu papel de oferecer
iluminação sutil.
Um cômodo
com cheirinho de limpeza, mas sem nenhum tipo de decoração a não ser um
conjunto exíguo de móveis.
Na outra
peça da casa, uma cama de casal onde se aninham dois corpos que comungam um
espaço milimetricamente dividido de lençóis e cobertas.
E, entre
eles, um bebê pequeno, de poucos dias, suga todos os seus sentimentos e a
quietude de quem vela por seu sono e seu conforto.
Nada de
muitas palavras – eles apenas sorriem ao olhar aquele montinho de gente
totalmente vulnerável, mas que está protegido por uma barreira de amor
intransponível.
O
silêncio não é doloroso ou triste, mas repleto de promessas, encantamento,
felicidade, esperança, ternura.
Tudo ali
poderia ser interpretado de forma equivocada.
Mas essa
imagem é desmentida pela ternura com que aquelas mãos se unem em
torno daquele pacotinho que produz sons e mostra uma força vital imensa ao
mexer seus bracinhos, sugar com força a mamadeira, ajustar seu corpo ao espaço
que lhe cabe nessa cama.
Nenhuma árvore,
nenhuma bola colorida, nenhum pacote de presente.
Nada. Aquele
espaço só é preenchido por um significado – o amor e o encantamento com a
chegada daquele bebê.
Um
recém-chegado que significa promessa de proteção, comprometimento, cuidado e
esperança para dar razão a todas as escolhas daquelas duas vidas que
conquistaram o direito a essa adoção sem serem julgados pelo seu gênero ou
posturas. Mas que conseguiram, pela sua coerência, o direito da paternidade.
NATAL É AMOR (Áurea Wolff)
![]() |
Autora: Áurea Wolff |
As igrejas celebram o Natal e a morte de
Jesus como o centro de toda a religiosidade.
Não quero abordar o aspecto religioso do Natal,
nem falar sobre o nascimento de Jesus. Olho para a Bíblia como um livro
de história da humanidade.
O Antigo Testamento contém relatos da vida de um
povo que viveu em guerras para sobreviver às atrocidades dos tempos,
correndo atrás de vencer as lutas para recolher os despojos que eram fontes de
riquezas, de armas, e até de agasalhos e alimentos.
As terras eram adquiridas a
duras penas, no fio da espada, a liberdade de um povo sofrido pela escravidão,
buscada através de dura caminhada num deserto, sem agasalhos e sem pão. E o
Deus dos Exércitos os acompanhava e lhes dava em cada tempo a vitória e o fracasso.
As leis severas castigavam e matavam os
infratores, e recebia cada um o castigo que o Deus da guerra tinha
o poder de impor a cada um. O medo do castigo, da morte e da miséria era a
constante do povo.
As leis, os 10 Mandamentos que Moisés
gravou em tábuas de pedra, eram as orientações que este líder precisava
para colocar ordem numa nação que marchava à procura da Terra Prometida.
Era necessário ter meios de governar e
foram organizadas as famílias em grupos de doze, cada uma com seu líder e
seus auxiliares. E as leis deviam ser cumpridas. As leis diziam tudo o
que o homem não podia fazer: não matar, não roubar, não mentir, não ter
inveja, não desejar as coisas dos outros. E para cada não
cumprimento da lei o castigo, a morte, a tortura, a humilhação.
Ao ler o Antigo testamento e as gerações
que ele descreve posso vagamente tocar a distância que nos separa deste
longíncuo tempo e imaginar as atrocidades que tiravam a dignidade do homem.
E numa destas doze tribos nasce um ser
iluminado, cheio de sabedoria, que manda cumprir a lei, sim, mas de um modo
maravilhoso, único, que pode mudar o mundo: dá a cada lei um novo sentido. Não
matar, não tirar a vida é a lei. Mas não matar significa não só não tirar
a vida, significa dar vida para o irmão. Dar a vida é perdoar, é ter paciência,
é ser gentil, é dar amor, é pedir perdão, é ajudar, dividir o pão, é amar. Dar
vida é, no lugar de criticar e condenar, valorizar, incentivar, acolher.
Dar vida é, no lugar de julgar, perguntar, ser aberto o honesto consigo mesmo e
com o outro. Não roubar é a lei . É não só respeitar, é
também valorizar e ficar feliz com a conquista do irmão. O sentido
de não roubar é dividir com o irmão, é não roubar somente as coisas materiais,
mas não roubar a paz, a alegria. “Eu vim para que todos tenham vida e vida em
abundância (Jesus Cristo). É sair do Antigo Testamento, cumprindo as leis
que dão orgnização humana, para o Novo Testamento, que dá vida. A
vida que todos nós recebemos um dia. Quando foi mesmo?
Foi naquele dia, num momento de muito amor, ou
sabe-se lá, de somente tesão, de profunda comunhão ou até de solidão, mas
foi quando as duas sementinhas se uniram e lá estava eu, começando o milagre da
vida.
E naquele ninho os meus órgãos foram se formando
sem que ninguém fizesse nada, nem mesmo a minha mãe. Eu fui tomando forma, com
cabeça tronco e membros, e tudo o que necessitava para viver.
Esqueceram de algo? Não, está perfeito.
Quem disse que está na hora de buscar novos ares? Não sei, mas eu quis
buscar vida nova e saí de um lugar confortável para buscar algo melhor. E eu
continuo sendo um milagre. Cresci, andei, aprendi, falei, cantei, comi, joguei
fora o que não necessitava, amei, cada dia um novo milagre, sorri, chorei,
viajei, dormi, acordei.
Estou aqui, ainda outro milagre, com vida. Natal
é o milagre da vida. É o começo da nova maneira que Jesus veio nos ensinar a
ter para aproveitarmos tudo o que este milagre de estarmos no mundo nos
concede.
Jesus começou mostrando a simplicidade de
um nascimento com apenas o frio do tempo e o calor do amor. Com a pobreza de
bens e com a riqueza da Paz. Com a dureza da caminhada e a beleza e
doçura que rodeia os caminhos.
Natal é o Amor que veio para dar sentido ao
mundo.
Natal é Amor!
quarta-feira, 29 de novembro de 2017
CONSIDERAÇÕES EMPÍRICAS E CABOCLAS SOBRE PRODUÇÃO ORGÂNICA E ECOLOGIA (Nídia Maria de Leon Nóbrega)
Autora: Nídia Maria de Leon Nóbrega
Acocorado no canto do quadrado no fundo do rancho,
fica olhando pro monte de muda crescendo e virando planta,
cercado das flores pequenas dos trevinhos, ervilhacas,
quebra-pedra, alecrim, carqueja, macela, camomila, hortelã e outros chás que
ajudam a espantar as pragas que ameaçam as plantinhas.
Isso aprendeu ainda de novo, com a Cazuarina, uma
negrinha filha de escravo fugido, que um dia, mocinha, pediu abrigo e nunca
mais foi embora. Com ela se deitou e tiraram mais de uma dúzia de filho e
não perderam nenhum. Tudo gordo e esperto.
Nessas hora de lembrança chega a
ouvir sua voz afirmando que na horta “as coisas de comê ficam no meio e
de curá, nas berada... umas defendendo as otra dos ataque das lagarta e
dos pioio de pranta”.
E fica ali, feliz, vendo o resultado da adubação
feita antes da chuva. Pegou bosta de ovelha, de vaca e de galinha.
Misturou tudo e deixou secar ao sol. Aí juntou os restos de folhas e de cascas
de frutas e de ovo.
E a terra gorda ficou macia com aquele monte de
minhocas. As danadas parecem até cobra de tão grande.
O filho do dono das terra, chama
de “vermes” e fica ali torrando o saco e dizendo que não
é saudáver.
E fez cara de nojo quando ele contou
que aquela verdurama toda bunita, os tomate,
as abobrinha, as vage, o feijão, as moranga,
cenoura, nabo, quiabo e tudo o que vai pra casa dele na cidade é
adubado com bosta.
E ainda repetiu “ bosta” enchendo bem a boca prá
provocar o bundão enjoado, que ficou fazendo descurso e
recomendando produto de agropecuária.
Mal sabe o rapazinho que os produto da
loja matam as minhoca e os bichinho que
defendem a plantação. Quando dá pobrema por causa do
estio ou de muita chuva, pega os resto de fumo em rama,
faz uma garrafada com álcool de cana feito em casa e passa nas planta e tudo se
ajeita.
Veneno de loja acaba com os passarinhos e com os
peixes que moram no açude de baixo e recebe a água da chuva que desce pelo
pasto.
No início das conversa inda tentava
explicar pro menino... aí recebeu umas ofensa de que anarfabeto
e inguinorante ficá plantando que nem os índio e
os bugre...aí entendeu que era mió se recoiê a
sua insiguinificança.
Se a nega véia ainda fosse viva
ia dar resposta na hora, que nem coice de porco. Mas deixa está que
um dia o vento muda.
E fica lá, fumando seu paiêro, olhando
a horta e as arve de fruta do quintal. Tudo grada,
suculenta e doce. E dá tanto que os de casa, osvizinho e os passarinho se
divide e ainda sobra pros porco e pras vaca de leite.
Outro dia, na reunião do assentamento que fica do
lado da fazenda do patrão, um cara da cidade falou de agricultura orgânica e
que as produção feita assim - sem veneno, são muito procurada
porque são mió de qualidade e tem bom preço.
Voltou rindo solito, que nem bêbu...
Se bem que entendeu bosta é bom e dá dinheiro.
PRECE EM SÚPLICA (Hélio Cervelin)
AUTOR: HÉLIO CERVELIN
Amparai, Senhor, os idosos, as viúvas e todas as pessoas carentes de amor;
Protegei, Senhor, as crianças, tão
frágeis e pequeninas;
Protegei, Senhor, as mães, tão ciosas
de seus deveres e tão preocupadas com o destino de seus filhos;
Protegei, Senhor, os pássaros, tão
singelos, as flores, tão belas, as fontes de água e todos os animais da
Terra;
Protegei, Senhor, as mulheres e todas
as pessoas em perigo;
Protegei, Senhor, todos os homens que
lutam pela sua sobrevivência e a de suas famílias;
Protegei, Senhor, os jovens,
livrando-os das tentações mundanas que põem em risco suas vidas e sua saúde;Amparai, Senhor, os idosos, as viúvas e todas as pessoas carentes de amor;
Amparai, Senhor, todas as pessoas doentes e
necessitadas de cura;
Amparai, Senhor, todos os que vivem em perigo;
Inspirai, Senhor, nossos líderes, nossos governantes
e nossos cientistas,
Para que as guerras terminem,
Para que a fome se acabe,
Para que a paz se instale em todos os corações
Purificai, Senhor, o coração dos maus.
Para que se livrem da ganância e do egoísmo
E deem lugar à caridade em suas ações
Perdoai, Senhor, nossas fraquezas
Nossos deslizes
Nossa ignorância
Acolhei-nos, Senhor, como o pai que acolhe o filho
pródigo,
Com bondade infinita.
terça-feira, 28 de novembro de 2017
O QUERER (Elizete Menezes)
Autora: Elizete Menezes
O conhecimento foi o que me restou, entre tantas coisas que aprendi. Aprendi a me tornar capaz, com desejos ardentes e com a suave interação de querer. Foi aí que comecei a bisolhar o ser humano com mais carinho e atenção. E ser capaz de reter informações tantas vezes me fazendo acreditar no desapego, me fazer forte com a ausência e querer me tornar uma pessoa sem compromisso com as lágrimas das lembranças...
segunda-feira, 27 de novembro de 2017
ÁGUAS PARA A PAZ SOCIAL E PESSOAL. (Laércio de Melo Duarte)
![]() |
AUTOR: Laércio de Melo Duarte |
Está sendo realizado em Florianópolis (SC) o 22º Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos. O foco do evento está no tema Ciência e Tecnologia da Água, particularmente na inovação e oportunidades para o desenvolvimento sustentável do Brasil e do mundo.
Na mensagem de abertura do Simpósio, a Comissão Organizadora divulgou a seguinte declaração: "Nos anos recentes, o Brasil vem vivenciando severas crises relacionadas à água. Curiosamente, parece haver uma sincronia para não nos deixar esquecer que precisamos melhorar nossos processos de gestão, que precisamos ampliar e qualificar nossa infraestrutura hídrica, que precisamos fortalecer ainda mais nossos instrumentos de gestão e qualificar os atores nesse ambiente. Se a crise do Cantareira em São Paulo perdeu fôlego em 2015, na região nordeste do país, no centro-oeste e em outras áreas, ela se intensificou. Intercalados com a escassez, ainda tivemos episódios de desastres, como o de Mariana, que geraram enorme comoção pela sua amplitude e intensidade de danos."
O ambiente de "crise" não poderia ser mais propício para o convidado que fez a palestra de abertura, neste último domingo. Janderson Fernandes, mais conhecido como Sri Prem Baba nasceu de uma família de classe média/baixa paulistana. Reconhecido aos 36 anos por seu guru, Maharaj Ji, na Índia, como mestre da ancestral linhagem Sachcha, Prem Baba tem atualmente milhares de discípulos espalhados por vários países. Janderson, para encontrar Prem Baba dentro de si mesmo, percorreu uma longa jornada. Teve infância e adolescência contestadoras. Adulto, provou vários caminhos espirituais e terapêuticos na sua busca pelo conhecimento da divindade que habita todos os seres e o sentido da vida. Janderson encontrou na psicologia uma ferramenta importante para entender as terapias de cura do corpo e da alma. Aprofundou-se nesse conhecimento por muito tempo. Fez diversas formações e tornou-se um terapeuta reconhecido. A maestria recebida por Prem Baba da linhagem espiritual não o afastou do mundo cotidiano. Prem Baba tenta colocar seus potenciais e seu conhecimento à serviço da Humanidade como um todo, e do Brasil em particular. Neste sentido, tem uma intensa agenda de compromissos em eventos que discutem a melhoria da qualidade de vida no Planeta, desde o processo de transformação pessoal até a abertura de novas janelas de mudanças de paradigmas sociais e econômicos.
Da palestra de Prem Baba eu saquei nove reflexões para mim mesmo, ou seja, não quero dizer que estas tenham sido afirmações dele na mais de uma hora que falou ao público. Quero dividi-las com vocês.
1) A Água sempre foi guia precursora da atividade humana no Planeta. As cidades e aglomerações se colocavam junto aos rios e mares. Com a desmedida expansão urbana, perdeu-se esta conexão. Os consumidores de hoje só conhecem a Água como um recurso que sai das torneiras nos centros urbanos.
2) Em algum momento vai faltar água, isso é uma certeza da civilização moderna. O recurso Água é finito e se imagina que a eficiência na distribuição e consumo, talvez sejam a única forma de evitar essa tragédia.
3) A falta nos ensinaria a compartilhar. Israel e Palestina, por exemplo, superaram suas diferenças e estão compartilhando a pouca água existente.
4) A carência hídrica fez surgir um novo conceito econômico: FABRICAR ÁGUA. Isto significa proteger as nascentes, novas tecnologias de produção e consumo consciente, mas exige também grandes mudanças culturais. Tudo começa com mudanças pessoais, para que sejam criadas as oportunidades de mudanças coletivas estruturais.
5) Grandes corporações transnacionais, prevendo a carência, tentam induzir o conceito de Água como commoditie. Isso seria um risco para o desenvolvimento humano. Significaria a privatização das fontes de captação atuais e de recursos que serão usados no futuro, como o Aquífero Guarani.
6) As águas estão mostrando a direção para a evolução civilizatória. A Humanidade deveria perguntar à Água: "Como eu posso lhe servir, para que você possa me servir?". O elemento Água mostraria que é necessário não apenas mudanças no padrão de consumo, mas também mudar a visão da água como simples produto. A Água também é condutora da nossa evolução emocional, a partir da consciência de nossas carências espirituais e amorosas. É o elemento de condução das ondas emocionais.
7) A crise hídrica nos mostra a necessidade de uma nova revolução pessoal. O encontro do Elo perdido que junta Matéria e Espírito. Para além das crenças limitantes, dogmas religiosos e científicos. O encontro da Espiritualidade com a Matéria exige auto transformação na direção do Amor Incondicional. Este estado amoroso implica no rompimento do ciclo vicioso do sado-masoquismo pessoal e social: DOR+MEDO+ÓDIO+VINGANÇA = Infelicidade .
Este rompimento passa necessariamente pelo auto conhecimento, o qual deveria ser política pública e ensinado nas escolas, senão a destruição será inevitável.
8) O Patriarcado gerou heranças muito doloridas, mas o reencontro do Feminino não passa pelo combate ao Masculino, e sim na conciliação entre as duas energias. O masculino é o poder da ação. O ato de plantar a semente, enquanto a energia feminina está na geração da planta. A contaminação destas duas forças pelo ódio compromete a qualidade da produção.
9) Todas as coisas precisam encontrar sua alma. Uma empresa ou uma pessoa, uma família ou um sistema. A água também precisa de Alma, assim como a Paz. As três falam a mesma língua. A língua do Amor.
Da palestra de Prem Baba eu saquei nove reflexões para mim mesmo, ou seja, não quero dizer que estas tenham sido afirmações dele na mais de uma hora que falou ao público. Quero dividi-las com vocês.
O ELEMENTO ÁGUA COMO INDUTOR DO DESENVOLVIMENTO PESSOAL E PLANETÁRIO.
2) Em algum momento vai faltar água, isso é uma certeza da civilização moderna. O recurso Água é finito e se imagina que a eficiência na distribuição e consumo, talvez sejam a única forma de evitar essa tragédia.
3) A falta nos ensinaria a compartilhar. Israel e Palestina, por exemplo, superaram suas diferenças e estão compartilhando a pouca água existente.
4) A carência hídrica fez surgir um novo conceito econômico: FABRICAR ÁGUA. Isto significa proteger as nascentes, novas tecnologias de produção e consumo consciente, mas exige também grandes mudanças culturais. Tudo começa com mudanças pessoais, para que sejam criadas as oportunidades de mudanças coletivas estruturais.
5) Grandes corporações transnacionais, prevendo a carência, tentam induzir o conceito de Água como commoditie. Isso seria um risco para o desenvolvimento humano. Significaria a privatização das fontes de captação atuais e de recursos que serão usados no futuro, como o Aquífero Guarani.
6) As águas estão mostrando a direção para a evolução civilizatória. A Humanidade deveria perguntar à Água: "Como eu posso lhe servir, para que você possa me servir?". O elemento Água mostraria que é necessário não apenas mudanças no padrão de consumo, mas também mudar a visão da água como simples produto. A Água também é condutora da nossa evolução emocional, a partir da consciência de nossas carências espirituais e amorosas. É o elemento de condução das ondas emocionais.
7) A crise hídrica nos mostra a necessidade de uma nova revolução pessoal. O encontro do Elo perdido que junta Matéria e Espírito. Para além das crenças limitantes, dogmas religiosos e científicos. O encontro da Espiritualidade com a Matéria exige auto transformação na direção do Amor Incondicional. Este estado amoroso implica no rompimento do ciclo vicioso do sado-masoquismo pessoal e social: DOR+MEDO+ÓDIO+VINGANÇA = Infelicidade .
Este rompimento passa necessariamente pelo auto conhecimento, o qual deveria ser política pública e ensinado nas escolas, senão a destruição será inevitável.
8) O Patriarcado gerou heranças muito doloridas, mas o reencontro do Feminino não passa pelo combate ao Masculino, e sim na conciliação entre as duas energias. O masculino é o poder da ação. O ato de plantar a semente, enquanto a energia feminina está na geração da planta. A contaminação destas duas forças pelo ódio compromete a qualidade da produção.
9) Todas as coisas precisam encontrar sua alma. Uma empresa ou uma pessoa, uma família ou um sistema. A água também precisa de Alma, assim como a Paz. As três falam a mesma língua. A língua do Amor.
domingo, 26 de novembro de 2017
MEU LUGAR (Wanderley Costa)
Autor: Wanderley Costa
Ponha a mão na minha mão... Lembrei-me de um canção... Meu coração, neste exato momento está cheio de amor e compaixão. Sinto a alegria leve e solta visitar meu ser, e como mágica todos os caminhos se abrem a ele. Poderia estar na Grécia, em Veneza, no Marrocos, no Nepal, em Copenhagen, em Manaus com seus Igarapés, enfim em qualquer lugar, porque estou aqui no meu cantinho feliz e agradecido. O dia está lindo, a luz e o calor do sol pulsam em mim. Me teletransportar a qualquer lugar e com quem eu imaginar se faz simples e prazeroso. Minhas roupas, assim como minha pele, se tornam translúcidas e no entrever do outro vejo tudo com a pureza da clareza. A expectativa frustrante de idealizações inglórias se torna pálida e desbotada, e o viver presente em cores e sensações indestrutíveis. Ouço um toc toc em minha alma/porta, e num sorriso confiante me abro a ela e a todas infinitas possibilidades do amor e da felicidade. A energia da coragem perpassa minhas veias e num sobressalto me faço e me refaço em novo e esperanço ser, capaz de romper limites inimagináveis para vivenciar o apogeu de se estar vivo e exuberantemente feliz, simples assim. Colher uma maçã, dar um mergulho no mar, sorrir em resposta à criança que lhe sorri também, se aquecer ao calor do sol, são experiências banais, mas poderosas, que me teletransportam a todos aqueles e a estes lugares. E vestido assim com a roupa do agora me lanço confiante aos braços do viver. Aqui, sem dúvida é o meu lugar.
ANOITECER (Elizete Menezes)
Autora: Elizete Menezes
Anoitece nesta cidade desconhecida. E eu, aqui, vendo o
orvalho que cai, gota a gota. Cidade enfeitada de luzes. Uma grande festa se
aproxima, e meus pensamentos me reportam ao tempo de criança, onde eu morava
numa rua de terra batida e sem luz. O que eu avistava ao anoitecer era o
céu estrelado a brilhar. E, no silêncio da noite, via as galinhas se recolherem
ao galinheiro; o cavalo a se abrigar na baia, e os outros animais, também. Na
chegada da noite, cada qual sabia seu lugar, e para lá se dirigia, sem
necessitar de ajuda.
O dia
amanhece com cheiro de terra úmida e o perfume das belas flores. Ali estava uma
criança feliz à espera da mais bela festa que se aproximava, e que
contava os dias para que o bom velhinho ali viesse com seu saco abarrotado de
presentes, e em sua árvore os deixasse.
Agora
aqui estou a recordar, num sofá de hotel da criança que existiu num passado
remoto. E meus pensamentos vagam nesse lugar, nessa cidadezinha cheia de
encantos, trazendo o anoitecer, com suas luzes a brilhar e seu céu estrelado,
que ao meu passado reportou-me...
É a festa
de Natal que hoje me traz as lembranças do meu tempo de criança.
Lugar de
águas termais, carregado de encantos. E no descanso, me encontro com
um passado cheio de lembranças de criança.
A saudade
bate forte. É hora do meu encontro com a criança que lá atrás a deixei...
E aqui
estou, feliz e saudosa, a mergulhar no espaço que por um instante vagou entre
as estrelas.
sábado, 25 de novembro de 2017
A ESPERANÇA EQUILIBRISTA (Mara Lúcia Bedin)
Autora: Mara Lúcia Bedin
Era 1979, ano de grandes mudanças políticas no Brasil. Foi
aprovado no Congresso Nacional um projeto de lei de anistia aos condenados por supostos crimes políticos praticados na ditadura militar. A anistia foi ampla, geral e irrestrita, depois de uma longa campanha popular. Eu era estudante da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), e assistia daquele palco privilegiado as manifestações de "boas vindas" a muitos dos exilados políticos que finalmente voltavam ao país. O aeroporto
internacional do Galeão, hoje Tom Jobim, localizado na ilha do
Governador, era de fato a principal porta de entrada dos nossos expatriados, recém
anistiados. A proximidade do Campus Universitário propiciava o
deslocamento dos alunos; daqueles mais politizados, para recepcionar
os ilustres personagens. Vivíamos a promessa da concretização
da abertura política, que se manifestava na chegada destes homens e destas
mulheres. Na UFRJ era comum que um colega, ou outra pessoa qualquer,
comunicasse de repente a chegada dos desterrados famosos. A noticia corria de
boca a boca e, à medida que esta se espalhava, os alunos se dirigiam ao evento.
A chegada de Luis Carlos Prestes em 20 de outubro impressionou enormemente pela
multidão que o aguardava. O aeroporto, como sempre, já estava
lotado por militantes de organizações políticas, incluindo importantes sindicatos de várias categorias de trabalhadores. As
pessoas se apertavam na multidão, já apertadas que estavam pela emoção, lado a lado, buscando
um melhor lugar para poder avistar o notável que estava por chegar. Não podiam
avançar muito, porque os acompanhavam com relativa proximidade um corredor
formado pela Polícia Militar com seus
escudos transparentes, com suas botas, capacetes, cassetetes e coisas assim. Estavam lá as duas distintas massas humanas, frente a frente. O Galeão
cheio, praticamente lotado, e o aparato policial montado causava um grande frisson.
Um dos grupos esperava por Prestes; e o outro aguardava o momento oportuno para intervir, diante de algum movimento de
descontrole por parte das lideranças dos primeiros; era grande o risco de serem soltos os cães; assim como os cassetetes e outras armas entrarem em ação. Os minutos seguiam tensos. Diante do medo que se intensificava, o povo cantava o Hino
Nacional, de braços dados. Percebia-se os peitos arfando, e
na expressão do rosto de cada um, a sensação de ser parte da história que se estava desenhando. Talvez por
sentirem-se assim mais "brasileiros" e de estarem vivendo conjuntamente aquele momento de
conquistas tão importantes.
De repente alguém anuncia: “--- é ele! Chegou!".
Prestes foi o maior líder comunista da história do Brasil. Originalmente tenente do exército no RS, liderou a revolta de parte de seus camaradas de armas e iniciou sua famosa Coluna Prestes, percorrendo 25 mil quilômetros pelo interior do Brasil, em revolta contra a República montada pelos grandes produtores rurais que a comandavam. Depois passaria a maior parte de sua vida no exílio, comandando de lá o seu Partido Comunista Brasileiro. Finalmente esta liderança tão importante voltava para casa.
Os dois grupos se agitam. A multidão gritava o nome dele e
há um momento de grande excitação. A turba se comprime para entrar no
aeroporto, o burburinho cresce. A polícia se coloca na postura! Dentro do
aeroporto alguém, por acaso ou intencionalmente, para abafar o som produzido
pela massa, aumenta o volume da música ambiente do recinto. Tocava naquele
momento a canção "O Bêbado e a Equilibrista", na voz Elis Regina, composta por Aldir Blanc e
João Bosco, poema que cita a volta do Betinho, “o irmão de Henfil”, assim como homenageia “...Marias e Clarices”, em referência às esposas dos militantes que forram morto na prisão, como o jornalista Wladimir Herzog no ano de 1975. O som da canção ressoava alto no saguão e tomou conta do espaço, fazendo com que o povo que esperava
no lado de fora conseguisse ouvi-la perfeitamente.
Então as vozes dos presentes
se somaram à de Elis. Formou-se um canto uníssono lindíssimo, nítido e forte, expressando a esperança de todos no futuro do país, de um Brasil mais "brasileiro",
enquanto Prestes era conduzido nos braços da multidão. Foram momentos
encharcados de comoção até às lagrimas, porque todos ali presentes, independentes
de suas ideias políticas, demonstravam que tinham o mesmo anelo; a liberdade de
pensar, falar e decidir o futuro do Brasil.
sexta-feira, 24 de novembro de 2017
O QUE ESTÁ ACONTECENDO? (Laércio de Melo Duarte)
Autor: Laércio de Melo Duarte
Já que todo mundo está opinando, não vou deixar passar em branco. O que está acontecendo no Brasil é o que sempre aconteceu. Temos uma elite sanguinária, que olha para a Europa e os Estados Unidos com olhos encantados e volta as costas para nosso país e nossos vizinhos. O Brasil perdeu todas as oportunidades de avançar para a civilização. Mais de 40 anos depois do golpe de 1964, quando a maioria de nós ainda éramos crianças, os problemas básicos da nação continuam os mesmos. Má distribuição de renda, economia baseada na produção agrícola concentrada (primeiro no café, depois na soja). Atraso tecnológico, apesar de sermos um dos mercados mais criativos do mundo. A nossa automação eleitoral não tem paralelo, assim como temos a melhor automação bancária. Quem já viajou pelos países ditos avançados sabe do que estou falando. Eu militei toda minha vida para mudar o Brasil, perdi chances de ficar rico em postos de direção nas grandes empresas em que atuei, tomei cachaça várias vezes com Lula e os comandantes da esquerda. Mas, quando chegamos ao poder, em aliança contaminada, não fizemos nada diferente do que fez a velha direita convencional. Agora, um "velho" com quase 67 anos, continuo ativo e atuando pelo bom futuro de nossos filhos e netos. Não penso em mim. Eu canto, "por que o instante existe e minha vida está completa" (Cecília Meireles).
quinta-feira, 23 de novembro de 2017
NOVO MODELO DE VIDA (Delva Robles)
Autora: Delva Robles
Minimalismo foi um movimento que atingiu todas as formas de artes em diversos momento do século XX. O princípio era usar o emprego do mínimo essencial ou reduzir os elementos ao mínimo essencial. Já como comportamento é uma consciência do consumo exagerado e desnecessário de coisas.
Combater o desperdício e ostentação em todos os sentidos, como nas roupas, carros e casas. As coisas que você possui acabarão por possuí-lo diz o minimalismo. Na linha filosófica se identificam com os Estóicos, escola filosófica da Grécia antiga e surgida no século 4 a.c. que definia a felicidade como objetivo central, vida simples e em harmonia com a natureza. O Sábio é feliz por definição diz o Estoicismo.
Casas devem ser medidas por pés quadrados e não metros quadrados e assim serão pequenos espaços ocupados somente com o essencial. Desapegar de todas as nossas inutilidades, tranqueiras, limpar as gavetas das escrivaninhas e das cômodas, das pias dos banheiros, da nossa despensa, da área de serviço. Evoluir para nosso guarda roupa e sapatos, o ideal segundo alguns deles é ficar com algo em torno de 30 peças entre sapatos, roupas, bijuterias, etc... e doar tudo o que não usamos, inclusive móveis e quando ficarmos apenas com o essencial... teremos de acordo com os minimalistas +tempo, + espaço, + energia, além de não sermos definidos pelo que possuímos, as pessoas serão mais importantes que as coisas, lema central do Minimalismo..
Não posso deixar de concordar com eles e diante disso ter um novo olhar para o consumismo, desperdícios e excesso de coisas em minha vida.
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