Autora: ÁUREA ÁVILA WOLFF
Era uma
vez uma escola onde os alunos aprendiam a usar barcos de papel para realizar
suas viagens literárias. Cada aluno trazia na bagagem pedaços de esperança,
pedras, lápis, folhas secas, galhos de árvores, flores, recolhidos na caminhada
da vida. A professora orientava seus alunos a amarrar com fios dourados e
coloridos as velas dos barcos. A classe toda embalada pelo som de belas músicas
balançava navegando pelo mar da fantasia e das lembranças que cada um trazia guardada
em seus segredos de navegador. Ventos anunciaram possíveis tempestades deixando
os tripulantes atentos, mas esperançosos de que os ventos mudassem de rumo. Mas, ela surge com toda a força da razão, atingindo os barcos, derrubando as velas. Todos
tentam se proteger da ventania, agarrar-se nas beiradas, mas a estrutura das
embarcações é frágil, se rompe e de repente estão todos dentro do oceano que
envolve uns com as ondas da surpresa, outros da angústia e do desencanto. Não tem mais barcos, não existem velas. Cada um nada
desesperadamente para chegar em algum lugar.
Silêncio - medo - expectativa - espera - nadando no mar revolto da
tempestade. Uma fogueira brilhando na praia atrai os sobreviventes. E os
náufragos vão chegando, com as roupas molhadas, os sonhos embaralhados, mas
vivos. E olhando para os lados viram que não estavam sozinhos. Muitos tinham
chegado, atraídos pela luminosidade das ideias, e se aqueciam com o calor da
fogueira da esperança que dizia a todos que podiam continuar a viagem e reconstruir
barcos diferentes, mas que permitissem aos navegadores chegar ao seu destino de criadores
literários.
A tempestade se acalma. A Acojar é o rumo. A Acojar acolhe. Reunidos,
os sobreviventes se entusiasmam com as manhãs de sol e decidem esquecer a tempestade,
valorizar e fortalecer os fios dourados que envolveram os alunos desta escola e
usar todo o seu tempo para construir novas embarcações, baseadas no trabalho, no
companheirismo e com muito amor ajudando uns aos outros.
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