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Autora: Áurea Wolff |
As igrejas celebram o Natal e a morte de
Jesus como o centro de toda a religiosidade.
Não quero abordar o aspecto religioso do Natal,
nem falar sobre o nascimento de Jesus. Olho para a Bíblia como um livro
de história da humanidade.
O Antigo Testamento contém relatos da vida de um
povo que viveu em guerras para sobreviver às atrocidades dos tempos,
correndo atrás de vencer as lutas para recolher os despojos que eram fontes de
riquezas, de armas, e até de agasalhos e alimentos.
As terras eram adquiridas a
duras penas, no fio da espada, a liberdade de um povo sofrido pela escravidão,
buscada através de dura caminhada num deserto, sem agasalhos e sem pão. E o
Deus dos Exércitos os acompanhava e lhes dava em cada tempo a vitória e o fracasso.
As leis severas castigavam e matavam os
infratores, e recebia cada um o castigo que o Deus da guerra tinha
o poder de impor a cada um. O medo do castigo, da morte e da miséria era a
constante do povo.
As leis, os 10 Mandamentos que Moisés
gravou em tábuas de pedra, eram as orientações que este líder precisava
para colocar ordem numa nação que marchava à procura da Terra Prometida.
Era necessário ter meios de governar e
foram organizadas as famílias em grupos de doze, cada uma com seu líder e
seus auxiliares. E as leis deviam ser cumpridas. As leis diziam tudo o
que o homem não podia fazer: não matar, não roubar, não mentir, não ter
inveja, não desejar as coisas dos outros. E para cada não
cumprimento da lei o castigo, a morte, a tortura, a humilhação.
Ao ler o Antigo testamento e as gerações
que ele descreve posso vagamente tocar a distância que nos separa deste
longíncuo tempo e imaginar as atrocidades que tiravam a dignidade do homem.
E numa destas doze tribos nasce um ser
iluminado, cheio de sabedoria, que manda cumprir a lei, sim, mas de um modo
maravilhoso, único, que pode mudar o mundo: dá a cada lei um novo sentido. Não
matar, não tirar a vida é a lei. Mas não matar significa não só não tirar
a vida, significa dar vida para o irmão. Dar a vida é perdoar, é ter paciência,
é ser gentil, é dar amor, é pedir perdão, é ajudar, dividir o pão, é amar. Dar
vida é, no lugar de criticar e condenar, valorizar, incentivar, acolher.
Dar vida é, no lugar de julgar, perguntar, ser aberto o honesto consigo mesmo e
com o outro. Não roubar é a lei . É não só respeitar, é
também valorizar e ficar feliz com a conquista do irmão. O sentido
de não roubar é dividir com o irmão, é não roubar somente as coisas materiais,
mas não roubar a paz, a alegria. “Eu vim para que todos tenham vida e vida em
abundância (Jesus Cristo). É sair do Antigo Testamento, cumprindo as leis
que dão orgnização humana, para o Novo Testamento, que dá vida. A
vida que todos nós recebemos um dia. Quando foi mesmo?
Foi naquele dia, num momento de muito amor, ou
sabe-se lá, de somente tesão, de profunda comunhão ou até de solidão, mas
foi quando as duas sementinhas se uniram e lá estava eu, começando o milagre da
vida.
E naquele ninho os meus órgãos foram se formando
sem que ninguém fizesse nada, nem mesmo a minha mãe. Eu fui tomando forma, com
cabeça tronco e membros, e tudo o que necessitava para viver.
Esqueceram de algo? Não, está perfeito.
Quem disse que está na hora de buscar novos ares? Não sei, mas eu quis
buscar vida nova e saí de um lugar confortável para buscar algo melhor. E eu
continuo sendo um milagre. Cresci, andei, aprendi, falei, cantei, comi, joguei
fora o que não necessitava, amei, cada dia um novo milagre, sorri, chorei,
viajei, dormi, acordei.
Estou aqui, ainda outro milagre, com vida. Natal
é o milagre da vida. É o começo da nova maneira que Jesus veio nos ensinar a
ter para aproveitarmos tudo o que este milagre de estarmos no mundo nos
concede.
Jesus começou mostrando a simplicidade de
um nascimento com apenas o frio do tempo e o calor do amor. Com a pobreza de
bens e com a riqueza da Paz. Com a dureza da caminhada e a beleza e
doçura que rodeia os caminhos.
Natal é o Amor que veio para dar sentido ao
mundo.
Natal é Amor!
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