Autor: Hélio Cervelin
Já estava cansado daquela paisagem sombria do inverno onde parece predominar o triste silêncio do recolhimento, da compunção, do arrependimento.
A mata despojada, as folhas caídas
rolando pelo chão ao sabor dos ventos, os galhos das árvores expostos
como que de braços abertos pedindo socorro, abrigo e proteção traduzem
uma imagem que até certo ponto nos induz à desolação. Essa ausência de cores nos faz pensar
no silêncio, na prostração. Tudo ao redor parece ter-se recolhido para
uma reflexão profunda, despojada de encantos e ostentação, humildemente
consternada nessa reclusão imposta pela natureza.
Mas, setembro chegou!
Vejo, enfim, surgir a primavera, com
sua promessa de dias amenos, melodiosos e multimulticoloridos. Não são apenas
as flores, como as orquídeas, violetas, crisântemos, jasmins, rosas e tantas
outras de inumeráveis espécies que se apresentam em suas vívidas e variadas
cores. Também os demais seres da Terra ressurgem, parecendo renascer,
alegremente, saídos não se sabe de onde.
Os pássaros e os tantos outros
animaizinhos voadores da floresta parecem comemorar com seus voos,
cânticos, saltos e zumbidos o alvorecer da nova estação. O perfume está no ar. Rios, cascatas
e cachoeiras comemoram alegremente, com a melodiosa harmonia de suas águas que
correm. A vida parece ter começado agora o seu despertar para a eternidade. É a
estação das flores, perfumes e sorrisos.
Na verdade, trata-se mesmo de um
recomeço, como em tudo na natureza, incluindo nossas vidas, que são feitas de
eternos recomeços.
É impossível negar: a primavera é a
mais encantadora das estações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário