segunda-feira, 13 de novembro de 2017

MARITACAS (Maria Leonilda Rossi)


Autora: Maria Leonilda Rossi

Primeiro veio uma, depois outra, mais outra e assim, aos poucos, a notícia se espalhou. Acho que a família, agregados, amigos, todos já sabiam do fato.
Afinal, em tempos difíceis não se poderia deixar de lado aquele endereço. E minhas lichias alimentaram as maritacas naquele verão. No princípio, em meu egoísmo, pensei que não sobraria nada para mim, minha família ou os vizinhos que as olhavam com olhares curiosos, pois lhes era desconhecido o fruto vindo de terras chinesas. E, convenhamos, os bichinhos não têm feirinha ou supermercado para se abastecer. Mas a árvore frondosa, generosa, tinha frutos para todos, já na primeira safra. Os do alto para elas, as de baixo para nós. 

E assim aconteceu, e continua acontecendo; temos os barulhentos psitacídeos vestidos de verde, que, saindo em revoadas, enfeitam nossas tardes de verão
quando vão à busca de um lugar para repousar e recomeçar no dia seguinte seu lanche matinal.

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